Capítulo único

797 67 192
                                    

— Eu. Não. Estou. Acreditando. Nisso.

— Vai ter a noite toda para acreditar. — Stiles respondeu a ruiva com certa acidez, batendo a mão em punho com força no volante do Jeep.

— Nós estamos presos aqui? — A voz da menina subiu uma oitava, beirando a histeria.

— Estamos, Lydia! Qual parte de que o Jeep atolou por causa dessa droga de chuva você não entendeu?

— Não, não, eu não posso ficar presa!

— Por favor, me diga que você não é claustrofóbica.

O garoto, já irritado, arregalou os olhos e encarou a garota que subitamente começou a arfar, como se estivesse sendo sufocada.

— Meu Deus, Lydia! Por favor, se acalma.

— Me acalmar? Como vou ficar calma? Nós estamos presos aqui por sua causa! — A garota estava igualmente estressada, gritando com o garoto, a respiração ainda curta.

— Por minha causa?

— Primeiramente foi você que teve a ideia imbecil de sairmos para compramos as drogas dos presentes juntos!

— Se você não queria sair, por que aceitou?!

— Porque se eu não viesse você ia comprar alguma porcaria para Malia e me senti na obrigação de ajudar a você não perder a única garota que parece ser capaz de namorar com você!

— E você? Por que me ligou dizendo que não sabia escolher presente para homens? — Lydia conseguiu, definitivamente, piorar o humor do humano que revidou furiosamente. — E nem deveria se preocupar em gastar dinheiro com presente de dia dos namorados, já que daqui uma semana já vai estar na cama com outra pessoa!

Os olhos já arregalados de Lydia, saltaram de seu rosto. Ela espancou Stiles em seus pensamentos e ele, a encarou com uma expressão estressada e corajosa, afrontando a garota que com tamanha irritação, prendeu a respiração sem ao menos perceber, fazendo com que seu rosto ganhasse um tom de vermelho vivo.

— Nunca mais eu vou pedir a sua ajuda!

— Ótimo!

Stiles respondeu como uma criança pirracenta e ambos, com uma sincronia inesperada, cruzaram os braços por cima do peito e encararam cada um, a janela próxima a si.

A chuva parecia compartilhar da irritação dos adolescentes, caindo com fúria contra o velho Jeep que tremia com a ventania e a cada segundo, afundava um pouco mais na lama que o prendia, enquanto a rua enchia assustadoramente, tornando impossível a saída dos amigos impacientes.

— O que você pensa que está fazendo? — Stiles rompeu o silêncio, quando escutou o barulho de Lydia tentando abrir a janela do carro.

— Eu preciso respirar, estou ficando sufocada nesse cubículo!

— Senhorita gênio-da-matemática, primeiramente, não chama o meu Jeep de cubículo e depois, se você abrir a janela vamos ficar encharcados e ainda vai molhar meu carro!

Lydia bufou, revirou os olhos e começou a balançar a perna direita em um ritmo frenético. Aquilo enlouquecia Stiles, ela sabia e fazia de propósito.

— Lydia. — O garoto chamou e a menina ignorou. — Lydia. — A Banshee nem sequer olhou para Stiles. — Lydia. — Após a terceira tentativa fracassada, o humano respirou fundo, armazenando oxigênio. — Lydia, Lydia, Lydia, Lydia, Lydia!

A garota cometeu um grave erro quando decidiu irritar Stiles, afinal, daquela arte, o garoto era especialista. O filho do xerife repetiu o nome da menina infinitas vezes, até o rosto da garota novamente ser preenchido pelo tom vermelho de sua impaciência.

AtoladosOnde histórias criam vida. Descubra agora