2 | Wrong Bitch

187 25 4
                                    

"But don't believe everything you read

(Mas não acredite em tudo que lê) 

'Cause I won't back down and I won't concede

(Porque eu não vou recuar e não vou admitir) 

Which came through first, what more you need? (...) 

(Quem foi que veio primeiro, o que mais você precisa?) 

(...) You got the wrong, wrong bitch

(Você mexeu com a vadia errada, errada)" 

Wrong Bitch – Todrick Hall

_

Massacrar bolas alheias com saltos extremamente altos e finos é, sem dúvida alguma, revigorante. 

Pena que o meu alvo original não foi o atingido. 

O ódio que eu sentia, após horas presa naquele carro em meio a um engarrafamento sem fim, triplicou. Quando desci do carro, após engolir as lágrimas, eu rangia os dentes de pura fúria, ansiosa para descontar toda aquela raiva nas fuças daquele pigmeu dos infernos. 

Encarei a fachada do grande escritório por alguns segundos, respirando fundo enquanto contava os andares, um por segundo, até chegar no vigésimo quinto. 

Me sentindo confortável nos meus jeans favoritos e gingando no meu par também favorito de Jimmy Choo, adentrei o escritório, sendo recebida prontamente com sussurros surpresos e alguns engasgos. Eu já esperava por aquilo. Há anos eu não pisava naquele lugar. 

Reconheci algumas pessoas; os seguranças na entrada, algumas recepcionistas, jovens advogados que transitavam por ali e a sra. Ivone. 

Sorri emocionada para a senhorinha em especial. 

A sra. Ivone foi uma das poucas pessoas por ali que me visitaram após o enterro da minha mãe. Ela, inclusive, insistiu em me visitar todas as manhãs, antes de ir para o trabalho, por quase um ano inteiro. Passava para ver como eu estava, saber se havia me alimentado, e, se não, não arredava o pé da minha casa até que preparasse algo e eu comesse tudinho, com ela de sentinela à minha frente ou arejando a casa, recolhendo o lixo ou consertando qualquer coisa que encontrasse em desalinho. 

— Minha menina — ela murmurou chorosa, rebolando suas gordurinhas adoráveis enquanto corria na minha direção. 

Abri os braços e ela me abraçou apertado, fungando no meu pescoço. Beijei seu cabelinho branco como neve e notei como aquele abraço fora diferente de todas as outras vezes e ao mesmo tempo tão igual. 

Quando me visitava, eu ainda era mirradinha, embora já tivesse vinte e três anos. Infelizmente, fui uma dessas garotas que ninguém nunca sabe de fato que são garotas até os vinte e tantos anos. Eu era baixinha e não tinha peitos (o que nunca me impediu de namorar, afinal, nem só de peito se resume transa, não é mesmo?).

Nunca me preocupei muito com aquilo, mesmo não tendo peito. Mamãe sempre afirmava que com ela aconteceu o mesmo; seu corpo se desenvolveu com alguns anos de atraso e ela ria dizendo que chorou tanto no passado por peitos que, quando eles cresceram, pareciam duas melancias médias de tão grandes. 

UM CEO NAS MINHAS MÃOS Onde histórias criam vida. Descubra agora