Retornei ao bar, e pedi uma dose de Tequila, e não demorou muito até alguém se sentar ao meu lado. Não consegui deduzir se era um homem ou uma mulher, fiquei olhando enquanto fazia o pedido. Cabelos bem curtos e repicados, tão negros quanto sua jaqueta de couro, alargadores e uma voz rouca. Até que se virou e como esperado, perguntou se eu estava sozinha, disse que sim.
- Prazer, meu nome é Geovana, mas pode chamar de Ge, prefiro assim.
- O prazer é todo meu, me chamo Catarina.
Uma mulher, tá aí algo que eu nunca havia experimentado, e olha que já experimentei muita coisa nessa vida. Decidi não mentir meu nome dessa vez, não estava podendo desperdiçar oportunidades de me socializar, já estava ficando tarde. Largar meu anti-socialismo de lado era a minha maior dificuldade.
- Quantos anos você tem, Catarina?
- O suficiente. - Disse lançando meu olhar sedutor.
- Tudo bem que o conceito de suficiente é uma coisa muito relativa, mas gostei. Gosto de pessoas misteriosas. Elas me atraem mais que qualquer um.
Bingo!
Dei um sorrisinho, e passei a mão pelo meu cabelo curto, não tanto quanto o dela, mas ainda assim curto e repicado, bagunçando ele. Isso era infalível.
Ela não parecia estar a procura de beijos, sexo, ou seja lá o que for, apenas de alguém para conversar, e isso foi o que me atraiu mais ainda. Eu tinha uma preferência absurda pelo difícil, pelo que não estava ali em mãos, pelo que eu precisava me esforçar e conquistar. E uma preferência maior ainda por experiências novas.Tudo bem que ela se demonstrou bem interessada, mas percebi que teria que jogar mais charme se quisesse algo. Ela era do tipo que gostava de saber com quem estava lidando antes de tentar algo, se ela não gostasse de mim, viraria e iria socializar com outras, eu percebi bem isso. Mas ela gostou.
Passamos horas conversando, e eu não estava entediada como costumava ficar, ela tinha um bom papo, e o tempo passou e eu não percebi, me dei conta do tempo quando a boate começou a esvaziar e então comecei a me preocupar.
- Nossa, que horas são? Parece que isso aqui esvaziou bem.
- É, o dia já clareou, baby. 6h30, logo mais aqui fecha.
- Uau, o tempo voou.
- Pois é, gostei de te conhecer, Catarina. Pra onde você vai? Posso te dar uma carona.
- Estou sem rumo. - e ri.
- Não, é sério, pra onde você vai?
- Para o mundo - E como sempre, lancei meu olhar.
- Você e seus mistérios. Onde você mora?
- Agora eu moro no mundo.
- Catarina, eu tô falando sério, a menos que você não queira minha companhia.
- Eu também falo sério, talvez eu fique vagando por aí até decidir pra onde irei.
- Você não tem casa então?
- Não mais.
- Ok, acho que estou começando a entender. Vem, vamos para a minha casa, uma moça bonita assim não pode ficar vagando sozinha por aí. Tem comida, uma cama quentinha, um chuveiro gostoso e uma boa companhia.
E eu aceitei, até porque esse era o intuito da noite, mas foi melhor do que eu esperava. Imaginei ter que presentear muitas pessoas até conseguir uma razoável para passar a noite, mas não, consegui uma pessoa excelente apenas com uma boa conversa, e mais que excelente pois caia bem no meu conceito sobre gostar de experiências novas. É, hoje parecia que pela primeira vez, o mundo estava a meu favor.
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O Gosto Pelo Estrago
Novela JuvenilSufocada pelos meus pensamentos, atraída por aventuras, amante de novas experiências, fã de tudo que é difícil, e um gosto indescritível pelo estrago. Todos esses motivos me levaram a fugir para o mundo. Não tente me entender, não tente me desvendar...