a Despedida

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Taehyung parte amanhã de manhã. Soube que sua mãe iria visitar seu quarto para ajudá-lo a organizar suas coisas, já que ele não era muito bom nisso. Então, fiquei fora de lá, esperando que quando estivéssemos seguros, viesse até mim.

Fui até a sacada do meu quarto, me debruçando no ferro a escutar o barulho do vento e das árvores balançando, atentamente. Encarei o campo extenso à minha frente. O celeiro a alguns metros, o curral, o estábulo e os tantos outros lugares onde meu pai cuidava de animais. Tínhamos quase de tudo, e cuidar de tudo isso exigia certa quantidade de ajudantes.

Mas da casa, minha mãe quem cuidava. Isso era um combinado entre ela e meu pai. Ninguém mexia na casa dos meus avós. Só ela.

Passei o dedo pelo ferro vendo o que havia lá embaixo. O senhor Kim guardava duas malas no carro logo de noite, e eu podia ouvir meu pai perguntando a ele se precisava de ajuda com mais malas, antes de entrarem para dentro.

Suspirei, me virando para o rumo do meu quarto, me apoiando na grade, prestes a me sentar.

Pensei em coisas boas. Muitas coisas boas. E me recusei a tornar essas últimas horas num peso.

Pensei em chocolate. Em Big Ben. No bolo de cenoura da minha mãe.

Pensei em bebida alcoólica. Jogos etílicos. As festas que ia na floresta.

Pensei em Namjoon. Nos meus amigos. Nas lembranças boas que três anos de ensino médio haviam me trazido.

Pensei em Taehyung. E tudo que tem acima não fez sentido mais.

Resmunguei comigo mesmo, levantando uma perna na sacada e me sentando.

Não seria mais fácil se a natureza me fizesse apaixonar por algum garoto das redondezas? Ou melhor, por uma garota?

Mas não, nada vem tão fácil assim.

Resolvi ir tomar um banho, já passavam das onze. Amanhã acordaria bem cedo para passar meus últimos momentos com ele.

Depois que me ajeitei para dormir, desliguei a luz do quarto e me deitei na cama. Cansado como estava, adormeci.

Mas daí, no meio da noite, ou talvez alguns minutos depois, senti braços me rodearem. Segurei as mãos de Taehyung contra mim, voltando aos meus sonhos felizes.

Uma continuação de nós.

6 ponteiros de horas depois

"Bom dia," ouvi, virando o rosto do seu sussurro que incomodou meu ouvido. Virei-me na cama de bruços, sentindo minha cara amassada no colchão. "Eu disse: bom dia, Jungkook," ouvi seu riso. Resmunguei baixinho como resposta, ainda de olhos fechados. Seu corpo foi deitado por cima do meu, pressionando minhas costas e minha bunda.

"Hummm, sai daí," protestei com poucas palavras, ouvindo seu riso anasalado. Podia sentir seu queixo nas minhas costas.

"Estou grávido." disse do nada, me fazendo arregalar os olhos, conseguindo com que me sentasse desperto na cama. Taehyung caiu no colchão ao meu lado. Ouvi sua risada.

"Já passou por algo assim? É um alívio que as pessoas com quem transo não engravidem." sorriu, deitado de lado no colchão. Suspirei, me lembrando de repente que homens cis ainda não engravidavam.

"Oi, Taehyung. Bom dia." me senti como lixo de repente, me lembrando que eram suas últimas horas comigo. Aproximei-me de si, abraçando seu corpo feito um coala.

"Oi, Kook. Vamos descer e tomar café?" acariciou meu cabelo, e assenti, afastando meu rosto e o olhando. Bufei, ganhando um olhar confuso seu. "O que foi?" riu, sem entender.

366 dias [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora