Cap 1 - existência

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Às vezes eu me pergunto porque fui fadada a nascer, eu penso em como a minha existência não faz sentido algum. Será mesmo que existe alguém nos céus?

A luz do dia cega meus olhos e eu sei que é hora de eu me levantar, na verdade eu deveria fugir sair pela porta de entrada e gritar por socorro mas quem ajudaria uma puta? Tudo que as pessoas sabem fazer é julgar, e então eu receberia um tiro bem no meio do peito, obviamente torcer para morrer mas acho que não quero conhecer o diabo tão cedo, isso se ele existir.

- Tome já seu banho, Catarina! - Jabura mansa me empurrando contra o corredor. Ele parece estar com pressa, mas esse mal humor me desgasta.

A água quente ferve minhas feridas me faz gemer de dor, eu tô cansada de me sentir um objeto. Eu sou tão nojenta, eu sei disso, é por isso que eles gostam de mim.... A devassa que faz tudo por dinheiro.

Não está longe de ser verdade.

Em trinta minutos estou pronta, em frente à um espelho repleto de luzes como um camarim de um show de teatro, me sinto como uma Marilyn Monroe mesmo sendo morena e tendo cabelos tão longos, ela também não era feliz.
Engulo a seco o choro e encaixo o brinco.

Mais um cliente hoje, e eu torcia para que ele não fosse repugnante e escroto.

- Aqui está ela! - O cafetão diz, sacudo a cabeça evitando contato mas ele pega nas minhas mãos e a coloca sobre as do cliente. Em meio ao sorriso garante que eu sou sua galinha de ouro porque ele mesmo já provou da mesma, e eu me sinto desconfortável por instantes.

Ficamos a sós, eu podia ver melhor agora ele era uns quinze anos mais velho que eu, eu acho.... O mesmo me agarra pela cintura descendo as mãos para meu quadril, ele tem um bafo de álcool terrível me faz torcer o nariz mas não se importa com minha repulsa.

- Eu vou te comer gostoso, sua puta!

Eu não soube o que dizer, eu não queria. Dessa vez eu não queria, meus olhos lacrimejaram quando ele me puxou consigo para o banheiro do fundo da boate.

- Espera, não vamos a um motel? - perguntei receosa.

- Ahahah - gargalhou - Sua vadia, você ainda quer um luxo?

Apertei o queixo me soltando, aquele porco não ia ser legal mas o que eu tava pensando? Ser uma prostituta é viver com isso todos os dias, os caras estão pagando porque ninguém quer fazer de graça com um estrupício desses.

- Olha aqui, eu paguei muito caro pra te comer então não exija nada.

Me jogou contra a cabine cúbica, era tão apertado. Fechou a porta e desfez a fivela de seu cinto, subi meu vestido descendo a calcinha que estava intacta dado o fato que eu não estava excitada com aquele otário.

Ele empurrou seu membro contra mim me fazendo recuar, soltei um grito e ele forçou ainda mais entrando rapidamente, eu queria chorar porque estava doendo.
Eu sou tão fraca, não aguentava uma dorzinha qualquer. Eu queria ser durona como a Narobe mas sempre vou ser a garota que foi sequestrada de seu país.

Recebi um tapa no rosto, o que me assustou ainda mais.

- Toma sua desgraçada!

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No final, eu me sinto molestada. Mas é mentira, eu deixei não é? Eu sou culpada, pra onde eu iria se não fosse o Jair? Ele salvou minha pele daquele árabe mas com um preço muito alto, e depois de cinco meses eu ainda não me acostumei. Os homens são vai ruins, tão sujos. Mas eu, devo ser bem pior que todos eles.

Estou cheia de gozo na cara, isso é uma porra literalmente é uma porra. Subo a calcinha e abaixo o vestido, ele já foi faz alguns minutos.

Eu deveria me lavar, tomar outro banho mas a gente nunca "dá" pra um cara, a noite acabou de começar.

Lavo meus ombros e decote com a ajuda do papel higiênico.

Jair me puxa pelo braço quando me vê sair do banheiro.

- CATARINA! Cadê aquele filho da puta?

Ergo as sobrancelhas confusa - Eu não sei. Ele saiu depois que terminou...

- Ele não me pagou! - rosnou zangado.

- Nossa! - Eu não sabia o que dizer.

- Você vai pagar o dobro por ele, quem mandou você dar pra ele?

- Mas, o quê? Você tá brincando! Você quem me colocou na mão daquele diabo! - respondi exaltada.

- Cala a boca! - me sacudiu - Você faz o que eu mando.

- Eu não sou sua escrava!

- Você me deve!

- Com o preço que você me vende deve ter quitado a muito tempo!

Ele me deu um tapa na frente de todo mundo, mas sabe ninguém deu a mínima. Aquilo era tão normal.

- Porque você não me mata? Isso quita tudo?

Jabura me pega pelos braços como se eu fosse uma criminosa, eu sei o que vai acontecer. Tudo parecia ter ficado em câmera lenta, eu sentia tudo inclusive a vontade de vomitar. O choro estrangulou minha garganta enquanto eu era levada para a pensão das putas.

Bem lá no fundo, num porão que ficava no subsolo era escuro e ele me jogou lá, puxando seu chicote como de eu tivesse que ser punida e não importava quanto eu chorasse porque sentiria dó de mim?

- Por favor... Me mata. - supliquei mas não adiantou.

O chicote estralou contra minhas costas uma vez, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e na nona vez ele soltou o objeto e rasgou meu vestido.

- Sempre quis provar da galinha de ouro do Jair!

Ele nem fez o esforço de tirar sua calça, apenas pelo zíper seu membro roçava contra minha pele.

- Não faz isso, eu não quero. Por favor! - eu pedi aos prantos mas tudo que ele fez foi ficar beijando meu corpo, me agarrando,me encurralando e subindo em cima de mim como uma boneca inflável meteu como um animal cheio de tesão.

Eu nunca tinha me sentido tão sozinha em vinte anos, é tão estranho ter a si próprio quando você mesma é um lixo.

Talvez eu mereça.

Todos os momentos que eu passei no Brasil com minha família, eu pensei que seria uma boa moça quando crescesse no final a beleza não serviu de nada foi a maior causa da minha desgraça.

Então me pergunto, do que valeu a minah existência até hoje?

São memórias que eu não preciso lembrar, porque elas não voltam.

Minha vida é a decepção encarnada em gente.

Meus olhos fundos ardem, estou chorando novamente em frente ao espelho lembrando que amanhã terá mais e eu nem tive a chance de descansar depois de tudo.

A vadia mais cara de AlzebainOnde histórias criam vida. Descubra agora