Quatro.

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Fiquei minutos encarando a porta da sua casa, antes de tomar coragem e tocar campainha. E quando eu toquei, depois de segundos você apareceu. Eu senti que não conseguia respirar... E tudo que eu ensaiei dizer foi completamente esquecido.
Você estava de pijama, com os cabelos completamente bagunçados e com cara de sono. E eu sorri porque achei adorável.

-Oi, Cas -Eu olhei dentro de seus olhos assustados.

-O-ola, Dean -Você gagueja e dá espaço para eu passar -Não te esperava à essa hora.

Estou um pouco decepcionado, talvez eu esperasse um abraço...

-Faz bastante tempo, hein -Eu sorrio e passo por você -Você está ótimo.

-Hm -você resmunga e se joga no sofá -Papai e Anna saíram.

Eu concordo com a cabeça e me sento ao seu lado. Você pega um livro que estava em cima da mesa e começa a ler, me ignorando. E eu te encaro, observando cada detalhe seu, percebo que seus traços mudaram bastante.

-Sinta-se em casa -Você tira os olhos do livro e olha para mim -Você sabe aonde fica o quarto. Sua cama é a da direita.

Eu me levanto com um pequeno sorriso no rosto, e pego minhas malas. Minha cama sempre foi a da direita. E quando eu dormia na sua, meu lado era o da direita também.

Eu subo as escadas e paro em frente a porta, ela ainda é a mesma, cheia de riscos que um dia fizemos. "D+C always and forever". Eu sorrio e você aparece, percebendo que eu encarava o desenho, você abre a porta em um movimento bruto e entra com passos apressados e desajeitados. Você para em frente ao painel de fotos. Estamos juntos em duas das fotos.

-Hm... -você murmura, olha pra mim e para por alguns segundos antes de abrir o armário e pegar um cobertor -Aqui está.

Eu pego da sua mão e sorrio porque você sorriu pra mim. E depois de tanto tempo... eu senti muita falta do seu sorriso. Seus olhos azuis estão brilhando e você olha pra mim como se estivesse me analisando, meu coração acelera e eu te analiso também. Você está bem mais alto, mas ainda assim é muito mais baixo do que eu. Seus braços estão levemente malhados. Eu não consigo parar de sorrir.

E então eu soube que eu ainda era

com cada parte de mim

completamente

perdidamente

e de uma maneira tão forte a ponto de ser ridículo:

apaixonado por você.

-Precisa de mais alguma coisa? -Você desvia o olhar, levanta as sobrancelhas e cruza os braços -Toalha?

-Não, obrigado. -Eu dou uma risada disfarçada. Você sempre faz isso -Eu trouxe tudo que preciso.

Você concordou com a cabeça, eu abri a boca para dizer algo e você saiu sem me deixar falar.

Eu pego uma das nossas fotos e deito na cama. Sorrio. Eu me lembro desse dia...

Estávamos acampando com a escola, na época que eu ainda fingia não gostar de você, e não ter gostado do nosso primeiro beijo.

Eu estava sentado em um tronco de árvore, sem camisa e com o rosto emburrado. Você chegou e estendeu a mão pra mim. Eu excitei por segundos, mas você insistiu e eu acabei aceitando.

-Vamos -Você sorriu e me puxou.

-Onde? -Senti minhas bochechas esquentarem.

-Só dar uma volta.

Eu parei e soltei sua mão quando dois outros garotos apareceram, coçei minha nuca e você me encarou.

-Eu vou sozinho, então -você respondeu e saiu andando -Se eu me perder e acabar sendo sequestrado, Winchester, a culpa é sua.

Eu corri até você, e peguei em sua mão.

-E você acha que eu posso te proteger ou algo assim?

-Não -Ele negou com a cabeça e riu de leve -É provável que sejamos sequestrados juntos.

Eu ri de volta e nós andamos por alguns minutos até chegarmos perto de um lago, você tirar toda sua roupa rapidamente e pular na água.

-Meu deus! -Você saltitava que nem louco -Está frio! Está frio!

E você acabou me convencendo de entrar também. Jogamos água um no outro e damos muita risada.

Deitados no chão de terra um ao lado do outro, você acendeu um beck, e nós ficamos em silêncio por alguns minutos. A verdade é que eu estava tremendo de medo de alguém chegar ali e ver os dois adolescentes fumando um.

-Oi -Eu sussurrei virando para seu lado, e soltando fumaça no seu rosto -Eu gosto dos seus olhos.

-Olá, Dean -Você riu baixinho, e passou um dos seus dedos na minha bochecha. -Eu gosto dos seus também.

-E do meu beijo, você gostou? -Eu te entreguei o cigarro.

-Sim -Você colocou o cigarro na boca e soltou fumaça devagarzinho -Gostei muito.

Eu me aproximei de seu rosto, passei as mãos na ponta do seu cabelo e dei um sorriso malicioso -Quer provar de novo? -Te beijei e você retribuiu.

Você sempre tinha gosto de cigarro e de sorvete de morango

me pergunto, você ainda tem o mesmo gosto?

Adormeço por alguns minutos e quando acordo, seu pai já chegou. Eu o cumprimentei, e ajudei ele com o jantar enquanto nós conversávamos.

-Dean! -Gabriel chegou e me deu um abraço apertado -Tão bom te ver.

E nós conversamos bastante também.

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