👑 Capítulo 5👑

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Alana

Acordo com o barulho do mar. Posso sentir a água varrendo sobre as minhas pernas e o gosto do sal no lábios.
Abro os olhos lentamente, mas os fecho quando a luz machuca meus olhos, tento novamente e espero minha visão se adaptar a claridade e aos poucos vou me dando conta do ambiente a minha volta, estou deitada na areia úmida a poucos centímetros do mar.
Tento me levantar mais uma dor excruciante toma meu corpo, principalmente meu ombro machucado, fazendo com que meus olhos se enchem da água.

Maldição! Eu não vou chorar.

Tomo uma boa respiração, me apoio no meu braço bom e me sento enquanto todo o meu corpo grita em protesto. Olhando envolta vejo apenas o mar se estendendo à minha frente, quilômetros de areia e as minhas costas árvores se estendem para o céu azul.

Mas como é que eu vim parar aqui?.

Sabe, com o meu histórico poucas coisas ainda me surpreende, no entanto, ser tele- transportada para uma praia desconhecida é algo novo pra mim.

Com muito cuidado eu retiro as tiras do meus saltos e meus pés gritam em alívio quando eu os afundo na areia molhada. Levo a barra do meu vestido a boca e puxo rasgando uma longa tira, repito o processo e amarro um envolta do ombro e com o outro eu faço uma tipóia improvisada para que eu não o machuque ainda mais.
Me levanto meio tonta e decido procurar por uma civilização. A menos que eu tenha sido jogada em uma ilha deserta é claro, o que considerando minha sorte deve ser exatamente isso.

Vou andando ou me arrastando, dependendo do seu ponto de vista, em direção as árvores e me embrenho no meio da mata a minha frente pisando com cuidado para não machucar meus pés descalços nos gravetos no chão.

Conforme vou me embrenhando cada vez mais fundo, mais densa a mata vai ficando e os galhos das árvores mais baixas arranham meus braços e puxam meu cabelo.
Graças a Deus eu não tenho um espelho, mas tenho certeza que eu pareço que estou fazendo teste pro elenco de The Walking Dead.

Algumas tempo depois me sento aos pés de uma árvore e apoio minhas costas, e minha cabeça no tronco, fecho os olhos e me deixo levar pelo o silêncio e pela dor. Eu andei por horas, o sol já está quase se pondo e eu não encontrei nenhum sinal de civilização. Estou com dor, com fome e tão cansada, mas isso poder se devido a perda de sangue, abro os olhos e passo a mão no tecido ensopado no meu ombro, alguns metros atrás eu tropecei em uma raiz e bati com força no chão o que fez com que meu ferimento abrisse novamente.
Puxando os joelhos de encontro ao corpo repouso a cabeça no tronco novamente e fecho os olhos deixando o silêncio a minha volta me dominar.

Eu devo ter dormido porque olhando para o céu eu percebo que já estar escurecendo, ouço um pequeno arquejo, como se alguém tivesse com dificuldades de levar oxigênio aos seus pulmões, ouço o som novamente e me levanto meio tonta me apoiando na árvore.
Um pouco a frente encolhido em um canto de modo que eu quase não o vejo devido a pouca luz percebo um gato preto. Ele solta um novo arquejo ao lamber a pata. E que pata.
Percebo que há algo longo encravado nela, me ajoelho em frente a ele e descubro que é uma flecha, tento aproximar a mão e ele Sibila pra mim.

— Eu sei como você estar se sentindo — digo apontado pro meu próprio braço. — isso deve estar doendo muito e eu só quero ajudar. Então, por favor não me arranhe.

Eu me aproximo novamente e ele olha desconfiado para minha mão, lentamente aproximo a minha mão tentando demonstrar que eu não sou uma ameaça, suavemente faço um carinho no pelo macio da suas costas, faço um pequeno afago atrás da orelha e ele ronrona baixinho, coloco a mão na sua pata machucada e puxo a mão rapidamente de encontro ao meu peito de maneira protetora.
O filho da mãe me mordeu.
Frustada e irritada, finalmente todo o estresse desse dia bate lágrimas grossas escorrem pelo meu rosto seguidas de pequeno soluços.
Eu tentei ser forte e ser positiva, mas isso é apenas...uma grande merda.
Eu provavelmente estou presa em uma ilha deserta, machucada e com fome, uma pessoa morreu provavelmente por minha culpa. A vida é uma grande merda e sabe o que é pior? Descobrir que no fundo desse poço tenha um porão me esperando.
 
Ouço um farfalhamento e lembro que tenho plateia, olho e vejo o pequeno demônio me olhando com seus fascinantes olhos esverdeados. Dou uma fungada e enxugo o meu rosto com a costa da mão.

A Rainha PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora