Dois.

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Queria contar que hoje chorei no caminho do metrô.

por causa do vazio de não ter você aqui comigo.

porque eu fechei os olhos e vi nós dois sentados no banco juntos e sorrindo um para o outro, mas quando eu abri era somente lembranças.

Já perdi a conta de quantos cigarros fumei hoje porque a minha mente não se cala e eles me acalmam temporariamente.

Estou deitado em minha cama e pensando na primeira vez que você entrou em mim. Resolvemos experimentar algo novo, afinal era eu quem sempre entrava em você.

A sensação quente percorrendo minhas veias e o arrepio que surgiu em minha espinha.

Penso na primeira vez que eu sorri para você, e você sorriu de volta. E em como eu senti meu coração e minhas bochechas esquentarem.

E quando nossas mãos se tocaram senti um choque como nos filmes.

É que eu te amo tanto, ainda.

Mas agora só quero ficar chapado, porque assim, talvez eu te esqueça por alguns minutos.

Mas quando eu coloco o beck na boca e o efeito surge, é você que eu vejo e é você que eu quero.

Você sorri para mim e olha para o teto. Completamente chapado também. Coloco o baseado na sua boca e quando tiro você sopra a fumaça em meu rosto.

-Eu te amo -você sussurra e sua voz percorre por todo o quarto -Eu te amo...

Eu sorrio e fecho meus olhos. Puxo a fumaça e a sopro -Eu também te amo -E quando abro meus olhos... Você sumiu?Lembranças de novo.

Você me ensinou o que era amor de verdade quando eu, que nunca tive um lar, me senti em casa no momento em que me enrosquei com você debaixo das cobertas.

Você me ensinou o que era amor quando você teve um dia ótimo, e eu tive um dia péssimo. E você não disse "Sim, sim, mas deixa eu falar sobre meu dia." Você sentou comigo e me ouviu falar sobre o meu dia horrível e não disse nadinha sobre seu dia maravilhoso. Só depois fiquei sabendo que você tinha ganhado aquele concurso de redação que você tanto queria.

E eu percebi que te amava quando você acordou assustado de madrugada e a única coisa que eu queria era te enrolar nos meus braços, fazer você dormir de novo, não deixando nada de mal acontecer contigo.

Você me ensinou o que era amor quando, mesmo eu te chamando de viado (porque sentia medo das outras pessoas me chamarem assim) você me beijou, me colocando contra a parede de uma forma que todos os beijos antes de você e depois de você perderam a graça.

Quando você segurou a minha mão e me entregou um girassol enquanto a escola estava lotada, e eu por estar completamente apaixonado por você também, não me importei e me envolvi em seus braços.

Você continuou me ensinando o que era amor quando você me abraçou tão apertado que eu senti o seu coração batendo no mesmo compasso que o meu. Me ensinou o que era amor, quando disse que não importava, nós iríamos nos ver de novo.

Enquanto as lembranças de nós ainda me preenchem a memória. Pergunto a Deus se você também se sentiu

totalmente

honestamente e

completamente amado por alguém como eu me senti por você.

Não posso dizer exatamente o dia que me apaixonei por você, porque não foi uma coisa em particular, foi o acúmulo de todas aquelas coisas pequenas.

E agora eu só quero comer comida japonesa e reclamar porque você não sabe comê-la, e você vai olhar para minha cara, tirar da sua bolsa qualquer livro de Sartre, e começar a ler até me encher de uma pigmentação vermelha, característica do horror que é ter um garoto de quinze anos lendo literatura chata e ruim em pleno restaurante às quinze da tarde.

É errado se eu disser que gostava de foder contigo no banheiro da escola?

Eu quero deixar chupões em seu pescoço. Porque assim, quer dizer que eu passei na sua vida e deixei um rastro. Eu quero que você revide e deixe chupões em minha pele também, para que assim percebam que você, como um cometa, também passou pela minha e que eu também sou completamente seu.

Eu quero viajar contigo e ir à uma praia deserta para corrermos completamente nus.

Mas eu, por amar cada pedaço seu com a máxima intensidade que um ser humano consegue sentir, tenho que te deixar ir. Pois já faz três meses... e você precisa seguir em frente.

Papai não está em casa, pego o telefone fixo e digito seu número que sei decor.

-Você não vai me deixar -você diz com a voz trêmula -Você não vai me deixar.

-Eu não posso fazer isso com você, Cas -Meu coração se aperta e eu suspiro -Você precisa seguir em frente.

-Mas eu te amo -Você tenta manter a voz firme, mas eu te ouço soluçar.

-Você precisa me esquecer -Fecho meus olhos -Eu te amo também.

Lágrimas escorrem por todo meu rosto e eu sinto que não consigo respirar.

-Não diga isso -Você chora -Parece que você está dizendo adeus.

-Eu estou -Seco as lágrimas e continuo -Eu te amo de um jeito que... Eu irei sentir muito a sua falta.

-Eu não vou deixar você desistir de nós assim -Você insisti.

-Se você se apaixonar por outro alguém... -Seguro meu choro -Tá tudo bem. Você sempre será meu, e eu sempre serei seu, de um jeito que só nos entendemos.

-Eu nunca irei me apaixonar por outro alguém. Eu irei te esperar, e você vai voltar pra mim.

-Me prometa que você vai seguir em frente, Castiel. Me prometa!

-Não, Dean... -Você soluça ainda mais.

-Adeus, Cas. -Desligo o telefone antes de dar tempo de se despedir ou de contestar.

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