Sugar lips

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Taehyung só pedia à todos os deuses existentes que essa chuva fosse o suficiente para que Yoongi desistisse de ir vê-lo. Ele perderia todo seu tempo mesmo; as portas estavam trancadas e, caso conseguisse entrar de alguma forma, Kim não o permitiria falar nada. Achava que, apenas por ouvir a voz rouquinha do outro se dirigir a si, poderia vomitar.

Queria só pegar qualquer lembrança que tivera com ele e jogar pela janela, deixá-las no fundo do poço, na escuridão. Sumir com cada coisinha, por menor que fosse o significado, que estivesse em seu quarto.

Mas de nada adiantaria, doeria em dobro - se é que aquela dor teria como aumentar.

Um coisa que não conseguiria anestesiar, era aquele cheiro. Aquele que entrava em seus pulmões como um ar puro e bom de ser consumido. Yoongi tinha um cheiro próprio, era suave e docinho, mas quando Taehyung se aproximava bem, e afundava o rosto em seus cabelos negros e macios, o cheiro parecia o atingir, era a melhor coisa que já sentira na vida.

Ah, e isso ele não poderia jogar pela janela. O cheiro estava ali, estagnado no quarto amadeirado e com pouca luz do de cabelos arroxeados.

Estava nos cobertores, em suas camisetas, e, Taehyung poderia jurar que o sentiu nas próprias mãos em um certo momento.

Um relâmpago cortou o céu, iluminando por meio segundo todo aquele quarto lamentoso. Em seguida, o som foi escutado, tão forte que o chão tremeu embaixo de si.

Não era muito tarde, ainda estava apenas escurecendo. E, através do vidro molhado da janela, Tae pôde lembrar da sensação de ter Yoongi só para si. Lembrava do exato gosto dos lábios do moreno, que, assim como o cheiro, era doce, como tutti frutti.

Se pegou sorrindo como um idiota ao lembrar da primeira que vez conseguiu prová-los.

E se pensam que foi fácil, Deus, estão muito enganados.

Após aquele trabalho em dupla que fizeram, trocaram seus números e começaram a se falar por mensagens, durante o dia todo, todos os dias.

E, sem que nem percebessem, se tornaram mais amigos do que pretendiam.

Taehyung ficou feliz,extremamente feliz, em poder conhecer Min do jeito que queria. Aprofundar em sua vida e saber até da sua cor favorita de suéter - que aliás, era preto. No começo, se surpreendeu ao perceber que o moreno não era nada do que pensava. Imaginava que fazia jus ao seu rostinho e era tão fofo quanto, mas estava enganado.

Era definitivamente o garoto mais preguiçoso, direto e sincero que conhecera. Que não corava nunca, que não se intimidava com qualquer coisa e que dizia palavrões tantas vezes por dia que já considerava palavras diárias. Que era simplesmente ele, e não se importava com pessoas alheias.

E talvez fosse isso o que mais impressionara Taehyung, afinal. O modo de como eram diferentes, opostos, e simplesmente se completavam.

Mas pensou por um bom tempo que Yoongi não via isso. Passou praticamente o segundo ano inteiro e o pedacinho do terceiro, acreditando que seriam apenas amigos, para sempre, e sinceramente, isso o deixava quebrado.

— O que está fazendo? — perguntou Yoongi, curioso, entrando na cozinha e sentando-se num dos bancos altos dali, apoiando seus braços pálidos na bancada de mármore escuro.

— Café? — respondeu o outro, como se fosse óbvio, tirando duas xícaras azuis escuras de dentro do armário e colocando-as sobre a pia, para logo encher os copos com cafeína.

Naquela época, estavam no começo do terceiro ano. Taehyung ainda morava com a mãe, mas ela era enfermeira e trabalhava demais. Tivera que fazer plantão, como sempre, e então, numa das noites que passaria sozinho, o garoto de cabelos rosa desbotado com mechas cinza claro - é, ele amava trocar a cor das madeixas -, chamou o amigo.

Nevasca ;; Taegi  | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora