∵A MAGIA DO PORTAL∵

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∵Capítulo 5∵

A cesta estava confortável. O único som do ambiente eram os grilos e o leve zumbido de inseto vindo das cuias nos galhos. Aby se sentia mortalmente cansada e sonolenta, então o que justificava ela ter acordado tão de repente?

Tentou dormir novamente, mas assim como na noite passada, a sensação de inquietude percorria todo seu corpo, e pedia com insistencia para que ela se levantasse.

Não, não podia — não queria — levantar, tinha feito isso antes e veja só em que perigo se meteu. Mal concluiu o pensamento e percebeu que estava no bosque das ninfas. Nada iria acontecer alí, não é? Nada de dakermon. A inquietude cresceu, pedindo que se apressasse em decidir, e num impulso, Aby pulou para fora de sua cesta, quase caindo quando ela foi para trás com o movimento. Olhou em volta, ninguém se mechera. Ia ser só uma volta, pensou, usando a mesma frase da noite anterior.

❁∽❁∽❁∽❁

Tendo deixado clareira para trás a algum tempo, Aby abandonou a trilha de pedras e caminhou entre as árvores, a lua cheia sempre seguindo atrás de sí. A luz esverdeada que cintilava em algum lugar acima também ajudava um pouco na hora de escolher o caminho mais seguro, e ainda que se sentisse curiosa sobre a origem daquela luz, estava mais concentrada em tentar entender o que lhe causava aquela insônia. Seria saudades de casa? Aby sentia, claro, mas não tanta assim, não fazia nem uma semana que estava fora de casa. Descartou essa possibilidade enquanto abafava um bocejo com a mão.

Depois de um tempo, árvores começaram a rarear e ela acabou em uma clareira circular de tamanho médio. Uma das salas das ninfas, pensou, um pouco apática. Sob a grama bem cortada e vistosa, pequenos globos de vidro, cujo o interior estava cheio de pontos luminosos verdes e dançantes iluminava o local, e no centro do lugar... um arco de raizes e folhas rústico que parecia ter a sua altura. Não, era maior — duas vezes maior — e emanava um poder magnético.

Caminhou direto para lá. O arco era ainda mais imprecionante de perto, as raizes grossas não estavam entrelaçadas de qualquer jeito, pareciam ter sido trançadas em um padrão intricado, estava entalhado com várias runas que não fazia idéia do significado.

O troço puxava com insistência e Aby não conseguiu evitar andar até lá. Era como estar sonâmbula ou como imaginava ser a sensação, mas... quando deu por sí, já estava a atravessá-lo. Nada aconteceu, mas o puxão, agora que estava do outro lado, tinha se convertido em repulsão, como o polo negativo de um imã.

Enquanto tropeçava para trás se deu conta do que era aquele arco. O Portal. O maldito Portal. Graças a Luz estava desligado ou sabe se lá onde ela estaria um hora dessas. Esse troço devia ter uma fita de insolação!

Xingava o portal de todos os palavrões que conhecia quando ouviu um galho estalar a suas costas. Droga! Aby alcançou a primeira arma em seu alcançe, um dos globos do chão, e se preparou. Estava acontecendo de novo...! Não, tinha que pensar de maneira racional, não tinha como um dakermon entrar no bosque. Não. Tinha que ser uma ninfa ou um dos aprendizes. E desses todos ela preferia que fosse um aprendiz. Sim... e de preferência o Eliot! Bem que ele merece ter a cabeça golpeada!

Mas tudo que conseguiu foi liberar uma nuvem de vagalumes bem na sua cara. Eles pousavam em sua pele, se enroscavam no cabelo e zumbiam em seu ouvido. Aby ficou sem ar, começou a dar tapas na própria cara e assanhar o cabelo como uma maluca. De onde saíram esses desgraçados...?! claro! Da droga do vidro! Pena que essa informação não lhe ajudou em nada. Estava esparramada no chão estapeando o ar aos gritinhos quando Núbia saiu de dentro da mata gritando.

— Pelo Guardião, aguentaí que que vou lhe salvar!!!

Aby mal viu quando Núbia arrancou uma das tiras de pano de uma das árvores e golpeou os insetos luminosos de cima dela.

Feiticeira da Luz - Fronteira de Espinhos I - Ama OliverOnde histórias criam vida. Descubra agora