CAPÍTULO CINCO: PÂNICO EM MALLYSON HILL
O medo todos conheçem. Quem nunca sentiu aquele frio percorrendo a espinha? Quem nunca sentiu os cabelinhos da nuca se eriçarem devido à aquele sensação de insegurança? Quem nunca sentiu o batimento cardíaco acelerar subitamente? Mas o pânico é diferente. É algo indescritível, e que ninguém deveria experimentar. Pareçe que a parte racional do seu cérebro é desligada totalmente, seus instintos vão embora junto com as peças de lógica que você usaria para fazer algo realmente racional. Você simplesmente age por agir. Não há outra justificativa para o pânico se não pelo simples fato de ser o pânico. Você pode até tentar fazer algo lógico, mas você não irá fazer. Porque você se esqueçe de pensar. Você se esqueçe de tudo aquilo que falam, aquilo lá, que você sempre pensou que iria fazer. "Mantenha sempre a CALMA. " Diziam eles. Mal sabem o que é isso.
Peguei algumas gases e envolvi-as no ferimento de Scar. Depois peguei uma faixa cirúrgica e enrolei-a envolta de sua barriga. O ferimento ja não sangrava mais tanto, porém, obviamente, ela sentiu bastante dificuldade em ficar de pé. Andamos bem lentamente, e, para quem estava ferida, até que ela se saiu muito bem. Realmente, Mark deveria estar certo sobre o ferimento ser superficial.
Com lentos passos, e bastante calmaria, chagamos finalmente perto de Mark. Ele havia limpado nosso caminho, tirando aquele monte roupa de cama. Porém, ao chegarmos perto dele, vi algo que fez meu estômago revirar: Na comida, que estava dentro de uma bolsa térmica, haviam enormes pragas, para não dizer lagartas, se revirando de um modo extremamente nojento dentro de nossa comida.
Como? Não haviamos dormido por tantas horas assim. Provavelmente, aquilo fôra colocado por alguem lá. Ou então havia algo de errado acontecendo, algo que não deveria ser...
Com um gesto brusco, Mark apenas fechou a maleta, abriu o zíper da entrada da barraca, e saiu andando. Scar perguntou:
-Vai deixar mesmo a barraca aí?
-Como você pretende levar? Nas costas? -Respondeu meu irmão.
Não havia o que fazer, então acompanhei o passo dele. Scar antes estava apoida em mim, mas ela conseguiu arrajar uns compridos gravetos no encostamento da estrada, e os fez como muletas. Ela até que estava conseguindo andar rápido, então deixei-a passar na minha frente, para garantir que nada aconteçeria aquela frágil garota.
Andamos por mais algum tempo. Não muito talvez. Talvez fosse por 5 minutos. Talvez fosse por 5 horas. Não dava pra saber. Meu coração estava aceleradíssimo. Em meio à todos esses acontecimentos, esqueçemos do real motivo pela qual nos aventuramos apartamento à fora: Nossos pais. Como eles estariam? O que teria aconteçido? Essas perguntas não paravam de ecooar na minha cabeça.
A estrada agora estava escura e vazia. Nenhum carro passava, para nosso alívio e desespero. Scar estava conseguindo andar bem.
Mark estava com uma clara expressão de cansaço, e me perguntei se eu não estaria ainda pior.
Então, em meio aos meus pensamentos perdidos e desordenados, ouvi um som que nem lembrava que existia: O barulho de um carro se aproximando. Me perguntei se não estava ficando maluca, pelo fato de não lembrar do som. Então, pela primeira vez naquela noite, um pensamento bom, um pensamento positivo percorreu minha mente perturbada. Talvez foi a esperança que me emocionou. Talvez me lembrei que minha vida não seria aquilo. Não sei. Não da para explicar. Mas que sensação...Linda!
O carro veio parando. Era um Wolksvagem esportivo, preto, com a pintura meio arranhada, e um pouco sujo de terra, mas tirando isso, estava em boas condições. Paramos. O vidro lentamente desceu. Dentro havia um senhorzinho beirando os 70 anos, com um soriso simpático.
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Apartamento 301
Horror"O medo todos conheçem. Quem nunca sentiu aquele frio percorrendo a espinha? Quem nunca sentiu os cabelinhos da nuca se eriçarem devido à aquele sensação de insegurança? Quem nunca sentiu o batimento cardíaco acelerar subitamente? Mas o pânico é dif...