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❝ No momento em que te vi, soube que minha vida nunca mais seria a mesma.❞
Desconhecido


        Ainda consigo lembrar do vento agredindo meus cachos soltos, enquanto corria para pegar o ônibus.
Me lembro do olhar descontente do motorista por ter me esperado. E me lembro de você.

Me lembro, porque quando entrei naquele ônibus senti minha pele formigar, seguido de uma certa timidez que nunca me atingiu quando percebi que alguém me observava e dessa vez não era o motorista.

Procurei pelo calor do olhar que estava me incendiando e encontrei seus olhos.
Aqueles malditos olhos castanhos.
E caramba, eu me apaixonei por eles.

Na verdade eu me apaixonei por cada detalhe seu: seus lábios opulentos, bem desenhados. Seus cabelos dourados em ondas, delicadamente depositados em seu ombro. Pelo cheiro que sua pele emanava.
A covinha que se formou em sua bochecha direita, quando passei por você e você me lançou um sorriso.
E por fim, me apaixonei pelo seu sorriso e seus pequeninos dentes.
Era um sorriso sútil, mas que me deixou extremamente fascinada por você.

Eu nunca cheguei a pensar em alguma coisa que eu quisesse muito além da dança, mas quando você sorriu para mim, eu quis ter aquele sorriso direcionado à mim, pelo resto da minha vida.
Eu queria acordar e ter seu sorriso como a primeira visão do meu dia.

Garota, você não sabe como eu te queria.

Você era incrível!

A perfeição em forma de mulher.
Não estou mentindo.

Havia alguma coisa que me fez perceber ali, que eu nunca me esqueceria de você. Eu sabia... E talvez você também soube no momento em que sorriu para mim.

E naquele momento, eu desejei ter seu coração... Me lembrarei de tomar cuidado com o que desejo.

Quando sentei no último banco do ônibus, pude soltar o ar que não percebi ter prendido.
Mas essa sensação não passou. Notei a constância que meus olhares se direcionavam a você. E na maioria das vezes, você estava me retribuindo.

Eu não tinha ideia do que se passava em sua mente. Minhas mãos começaram a suar e eu me remexi no assento daquele banco quando você olhou novamente para mim, agora com mais intensidade.
Eu senti um calor, inexplicavelmente, bom subir pelas minhas pernas, me deixando confusa.

Eu senti seu toque com apenas um olhar...
Eu nunca me senti assim com ninguém, você fez isso comigo.
E você foi a única.

Ficamos assim por minutos quando a vibração do meu celular me tirou desse estado de êxtase.

— Normani, você está atrasada.

— Eu sei, eu sei, Ally. Eu chego aí em alguns minutos. Perdi o ônibus...

A voz do outro lado da linha falou alguma coisa e eu não dei mais importância quando notei que você estava se levantando. Acompanhei cada passo seu, seus olhos se encontraram com os meus, notei que você esperava por algo e quando não obteve, desceu do ônibus.
Eu pude ver através da janela de vidro, que você ainda olhava para mim. Tudo parecia estar em câmera lenta.

E foi aí, que eu percebi que tinha te perdido.

Droga! Eu não acredito que não fiz nada para te manter em minha vida.

Todos os dias, eu cruzo com pessoas incontáveis andando pelas ruas... Em cada uma delas, há uma experiência vivida, seja ela triste ou feliz. Em cada uma delas, há um universo pitoresco, cheio de aventuras ou não aventuras que eu jamais participarei.

E eu sentia que você seria uma dessas pessoas, mas eu não queria acreditar.

Não queria acreditar que te perdi para um destino miserável que estava pré escrito para mim.

Heartbeats | Conto NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora