Sete

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Eu decidi que ia comprar a casa e que iria voltar a morar aqui. Seu pai disse que eu poderia continuar com vocês até que a compra estivesse realmente feita.

Quando entrei na casa, passei reto indo em direção ao quarto. Voltei, dando passos para trás, ao perceber que você e mais alguém estavam ali.
Era um garoto e ele estava bem próximo à você. Levantei minhas sobrancelhas. Você olhou para mim, e não disse nada, me ignorou e continuou mexendo em alguns papéis.

Meu estômago embrulhou e eu me aproximei.

-Oi -Fitei o garoto com os olhos -Sou o Dean.

-Oh -Ele levantou o olhar, e deu um breve aceno com as mãos -Oi, Dean.

-O almoço está pronto, mas tem que esquentar -Você disse à mim, sem olhar em meu rosto.

Fiquei parado por alguns segundos em pé olhando para vocês dois.

-Precisa de algo? -Com as mãos você levantou um pouco seu óculos que usava para a leitura, e me encarou irônico.

Eu não respondi, só caminhei em direção à cozinha. Colocando as panelas no fogão e observando. Vocês davam risada e ele tocou em suas coxas, que eram extremamente grossas. Você olhou para a mão dele, olhou para mim, olhou para ele, sorriu e colocou sua mão por cima da dele.

-Você sabe que ele só está tentando te deixar com ciúmes, certo? -Chuck apareceu, me dando um tapinha no ombro.

-Sim.

-E? -ele perguntou rindo de leve.

-Está funcionando -respondi, ainda sem tirar os olhos de vocês -Chuck? Eu consegui a casa. Amanhã vou de ônibus pro Canadá buscar algumas coisas.

-Ônibus? Pensei que você tinha um carro.

-Eu tenho, mas ficou no concerto no Canadá.

-É muito longe pra ir de ônibus, Castiel pode te levar de carro.

-Ele não vai querer, Chuck -Dei risada de leve.

-É uma chance de vocês conversarem e eu vou convence-lo, não se preocupe.

Não tive como recusar. Fui até meu quarto e mais tarde, quando voltei a sala, você e o garoto estavam se beijando. Ele segurava sua cintura e vocês sorriam entre um beijo e outro.

Seu pai disse que você não tinha ninguém... Então, provavelmente isso não é nada, certo?

-Eu realmente gosto muito de você -ele disse enquanto segurava seu queixo.

-E-eu... -você gaguejou e por um segundo eu tive esperança -Eu também gosto de você.

Eu olhei vocês se beijarem mais uma vez e minha cabeça gritava e meu peito parecia que ia explodir em um estalar de dedos. 

A porta foi fechada e você veio em minha direção, parando ao me ver paralisado no meio da sala, com a boca aberta e olhando para o chão. Você me encarou e eu te olhei sem saber se eu deveria dizer algo ou não. Você veio se aproximando e as batidas do meu coração foram se acelerarando, mas você desviou de mim e subiu as escadas.

Eu senti um enorme incômodo. Um que eu não soube lidar, eu fiquei com raiva, de você e de mim. Então eu saí porta a fora, e caminhei pela cidade, quando achei uma boate, fiquei chapado como não tinha ficado a tempos. Me meti até em uma briga. De madrugada quando cheguei, você estava sentado na sala assistindo netflix.

-Horário tarde pra chegar, hein? -Você disse sem tirar os olhos do filme.

-Desde quando você se importa com o que eu faço ou não? -Perguntei de maneira cinica, voz alterada e quase tropeçando nos meus próprios pés.

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