Dois

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"Em criança ensinaram-me o que era certo, mas não me ensinaram a corrigir meu gênio."

Jane Austen


Ver meus pais comemorando trinta e cinco anos de casados foi inusitado. Tantas vezes eu achei que eles fossem se divorciar, mas não. Estavam firmes e fortes. Mas, infelizmente para o meu posto de filho - especialmente o mais velho de cinco -, o meu foco em nenhum momento foi eles. Foi a cerimonial que corria de um lado para o outro para manter tudo em ordem.

Eu não sabia o que era, mas alguma merda nela não permitia que eu focasse em algo que não fosse o seu sorriso fácil, as sardas nas bochechas e nariz ou quando ela mordia os lábios quando escutava algo em seu fone de ouvido. Inclusive, isso era sexy, muito sexy.

Mal consegui conter a excitação quando minha mãe nos apresentou, e, por um segundo, eu soube que era recíproco: o seu olhar esquadrinhando o meu corpo quase descaradamente quase —quase — me fez tirá-la do seu ambiente de trabalho e levá-la ao meu quarto. E ao paraíso em seguida.

Porém, quando seus olhos caíram em Myra, a indiferença tomou conta dela. A garota mal olhou na minha cara depois, e minha mãe estava bêbada demais para prestar atenção nisso. Myra ficou igualmente desconfortável, e mantinha seus olhos astutos na mulher o tempo inteiro, avaliando seus movimentos como um falcão.

Ela não mencionou nada no Havaí, e nem quando voltamos para Nova Iorque. Myra e minha mãe eram amigas de anos, e se não fosse por isso, eu teria conseguido tirar aquela mulher do meu pé. Ela era legal, mas tinha uma frieza para lidar com o trabalho que não era legal. Completamente diferente de Olivia Benson, capitã da nossa unidade. As más línguas diziam que Myra nunca cresceria por causa da sua mentalidade e falta de humanidade para com as vítimas.

—  Por que não disse que conhecia Chiara Castiglione? —Myra entrou com tudo na minha sala, e respirei fundo para não lhe dar uma resposta à altura. Olhei para ela e vi que seus olhos faiscavam enquanto ela se sentava à minha mesa sem ser convidada.

—Porque eu não a conhecia. Caso você não tenha reparado, minha mãe me apresentou junto com você. Mas você aparentemente a conhecia, não é? —Me recostei na cadeira, estreitando os olhos. Ela revirou os seus e jogou uma pasta em minha mesa. —O que é isso?

—Leia! —Entrelaçou as mãos em seu colo com o semblante sério.

Revirei os olhos pegando a pasta. Franzi o cenho ao abrir e ler o sobrenome. Castiglione Hirsch.

—Que merda é essa, Myra? —Fiz uma careta, apontando para os papeis.

—Leia! —Repetiu com o semblante impassível.

O caso fora arquivado há mais de quinze anos por Myra e Olivia. Isso era inusitado, porque até onde eu sabia, as duas eram imbatíveis juntas. Mas, lendo mais sobre o caso, eu entendi melhor o motivo.

Chiara Castiglione (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora