O ar tremulou e a imagem de um homem caído surgiu. Charles tampou a boca com as mãos, porque ele reconheceu a figura imediatamente; Quíron. Seus cabelos castanhos estavam manchados com a cor vermelha. Pelo o que os cinco podiam ver, ele respirava. Mas, com dificuldade.
"Quíron! Pode me ouvir?" O filho de Hefesto chamou, mas nada aconteceu. Ele tentou olhar o cenário, mas a única coisa que pôde ver foi um rio escuro sob um céu negro. De repente, uma voz seca e profunda cortou o silêncio.
"θα συναντηθούμε σύντομα, τους ημίθεους." A língua era diferente, mas Charles sabia qual era: Grego Antigo.
Então, a transmissão começou a brilhar e um alto ruído de estática preencheu o campo. Todos os cinco tamparam as orelhas com as mãos e fecharam os olhos. Rápido como uma piscada de olho, a mesma voz falou: "Estou indo" e tudo voltou ao normal. Menos Alex. Sangue escuro escorria pelo seu nariz e seus olhos estavam profundos, como se ela tivesse sido amaldiçoada.
"Alex?" Grunhiu Sam.
"Ele está na casa de meu pai." A filha de Hades disse baixo. "O rio..."
"POR QUE FEZ ISSO?" Berrou Ted para Charles, interrompendo Alex. "ESSA ERA NOSSA ÚNICA CHANCE DE ACHA-LOS!"
"Sobre o que você 'tá falando?" Noah perguntou. Sua voz estava fraca por causa do poder que havia usado.
"OS DEUSES!" Seus óculos estavam na ponta de seu nariz. "ELES SUMIRAM HÁ TRÊS SEMANAS. HERMES, ARTEMIS, APOLLO, HEFESTO E AGORA DÍONISO!" Charles se sentiu horrível. Ele não sabia nada disso.
"Ted, fica calmo." Sam tentou dizer, mas o irmão ignorou.
"Mas parece que você só se importa com o que sente, não é?!" Ele agarrou Charles pela camisa. Ele estava tão atordoado que não reagiu. "Eu também sinto falta dele, mas os deuses são mais importantes!"
"Ted, solta ele." Noah disse e puxou o mais velho pelo braço direito. "Ele só está preocupado com Quíron. Só isso." Sua voz estava calma, mas seu olhar estava fixo no filho de Apolo, firme como gelo. Felizmente, Ted soltou Charles e voltou para o acampamento, pisando forte na grama úmida. "Levanta." O louro estendeu a mão para o amigo, que a agarrou.
Charles sentiu uma forte pontada logo abaixo de sua costela – no exato lugar que a marca estava. Ele levou a mão ao incomodo e os outros perceberam.
"O que foi?" Noah perguntou e se aproximou. "A marca?" Charles confirmou com a cabeça.
"Foi só uma dor instantânea, mas..." Ele olhou para Alex, que olhava para o estreito de Long Island. "Você disse que ele está na casa de seu pai, não é? O submundo!" Sua voz demonstrava esperança. "Precisamos encontrá-lo."
"Precisamos?" Indagou Sam.
"Sim! Ele cuidou de todos os campistas que vivem aqui, não só de mim, 'tá bom?" Sua voz estava um pouco trêmula. Charles sabia que se continuasse falando de seu salvador ele começaria a chorar. Na verdade, ele nunca contou o que houve em São Francisco para ninguém. E sentia que agora não é o momento. "Podemos ir para o Central Park. A entrada de Orfeu ainda está lá, né?"
"Não." A voz de Alex estava rouca. "Ela foi fechada na guerra contra Cronos. A única entrada que conheço fica em Los Angeles."
"Quê? Do outro lado do país?" Disse Sam, aturdida.
"É a nossa única chance." Noah olhou para as montanhas que cercavam o acampamento. O pinheiro de Thalia se erguia em um ponto, com o velocino de ouro cintilando em seus galhos mais baixos. Enroscado no tronco, dormia um dragão tão grosso quanto à árvore. Uma cena comum de americanos.
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A Marca dos Deuses
AdventureNoah acorda em uma noite tempestuosa, sua testa queima e seu corpo está banhado em suor. O sonho que tivera era estranho, era real. Em sua testa, uma marca surge. Uma constelação, assim como surgiu no corpo de outros três campistas. Não só sua vida...