Drugged Love

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Estar daquela maneira, fazia Taehyung lembrar da sua infância. Uma época dura, imensamente dolorosa.

Sua mãe sempre fora bastante compreensiva, amorosa, mesmo tendo uma vida tão indesejada. Seu pai, que, sinceramente, não merecia ser chamado assim, era totalmente ao contrário.

Antes de Kim nascer, a família não era tão complicada. Mas, assim que aconteceu, tudo virou de cabeça para baixo. Tudo se perdeu.

Sua mãe trabalhava demais, o que fazia com que seu pai tivesse sempre que cuidar do garotinho pequeno - já que era desempregado e só fazia alguns bicos quando necessário.

O homem sempre fora do tipo rigoroso, orgulhoso, que não cedia nunca e não demonstrava carinho jamais. Batia no filho de vez em quando, mas Tae nunca acreditaria que passaria disso.

E, quando começou a crescer, lá pelos oito ou nove anos, mostrando os primeiros traços da sua personalidade que começava a florescer, é que as coisas começaram a piorar.

Kim não sabia exatamente se era por ele gostar de garotos, ou talvez não se importar em usar rosa quando estivesse com vontade, ou até mesmo querer pintar o cabelo cada semana de uma cor diferente, que o homem virara definitivamente um monstro. Mas algo aconteceu.

Seu pai começara a sair de casa, voltar mais tarde, mais bêbado; usar a própria esposa como bem entendesse; falar o que quisesse sem se importar com a presença do filho na sala de estar.

E aproveitou os dias em que a mulher fazia plantões ou chegava mais tarde em casa, para simplesmente usar Taehyung, seu próprio filho, como um brinquedo qualquer.

Mas, desde a primeira vez, sua mãe já desconfiara que estava sofrendo abusos. No começo, não quis acreditar que o homem que amava pudesse fazer tamanha maldade, mas, ao amar seu filho mais do que qualquer coisa, foi atrás e descobriu a verdade. Soube como o filho sofria.

E antes que pudesse denunciar, numa noite fria de inverno, o homem fugiu, sem deixar pistas nem rastros. E depois disso, tudo ficou melhor. Tudo ficou, pela primeira vez, bem de verdade.

Os dois se mudaram para uma pequena - mas aconchegante - casa. Kim mudou de escola, mudou de vida, passou a conhecer pessoas confiáveis - como Hobi e Jimin -, e, mesmo atormentado em alguns momentos, não deixava de sorrir.

Sempre fora o garoto mais feliz e radiante que todos já viram.

E gostava disso.

Ao terminar a escola, começou a trabalhar pela manhã num pequeno café perto da casa que alugara para finalmente morar sozinho. Começou a faculdade de psicologia, e, hoje, está na metade do terceiro ano, com notas altas e um brilhante futuro pela frente.

Já Yoongi, tivera a vida um pouquinho diferente.

Seus pais também eram rigorosos. Os dois. Não como o pai de Taehyung que passava dos limites absurdamente, mas eram bravos e rígidos.

Quando o moreno falou que gostaria de ir para a faculdade de música, não foi aceito como pensou que seria. E isso o quebrou.

Segundo seus próprios pais, já tinham que aceitar o fato do filho ser diferente por gostar de garotos, e agora, aceitar também o fato de querer ser músico, já era demais.

Não foi expulso de casa, mas também não continuou tendo uma convivência boa com eles. Ficara lá alguns dias, tinha um quarto e a chave da porta da frente, mas nada mais que isso.

Quando entrou na faculdade de música - na mesma cidade, o que era ótimo, porque assim poderia continuar pertinho do namorado -, mesmo com seus pais não aprovando, alugou um quarto lá, como os estudantes que não moravam na cidade faziam.

Nevasca ;; Taegi  | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora