Isabele
A noite passou tranquila. Dormir ao som do silêncio, é maravilhoso. O ar fresco, e nada comparado ao da cidade, onde é pesado e poluído. O que me fez dormir perfeitamente bem.
Depois de ter tomado um banho morno e refrescante e cuidar do restante do corpo, resolvo ir tomar café, já que eles também tem horário pra tomar café. Ajeitei minha cama, e sai do quarto.
- Ah, me desculpe - Esbarrei em alguém, assim que me virei. Uma moça de cabelos escuros que vão até os ombros e da minha altura. Me encarou. - Te machuquei ?
- Olha por onde anda - Me espantei com seu tom. Acho que alguém acordou de mau humor hoje.
- Eu não te vi. Desculpa mesmo. - Estendo minha mão pra ela. Ela olha pra minha mão e depois pra mim. - Isabele.
- Isabele. Eu te desculpo, afinal, você não tem culpa por não saber olhar para os lados. Mas vamos deixar claro, eu não seguro na mão de qualquer pessoa.
- Estou apenas sendo gentil. Quase te machuquei, isso é o mínimo que posso fazer pra me desculpar.
- Então faça o seguinte. Não esbarre em mim mais, assim você não terá com o que se preocupar. - Ela me encara - Mas me diga, é nova por aqui, certo ?
- Sim. Sou neta da dona Olívia e Emanuel. - Ela faz um O com a boca.
- Neta dos empregados... Certo. - Ela dá um passo a trás, põe uma mão na cintura e outra no queixo e faz cara de pensativa - Vamos fazer o seguinte. Mantenha distância.
- Mas o que eu fiz ?
- Nada além de ser neta dos empregados. Então, deixa eu te dizer uma coisa - Ela se aproxima de mim - Cada um aqui tem o seu devido lugar. Quando foi que você chegou ?
- Ontem.
- Então vou te dar uma colher de chá. Os empregados ficam nos quartos lá em baixo, aqui em cima não. Cada um tem seus afazeres, e acordam primeiro que os donos da fazenda e não junto... No mesmo horário.
- Mas não sou empregada. Não trabalho aqui.
- Ainda não. Já que todos trabalham e ninguém fica atoa, a não ser os donos. Sei que arrumará alguma coisa, e espero que seja logo. - Ela se distancia - E pelo seu porte, acho que nunca trabalhou na vida.
- Nunca julgue alguém pela aparência. Posso ter a aparência de que nunca trabalhei na vida, mas faço o que me convém e o que posso.
- Bom saber disso - Ela me olha outra vez de cima a baixo - Se não se importa, tenho mais o que fazer. - Virou de costas e começou a andar mas parou e se virou - Não vá demorar, o dia não tem vinte e quatro horas. - E saiu andando.
Ela parece muito com as garotas em que conheci. Mas como eu disse a ela, não tem que julgar as pessoas pela aparência.
Dou de ombros com meu próprio pensamento, e resolvo ir tomar meu café, ou minha barriga pode começar a gritar a qualquer momento de fome.
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Como se não houvesse o amanhã
RomanceIsabele nasceu em berço de ouro, mas isso nunca significou nada para ela, por ser uma menina de um coração enorme e gentil. E muito menos, para as coisas em que viveu a vida toda, pelas pessoas a sua volta. Os pais então resolvem mandar ela, ir mora...