Minha irmã passou quase o dia todo na praia. Estava louco para interrogar a pirralha a respeito da garota que estava com ela. Acho que foi a mesma de olhar assutado na calçada outro dia. Os cabelos castanhos e olhos escuros tristes dela não são incomuns, mas também não são simples de serem decifrados. Fiquei interessado nela, mas não cogitei falar naquele momento porque estava com uma melodia do Simple Pan na cabeça e iríamos repassar pro luau na sexta. E ainda era segunda quando a vi na calçada do prédio. Quando a Iris entrou pela porta na sala estava deitado no sofá olhando por teto e ouvindo a mesma música que estava na cabeça aquele dia. Ela entrou e foi direto beber água na cozinha.
- Ah por acaso você conhece aquela garota do elevador? perguntei tentando mostrar indiferença, mas pareceu desesperado mesmo.
- Não, por favor. Sem drama canceriano, paixões de cinco minutos e amor à primeira vista! Acabei de conhecer a Liz, porque você não consegue ficar longe das minhas amigas Dylan? ela dispara rápido, desesperadamente e irrita.
- Ei, calma. A vi na calçada esses dias e achei ela meio triste, na verdade ela tem olhos tristes naturalmente percebi depois. Digo calmamente e tentando analisar a situação.
- Você olhou por cinco minutos para ela. Me poupe da intensidade canceriana com lua em câncer. Ela diz revirando os olhos.
- Sabe, eu me arrependo profundamente do livro de astrologia que te dei de natal e de ter deixado você fazer meu mapa astral. Digo bufando e saindo da cozinha e ela vem atrás de mim.
- Não me leve a mal Dy, mas no último verão eu tive refazer todo meu estoque de sorvete e brigadeiro de latinha graças ao seu amor platônico pela Débora. Disse olhando para mim com cara de poucos amigos e depois fixou atentamente as unhas mão.
- Foi diferente, ela meio que alimentou a coisa toda e depois eu descobri que ela iria partir em intercâmbio para Europa. E me largou sozinho. Digo emburrado e olhando pro tapete da sala.
- Você alimentou tudo. Ela comentou da viagem com você e de como isso seria importante para ela. Entendo que seu coraçãozinho canceriano anseia por alguém que possa amar demais é da sua natureza. Mas vai com calma dessa vez. Conhece a garota, a Liz é muito legal de verdade apesar de meio introvertida. Ela diz e se senta no sofá.
- Ah, não que eu queira ter um relacionamento ou viver um amor de verão. Eu só queria conhecer alguém sabe? uma pessoa nova, diferente que não conhece o músico e escritor de cadernos de matemática. Disse olhando-a incerto ainda do que queria, mas tinha certeza que não era nada de amor era só pelo gosto bom do desconhecido mesmo.
- Certeza? Somos gêmeos lembra? O que você sente consigo entender. Já dividimos a mesma barriga. Digo olhando-o e percebendo que ele está meio confuso se quer um amor novo e se quer de fato se jogar no desconhecido, mas aquele olhar sonhador não me engana.
- Vai com calma ai ta legal? Deixa só a gente se conhecer antes. Você nem sabe se ela vai gostar de mim mesmo. Digo incerto.
- E quem não gosta de você? Quem é o gêmeo sociável? O canceriano amoroso que dá um sorrisinho e consegue tudo? você mesmo. Cala a boca mais fácil ela não gostar de mim! Digo revirando os olhos e deitando no tapete.
- Desculpe se você nasceu cinco minutos depois e é leonina maninha. Nem todo mundo entende esse seu gênio narcisista. Digo rindo e olhando para sua cara surpresa.
- Ah claro, eu não sou nem um pouco narcisista. E se me der licença meus fãs estão aguardando ansiosamente meu capítulo na fanfic. Irei tomar um banho e escrever em meus aposentos. Digo me levantando do tapete indo em direção ao banheiro.
Antes que ela feche a porta eu pergunto:
- Você acha mesmo que ela gostou de mim? Digo inseguro.
- Eu tento não ser uma shipper descontrolada Dylan @ deus sabe, porém você não ajuda. E ainda ficou com aquele sorrisinho idiota no rosto. Se você não fosse meu irmão diria que ela se ferrou e ficou afim de um otário, mas você e eu compartilhamos genes. Logo, eu seria otária também. Só vai com calma, convidei ela pro luau sexta. Mas tem um porém, você sabe quem volta sexta não é? Digo fechando a porta e ficando apenas com a cabeça para fora.
Já faz um ano? Como o tempo passa rápido. Nem me pego pensando nela ou escrevendo mais poemas sobre saudade e como ela me ignorou por meses.
- Ela deixou de fazer parte da minha vida e não fez questão de me ter por perto nem como amigo. Porque eu faria questão de ir buscar-la no aeroporto ou simplesmente me importar? Digo com orgulho ferido e vou em direção ao meu quarto deixando ela na porta do banheiro sozinha.
É complicado falar dela ainda, não que eu sinta alguma coisa acho que o sentimento morreu quando comecei a ter meus e-mails ignorados junto com a única resposta dolorosa que obtive. Mas definitivamente não sei como vão ser as coisas quando ela voltar. A Íris tenta me convencer a ir atrás dela, mas o que ela não sabe é que o que a Débora me disse por e-mail me machucou bastante ao ponto de nem conseguir contar para minha irmã que é minha melhor amiga.
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Aconteceu no verão
Fiksi RemajaSinopse: Ah o verão! Amante das praias e da sua cidade natal Liz é apaixonada por Recife e todo calor da cidade. Apesar de viver em ponte aérea graças a seus pais que trabalham como consultores internacionais e por isso conheceu todas as partes mais...