Acordei por volta das 9h da manhã com dor de cabeça. Estava um pouco confusa e entropecida. Presumi que fosse por causa da bebida; não estou habituada a ter noites como àquela.
Olhei em redor e dei de caras com o Carl ao meu lado. Não acreditei. Tentei lembrar-me do que acontecerá, mas não conseguia chegar àquele momento. Sentei-me e olhei para debaixo dos lençóis e fiz figas para que estivessemos vestidos. "Ufa" gritou o meu subconsciente de alívio. O que é que estou a fazer, perguntei me a mim mesma. Isto não estava planeado. Começou a escorrer-me lágrimas pelo meu rosto. Olhei para o Carl certificando-me de que ainda estava a dormir e andei até á casa de banho. Meti-me em frente ao espelho e pressionei o lavatório para baixo com as mãos. Limpei as lágrimas e tentei reconfortar-me dizendo a mim mesma que estava tudo bem, "que não deitei nada a perder". Perguntei-me qual seria a razão de ficar tão vulnerável quando estava com ele. Será que sentia algo mais do que amizade? A Caroline estaria certa? As dúvidas corroeam-me o pensamento. Sentei-me e abanei a cabeça para que me pudesse libertar. Meti a cabeça entre os joelhos.
De repente senti que alguém entrara. Olhei para cima e lá estava ele, o Carl. Não sabia o que dizer, ficara sem reação.
- O que é que se passa Steph? - disse ao baixar-se, mostrando-se preocupado.
Não consegui responder-lhe. Baixei a cabeça.
- Ei! Então linda? - disse amparando-me a cabeça.
- Oh meu Deus Carl, será que não percebes? Acordei contigo ao meu lado, como é que achas que me sinto? - disse frustrada, tentando afastar-me dele.
- Desculpa - disse ao olhar para mim, confuso com a minha atitude. - Achas que aconteceu algo, foi? Não sabes o que fazes, o que queres? - perguntou-me irritado.
- Carl não me venhas com essas perguntas em que tu tentas obter as tuas respostas que não me apetece. - disse tentando fugir ao seu olhar inquietante.
- Não Steph, não consigo mais esperar. Pára de ter essa atitude. - disse metendo-se à minha frente, não me dando alternativa.
- Está bem Carl, ok! Sim, eu não sei o que faço, não quando estou contigo e não está certo - disse revoltada.
- Oh Stephanie, porque é que não está certo? Eu nunca te faria mal. - disse aproximando a sua cabeça à minha.
Só consegui olhar para ele. Se ele soubesse a verdade...
O james entra na casa de banho.
- Ah desculpem... - disse embaraçado - Vou-me então embora. Eu e a Caroline esperamos-te no carro. - disse para o Carl, saindo depois de ao pé da entrada da casa de banho.
- Boa, tem mesmo um bom sentido de oportunidade. - disse num tom de reprovação - Tenho de ir trabalhar, se não o Paul despede-me, deve ser a quarta vez que falto desde que começei. Quando acabar venho ter contigo, está bem? - dito isto beijou-me na testa.
Foi-se embora. Levantei-me e fui tomar uma aspirina. Só queria que isto acabasse...
Acordei as 14h com o despertador. Tinha de ir para as aulas de piano. Fui à sala ver se os meus pais já tinham chegado. Nada deles. De seguida fui ver o telemóvel. Duas chamadas não atendidas e uma mensagem da Mary. Disse que só iam conseguir chegar às 17h, e que quando visse a mensagem que lhe ligasse para saber de como estava. Marquei o número e esperei que atendesse. Fui para ao voicemail:
- Mãe, está tudo bem, não te preocupes. O recital correu bem. Estou agora a ir para casa da Madeleine para ter a aula de piano. Beijos e espero-vos então as 17h.
Desliguei, fui almoçar, e de seguida arranjar-me para me meter a caminho da casa da Madeleine.
(Já à porta da casa da Madeleine)
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A Passagem
RandomStephanie é uma jovem de 17 anos que foi adotada aos 2 anos por uma familia de classe média. Ao iniciar as suas aulas de piano descobre que o espelho presente na sala estabelece a ligação entre outro mundo, onde puderá reecontrar o seu verdadeiro a...