Querido Rye
Não achei que eu fosse fazer isso outra vez, mas aqui estou, escrevendo mais uma carta para você, que nunca chegará as suas mãos. Voltei para Londres achando que tudo voltaria ao normal, mas não, aqui também há mudanças, mudanças das quais eu não posso fugir, ou me esconder. Você tem uma namorada agora, e eu não sei exatamente como me sinto sobre isso, talvez eu esteja com ciúmes, ou raiva por não ter dito algo antes, talvez eu tivesse conseguido evitar isso, talvez nós estivéssemos juntos, ou talvez você já tivesse me dado um fora, e eu não estaria aqui criando expectativas e alimentando minhas crises de ansiedade. Espero que um dia eu possa te dizer tudo isso pessoalmente, se há uma coisa que eu sei com certeza, é que amanhã te amarei mais, eu não vou desistir de você.
Com amor, Andy.
Eu me sentia melhor, escrever me fazia sentir melhor, eu não deveria ter parado, talvez eu continue, talvez essa seja a única forma de expressar o que eu sinto pelo Rye sem ser julgado pela sociedade. Agora eu precisava achar um envelope e guardar a carta, junto com a primeira.
Ouvi alguém bater na porta do quarto. Se fosse alguns minutos atrás, eu permaneceria calado, e deixaria que continuassem batendo, mas agora eu já estava mais calmo, e seria bom conversar com alguém.
— Entra — falei da escrivaninha, enquanto terminada de guardar a carta em um envelope. A porta se abriu e o garoto de cabelos loiros bagunçados, e gravata frouxa entrou, era Brooklyn.
— Andy, eu te procurei pelo pátio todo. — disse ele, fechando a porta em seguida.
— O que aconteceu? — me levantei da cadeira e caminhei na direção dele.
— Eu que pergunto, o que houve com você na cantina?
— Não foi nada de mais — desviei o olhar. — eu só precisava tomar um ar.
— Você e a Beth brigaram de novo? — ele arqueou uma sobrancelha e permaneceu me olhando.
— Não, eu só queria ficar longe de algumas pessoas.
— Ta falando do Mikey? Olha Andy, ele não é a pessoa que nós pensávamos...
— Não, Brook, não tem nada a ver com o Mikey.
— Então qual é? — ele colocou as mãos sobre os meus ombros. — Andy, você sabe que pode confiar em mim, não sou apenas seu irmão, sou seu amigo também.
Pude perceber o tom de preocupação nos olhos claros dele, Brooklyn sabia que eu estava incomodado com algo, e se eu não contasse, ele iria descobrir sozinho.
— É a Sophia. — murmurei.
— A namorada do Rye?
— Ela não é namorada dele! — falei, em negação, tentando confirmar algo para mim mesmo. — ele apenas disse que estão juntos.
— E isso significa o que? — Brooklyn indagou numa pergunta retórica.
— Eu não gosto dela, não simpatizei com ela desde o que aconteceu no Dallas.
Ele retirou as mãos dos meus ombros, e esboçou um sorriso fraco de canto.
— Já entendi.
— Entendeu o que?
— Nada, entendi que você não gosta da Sophia, não precisa mais se explicar. — ele se deitou na minha cama e pegou uma miniatura de um bonequinho que estava no criado mudo, e começou a gira-lo nas mãos.
— Brook! — eu estava parado, encarando-o, esperando alguma explicação. — do que está falando, cara?
Ele riu.
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Cartas para Rye | Randy
FanfictionDepois de um ano longe de casa Andy Fowler volta para Londres, ele retoma a mesma rotina que tinha antes mas agora com algumas mudanças: ele terá que estudar em um colégio interno, e conviver com novas pessoas. As coisas...