Conhecendo o espaço

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–Olá Anne! Eu sou Edward Garrison e serei seu guia por alguns minutos!
—Obrigada, eu acho...
–Então, eu farei um tour pelo nosso amado colégio!
Amado...
Edward era de estatura média, tinha os olhos verdes escuros e cabelos castanhos bagunçados em ondas,seu sorriso era cativante e seu humor era tão bom que se tornava irritante. O garoto fez um tour pelo colégio, me mostrando os pontos mais importantes e que eu mais visitaria no meu dia-a-dia. Durante nosso ''passeio'' ele me contou metade de sua vida, eu já sabia que ele tem 17 anos, participa do Time de Ajudantes aos Calouros (eu nem sabia que isso existia, mas aqui nesse lugar parece um outro mundo), já concorreu a Presidência do Grêmio Estudantil, mas como não venceu resolveu se juntar a Comissão Eleitoral, que promove debates entre as chapas e torna-as públicas para os alunos que quiserem assistir, tem duas irmãs mais novas, uma de 10 e outra de 13, e nasceu na Inglaterra, mas se mudou para os Estados Unidos aos 7 anos de idade. Eu já não aguentava mais ouvir sua voz, mas eu sabia que havia feito um amigo, ou um colega.
–E finalmente aqui é o dormitório feminino, eu até iria entrar para te mostrar mas sabe como é...eu não sou mulher!
–Oh, eu acho que não tinha percebido isso antes.-ironizei-Obrigada por me mostrar o colégio.
Ele sorriu e logo fez uma espécie de reverência.
–Disponha, senhorita.
E saiu andando em direção a Deus sabe onde.
Ok...''Aqui é minha parada''-pensei e logo entrei no local. Fiquei pela quinquagésima vez impressionada pelo tamanho do lugar. Era um corredor extenso, com milhares de portas. Algumas garotas passavam por ali, entrando nos quartos e outras saindo dos mesmos. Peguei o papel que a diretora havia me entregado e que continha o número do meu quarto. Minha colega de quarto devia estar lá. Número 230; andei até minhas pernas sumirem. Quando finalmente cheguei, soltei um suspiro e bati na porta branca e aparentemente nova.
—"JÁ VOU!''-uma voz abafada gritou e dentro de alguns segundos abriu a porta.
Era uma garota com cabelo loiro, comprido e ondulado, olhos azuis e pele clara, seu rosto parecia um pouco inchado e seus olhos lacrimejavam.
–Oi...-falou simpática-Entre. Você deve ser Anne, certo?!
Sorri e assenti, entrando no cômodo; o quarto havia uma beliche, dois armários para guardar roupas, uma escrivaninha para estudos com uma cadeira estilosa e uma janela com cortina branca, seguindo a cor da parede do quarto também branca. Na parte debaixo da beliche havia algumas coisas espalhadas pela cama, então já imaginei que é ali onde minha colega dorme.
—Então, eu soube que você iria vir mais cedo...–disse a garota, secando as lagrimas do rosto.-Qual o seu nome?
—Meu nome é Anne Oliver. E o seu?
—Sou Caroline Frenchmann. Estudo aqui desde o ano passado. Fui enviada pelos meus pais porque eles não me aguentavam mais dentro de casa.
—Não te aguentavam mais dentro de casa?–perguntei curiosa.
–Eu aprontava muito, saia todos os dias e cometia algumas...infrações!-falou com uma certa vergonha, o que apenas atiçou mais ainda a minha curiosidade.
—Infrações? Como quais?
Ela respirou fundo e tentou segurar sua risada.
–Bom...eu e meus amigos jogávamos ovos nas casas dos vizinhos, praticamente em todos os bairros que visitávamos, apostávamos rachas, fumávamos drogas ilegais...Um dia, eu invadi a casa de uma garota que não gostava de madrugada e pulei na piscina da casa dos pais dela, eles acordaram e chamaram a polícia, eu e meus 4 amigos fomos enviados para a Delegacia, essa foi a gota d'água e meus pais decidiram que o Colégio Interno seria a melhor opção pra mim, já que é um lugar cheio de regras.
Confesso que fiquei impressionada com a "rebeldia" de Caroline.
–Você aparenta ser uma boa garota. Não te vejo cometendo atos dessa forma.
—Ah, as pessoas são capazes de coisas inimagináveis. Eu apenas estava aproveitando os momentos com meus amigos, e na época achava isso o máximo, se eles faziam eu não via problema em fazer também. Isso não me torna uma garota má, apenas uma jovem rebelde. Hoje, eu não faria isso novamente. Meu momento de extravasar já passou. Mas me conte sobre você, como chegou aqui?
—Ah, meus pais decidiram que seria o melhor para a minha educação. Eu realmente não concordo. Esse lugar é uma chatice, cheio de regras e comandos a todo o tempo, fala sério, ninguém merece!
Caroline me observou por alguns segundos, pensando sobre alguma coisa.
–Acredite, não é tão ruim quanto parece. Você vai se acostumar. Além disso, você pode fazer amizades para o resto de sua vida aqui, sem contar a qualidade dos estudos. Você não irá se arrepender.–concluiu sua fala.
—Tanto faz.–dei de ombros e logo perguntei algo que eu desejava perguntar desde o início.—Caroline, quando eu cheguei aqui você estava com o rosto vermelho e olhos lacrimejando. O que aconteceu?
Ela abriu a boca para dizer algo, mas logo descartou a ideia e ficou em silêncio por alguns segundos. Fiquei quieta também, e depois de um tempo ela resolveu me responder.
–É que...eu estava vendo em meu celular as fotos com o meu ex namorado...Sabe como é, recaídas.-deu um sorriso leve.
—Você não apagou as fotos com seu EX namorado? Há quanto tempo vocês terminaram?-indaguei curiosamente.
—Já faz 4 meses. Mas ainda lembro dele, não consegui apagar nossas fotos de casal do meu celular.-olhou para mim por alguns segundos em silêncio. Então, seu semblante de tristeza foi se transformando...Eu não estava entendendo, e quando eu vi, o celular já estava na minha mão. Ela deixou a missão de apagar as fotos para mim.

Anne no Colégio InternoOnde histórias criam vida. Descubra agora