Todo o vilarejo dormia o sono dos justos, quando Dardarius, Aryuba e Enlil entraram apressadamente na sala de Nikut. O amplo espaço vazio era iluminado por candelabros, as chamas criavam sombras dançantes na parede, aumentando a tensão nauseante de mal agouro. Nem seu assistente pessoal estava de prontidão, ao lado da porta, como um cão perdigueiro, um fato no mínimo incomum. Tehíade parecia um morto-vivo acorrentado ao calcanhar de seu mestre, pronto para servi-lo.Apenas a tropa que vigiava os muros e alguns boêmios estavam acordados. Dardarius um Bon Vivant, amante das jogatinas, praguejava ter abandonado o carteado antes de terminar a rodada. Intuía que a sorte voltaria a lhe sorrir e recuperaria todo o dinheiro perdido em uma sequência de derrotas, mas sabia que apenas seriam convocados se a situação fosse urgente. Urgência para Nikut era sinônimo de dinheiro.
— Senhor — chamou Aryuba.
. Um cheiro forte de fumo intoxicava o ar. Maldito vicio que aquele velho embusteiro adquiriu na juventude, durante os anos de treinamento na floresta.
— Estou aqui fora — gritou Nikut.
Havia um jardim de inverno quase secreto, repleto de plantas banidas dos outros reinos. Local proibido para curiosos, e entretenimento viciante para seletos convidados, que usufruíam gratuitamente de alucinógenos potentes.
Nikut, baforava um cachimbo fedorendo, na companhia de um senhor de longa cabeleira branca, uma altivez notável em seu rosto sereno, contrastava com a preocupação latente de Nikut. Suas vestes de gala denunciavam tratar-se de alguém importante, provavelmente de algum reino abastado, que veio contratar algum trabalho sujo. Algo muito comum no pequeno vilarejo incrustrado nas rochas.
Dardarius coçou a barba rala calculando mentalmente o valor da túnica, se pusesse suas mãos nela, conseguiria embebedar-se por meses, na companhia de belas mulheres de reputação duvidosa. Havia estrelas e luas bordadas com fios de ouro em sua gola, pedrarias desenhavam um dragão envolto na espada, sobre o peito e punhos. Um belo desperdício de dinheiro — Pensou.
—- Boa noite, mestre — disse Aryuba curvando-se respeitosamente. Nikut apenas balançou a cabeça.
— Preciso de vocês —respondeu sem cerimonias.
Olhares desconfiados foram lançados em todas as direções, com a perguntas implícitas em cada retina.— Como podemos ser úteis? —Questionou Enlil polidamente.
— Esse aqui é Solomon, do Reino de Dekien.
— Em Dekien não tem nem um conselheiro com esse nome, e as roupas dele não são militares. — Disparou Enlil.
O anfitrião arqueou uma sobrancelha, tragando com força seu cachimbo.
Aryuba examinou o visitante por alguns instantes, encantou-se com os ornamentos na vestimenta, o brilho da riqueza hipnotiza até os mais desprendidos. Sua atenção fixou-se demoradamente nos símbolos escarnificados no pulso direito do desconhecido, um pequeno pedaço de pele escapava dos punhos da vestes, alguns centímetros reveladores.
—Ordem? — Inquiriu Aryuba desconfiada.
Um silencio constrangedor se instalou entre eles, apenas o barulho das chamas ecoava pelo recinto. Nikut continuou a fumar ignorando a desconfiança d seus subordinados.
A Ordem era uma história mítica, uma lenda antiga, contada pelos mais velhos sobre bruxas e dragões para amedrontar as crianças, ninguém lucido acreditava em sua existência.
— Como ele atravessou os portões? Nenhum sentinela o viu — contestou Dardarius rompendo o silencio.
— A Ordem? — perguntou Enlil, sem alardes —- Pensei que fosse apenas uma lenda. E a magia é proibida na maioria dos reinos, e combatida nos outros. Ninguém se arrisca nos dias de hoje.
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Lurian. O segredo do reino.
FantasyPara alcançar o poder, eles libertaram até o mal. Para manter o segredo sacrificaram e selaram o destino de um novo hospedeiro. Para alcançar sua liberdade ela iniciará uma guerra.