Is It Love? Nicolae Sombras do passado...

Enfeitiçada...

P.O.V NICO

Saio desnorteado do quarto de Anna, as palavras dela me atingiram como uma faca no peito, vou direto para o dormitório e fico andando de um lado ao outro no meu quarto, sou surpreendido com a entrada de Sam.
- Posso entrar gatinho? – Ela se encosta na porta.
- O que quer Samantha? Não estou em um bom momento, vá embora.
- O que foi meu amor? – Ela vem até mim e me encara.
- É sério Sam, vá embora.
- É a Anna? – Sinto meu corpo retesar com o mencionar daquele nome. – Não precisa responder, vejo isso claramente. Quer conversar?
- Por que eu iria confiar em você?
- Por que esta arrasado, e não tem ninguém aqui para ouvi-lo? – Ela se aproxima passando as mãos pelo meu pescoço e me puxando. – Isso, me abraça, um abraço vai aliviar tudo, me fale o que aconteceu.
- Não foi nada, só que me enganei com algo.
- Se enganou? – Ela afrouxa o abraço, mas ainda continua colada a mim, suas mãos afagam o cabelo em minha nuca.
- Anna, esta estranha, ela... – Não parece certo eu conversar com a Sam sobre Anna, era algo íntimo, mas aquilo estava me dilacerando por dentro, Anna afirmou que não me amava, que foi um equívoco o que vivemos, eu tentei evitar mas Sam estava aqui, ela veio até mim.
- Nico sempre te avisei que ela não te amava, eu gosto de você, eu quem amo você.
- Sam já conversamos sobre o que aconteceu entre nós dois.
- Nico eu sei, e acho uma estupidez, eu amo você, ao contrário da Anna, eu tenho certeza de que o que vivemos não foi um erro, eu não precisaria raciocinar para ver o que sinto por você.
Aproximo meu rosto ao de Samantha, encarando seus olhos azuis, um sorriso se forma em seus lábios, nossas respirações estão curtas e aceleradas, ela se inclina para me beijar e a puxo para ficarmos à centímetros de distância e antes dos nossos lábios se tocarem eu pergunto a ela calmamente.
- Como sabe as coisas que Anna me disse? – Ela pisca confusa, pela surpresa do beijo não acontecer.
- O... O que disse? – Ela avança e a detenho.
- Me ouviu em claro e bom tom. Como sabe o que a Anna me disse?
- Você falou sobre o engano.
- Sim disse que me enganei, não falei que foi a Anna, e também não citei em momento algum qualquer relação ao termo raciocínio.
- Nico! – Ela aperta meu ombro e me encara nos olhos. – Você não ama a Anna, se lembra? É a mim que você ama.
- Sam. – Encaro seus olhos por um instante e sorrio, ela abre um sorriso de canto de boca e traz seu rosto próximo ao meu. – Devia ser mais esperta e lembrar que seus feitiços infantis não fazem a menor diferença em mim, não sou um marionete que irá controlar. – Seguro os braços de Sam que estão em meus ombros.
- Nico esta me machucando! – Ela fala tentando se soltar.
- Você é baixa Samantha, tentando me lançar um feitiço?
- Você me ama Nico, só ficou confuso em relação a chegada de Anna, ela é uma novidade e sei que você só esta assim pela euforia, a semana que tivemos jujunt, foi a melhor da nossa vida, da minha vida.
- Você é maluca? Sam foi só uma semana, só alguns dias.
- E foram os melhores da minha vida, não sentiu a conexão entre nós dois?!
- Não Sam, não existiu conexão, por isso acabou.
- Você não entende não é? Só acaba quando eu disser que acabou.
- As pessoas não são objetos, sentimentos não são passíveis de controle. Não pode interferir no coração de alguém.
- Você está enganado, está se enganando, é a mim que ama. – Ela me encara novamente tentando mais uma vez me enfeitiçar.
- Sam não seja ridícula, sabe da minha força, sabe da minha condição, você não irá conseguir me lançar um feitiço, apesar do estado que estou no momento não sou fraco como um huma... – De repente as coisas começam a ficar claras para mim, um lapso de realidade jorra na minha cara, as coisas que Anna disse, a Samantha no meu quarto após o tratamento frio de Anna, ela saber da nossa conversa. – Samantha você...Você enfeitiçou Anna?
- Nico não...Não seja ridículo. – Noto o desespero na voz e na risada baixa que Sam dá.
- Você, enfeitiçou Anna? O que fez com ela? – Tento controlar a ira em minha voz.
- Só fiz ela ver a verdade, que você é meu.
- Não acredito que seu egoísmo e loucura chega a esse extremo.
- Fica comigo Nico, já me livrei da Anna, ela vai seguir a vida dela, vai ser feliz, e você não será mais um risco para ela. Pense, ela irá levar uma vida normal, sem riscos.
- Essa decisão não é sua. E não é enfeitiçando Anna que irá me afastar dela, eu não amo você Samantha e nada no mundo me fará amar, principalmente após ver o quão covarde você pode ser. E mais uma coisa Sam, se afaste de Anna, esse seu joguinho de gato e rato pode muito bem ser jogado por dois, se você se tornar um perigo para Anna, eu me torno um para você, sinta-se alertada.
Solto Samantha e saio do quarto, ouço ela gritar meu nome na porta do quarto, não iria me dar ao trabalho ao ouvir o que ela tinha a dizer, mas por mais que eu amasse a Anna, Samantha tinha razão, essa era a chance da Anna viver em paz, seria a chance dela ter um relacionamento normal como era antes de eu entrar na vida dela. Ela poderia ter um relacionamento como o que ela teve um dia com Zack, sem riscos, somente os problemas normais de um casal. Me detenho e por maior que fosse indescritível o meu amor por Anna, eu tinha a chance de fazer diferente, eu podia aproveitar a chance da Samantha para deixar a Anna ser feliz, ela me esqueceria e o melhor, ela estaria segura. Mas eu seria capaz e conseguiria me afastar da mulher que amo, mesmo sabendo que eu era a pior escolha para ela, eu conseguiria desistir da melhor coisa que me aconteceu depois de tantos anos de sofrimento? Ou seria egoísta demais ao ponto de arrastar ela para o mundo de trevas em que eu vivia? Respiro fundo com aquele sentimento de peso em meu peito, suspiro por  longo momento e tomo minha decisão.