2: O prédio

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CAPÍTULO 2-O PRÉDIO

O que o prédio era por fora não era por dentro: Paredes recobertas pelo musgo, com rachaduras, e água verde pingando dos canos apodrecidos.

Achei melhor nem comentar, e apenas imitei a cara de espanto dos meus irmãos.

Meu pai foi abrindo todas as portas com chutes escandalosos, para ver qual apartamento estava em boas condições (pois apesar dele ter comprado um apartamento lá,acho que também se surpreendeu ao ver a condição do prédio).

Estávamos quase desistindo, quando no penúltimo andar, achamos um apartamento bem zelado. Papai então falou: "Aqui está! Nosso novo lar!"

Minha mãe falou: "Richard, pelo amor de Deus, este prédio vai é desabar!" Meu pai rebateu: "Bobagem! A outra família afirmou que podíamos prendê-los caso o prédio não fosse seguro." Ela sabia da teimosia do meu pai, então calou-se como nós. Bem, não como Mark, que cochichou:

-Nunca vi ninguém pedindo para ser preso desse jeito.

É. Não aguentei, e dei uma risadinha baixa, mas que foi audível para meu pai.

Íamos entrando no apartamento vago, mas em bom estado. Scar (apelido da Scarlett), super insegura como sempre , começou a choramingar: "Pai, vamos embora! Por favor!" Ignorada, começou a chorar, baixo, mas ao mesmo tempo de modo dramático.

Foi quando meu pai anunciou: "Escolham seus quartos!" Ai começou a matança! Até Scar começou a correr, como eu e Mark, que sempre disputávamos tudo. Era como um esporte.

Eu sempre fui a mais rápida, e assim, fui olhando todos os quartos, até chegar no último e notar que era o maior. Foi lá mesmo que fiquei.

Olhei por trás do meu ombro e vi meus irmãos fazendo a pior cara de ódio que podiam para mim. Então ri, zombando deles.

Vi os dois entrarem exatamente ao mesmo tempo no segundo quarto maior, que era o primeiro do corredor.

Porém, Mark literalmente pulou por cima dela, e chegou antes. Fiquei embasbacada. Meus pais olharam com uma cara de puro espanto.

Scar foi então obrigada a ficar com o quarto menor, o segundo do corredor. Meus pais obviamente ficaram com a única suíte.

Peguei minhas malas e comecei a desfazê-la, depois de meus pais montarem o guarda- roupa. É estranho, eu compreendo completamente, mas meus pais arrumaram um guarda-roupa portátil para cada um de nós. Definitivamente não somos uma família comum. Talvez o motivo fosse de não termos casa fixa.

Depois de nossos pais dormirem, nos encontramos na sacada. Começamos a conversar sobre aquilo, e todos nós concordamos que aquilo era realmente estranho: Por que nossos pais quiseram se mudar para um lugar abandonado? Onde iriamos estudar depois que as férias acabassem? Onde eles iriam trabalhar? Aproveitei a situação e falei sobre o que o garoto me disse. Ficamos com medo. Tenho certeza de que todos pensaram o mesmo que eu. Cerca de três horas da manhã fomos dormir.

Apartamento 301Onde histórias criam vida. Descubra agora