Jimin

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"Somos os descendentes das bruxas que não puderam queimar"

 Divisão de classes não é uma coisa contemporânea, mas que já vem de mais de seis séculos atrás. Tirando os dias de hoje, a era medieval foi o tempo em que mais julgaram sem nem ao menos conhecer.

— Senhor, deixe-me explicar! Eu não estava fazendo nenhuma obra maligna, apenas um chá para minha mãe que está doente. 

— Bruxa dos infernos!— o reverendo bateu no rosto da moça, a fazendo cair no chão novamente.— Não mintas, eu a vi fazendo oferenda para Satã! 

 O reverendo da aldeia tinha pego Sn misturando algumas ervas enquanto murmurava coisas, que para ele eram desconexas. Sem pensar duas vezes, ele a arrastou pelas vestes até o meio da praça, e começou a acusar de bruxaria.

 O povo era cego, e pela falta de conhecimento, acreditava em tudo o que lhe era dito, sendo assim, mesmo todos conhecendo a menina, ninguém se mexia para a ajudar, com medo que ela estivesse envolvida com magia negra. 

— Já lhe disse que não sou uma bruxa! Vá até a minha casa, mexa nas minhas coisas, e volte com o rabo entre as pernas quando não encontrar nada para me incriminar. 

— Bastarda arrogante— o homem ergueu a mão novamente para bater na menina indefesa, mas foi impedido por outra mão.

— Por que estás batendo na garota? Você nem tem provas de que ela estava cometendo algum tipo de ritual, apenas a viu mexendo com ervas, e pelo o que sei, reverendo, todos os remédios que uso vem dessas plantas. 

— Park Jimin, desde quando um médico contesta a autoridade do reverendo? Esquecestes que estou acima de ti? 

— Esqueci não, senhor, apenas dou ouvidos à minha razão, para não condenar mais uma jovem moça sem ter prova alguma— Jimin solto a mão do homem, e ajudou Sn a se levantar.— E antes que pense em agredir de novo qualquer pessoa por conta de suas tolices religiosas, tenhas ao menos provas, uh?

 Jimin levou Sn para dentro, a colocando na mesa em que cuidava de seus pacientes.   

— Obriga, senhor, por ter me ajudado. 

— Acho ridículo machucar pessoas sem provas— ele examinou um pouco o rosto da menina, vendo o mesmo tomar uma tonalidade arroxeada.— Terei que colocar um emplasto de algas no seu rosto, ou a bela moça ficará com um belo machucado— ele sorriu docemente.

— Não tenho dinheiro nenhum, não posso pagar por qualquer remédio— ela olhou para baixo, vendo como seu vestido havia ficado sujo por ter sido jogada no chão.

— Eu não disse nada sobre pagar, bela moça— Jimin sorriu novamente, já  preparando o remédio.— Não se mexa, ou ficaras com o vestido ainda mais imundo— ele riu brevemente, passando a pasta sobre a bochecha direita dela. 

— Por que está sendo tão gentil?

— Quando minha mãe era viva, sempre me disse que moças se apaixonam pelo jeito com que são tratadas.  

— Estás tentando ganhar o meu coração?— ela olhou surpresa para o jovem médico, que concordou sorrindo. 

— Espero que eu tenha alguma chance com a senhorita. 

 Park Jimin era o médico que havia acabado de chegar ao vilarejo, e por ter vindo da capital, ele não tinha todas essas superstições, e muito menos acreditava nessas coisas. Ele também era muito bonito com seus traços orientais, e todo o seu jeito conquistador.      

 Além de ajudar Sn com o rosto e o braço machucados, ele arrumou a sua pequena maleta de foi até a casa da menina, para ver qual era a situação da mãe dela, que já estava enferma há muitos dias. 

 O diagnóstico fora nada bom, já que segundo os sintomas que a mulher estava apresentando, ela deveria ter comido um dos cogumelos tóxicos que cresciam perto da margem do rio. Para não deixar a mulher com medo, ele contou a verdade apenas para Sn, para que ela se preparasse caso o pior acontecesse.

 E ele aconteceu, a mãe de Sn morreu cinco dias depois que o doutor Park estivera na casa examinando a mulher. 

(...)

 Muitos dias se passaram, e a relação que Jimin e Sn construíam ficava mais forte, e interessantes a cada sol que nascia. Hoje ele estava mais que decido a dar mais um passo, ou seja, pedir a bela moça em noivado.  

Ele a procurou em todo lugar do vilarejo, e ninguém tinha visto ela desde de manhã, o que estava causando um aperto no coração de Park Jimin. Foi então, que a ficha lhe caiu, já que o reverendo também não tinha sido visto desde a manhã. 

 Park Jimin correu como pode, até as matas do sul, que era o local onde ocorriam os executamentos das pessoas consideradas envolvidas com magia negra, e obras do diabo. Quando chegou, encontrou a cena que mais temia. 

 Sn estava com a corda em seu pescoço, com seu rosto, peito e braços flagelados com sangue escorrendo. Ela ainda estava viva, mas faltava muito pouco para desmaiar e acabar morrendo enforcada.

 Sem se importar se suas pernas estavam doendo, Jimin correu até ela e subiu os degraus de madeira, tentando tirar a corda do pescoço de Sn sem a derrubar do caixote que estava apoiando os pés descalços da mesma.

— O que pensas que está fazendo?— o reverendo apareceu, com uma expressão nada boa. 

— Salvando uma vida inocente— Jimin tentou cortar a corda com a pequena adaga que carregava. 

 Quando estava quase conseguindo, ele sentiu o impacto com o chão quando o reverendo o atacou, o derrubando e o acertando no rosto com um pedaço de madeira. Jimin ainda segurava a adaga em sua mão esquerda, e não pensou muito antes de ferir o homem que estava o segurando no chão. 

 Jimin não o machucou para matar, como era médico, sabia os pontos que poderiam ser acertados apenas para causar dor e deixar o adversário impotente, que foi exatamente o que ele fez. 

 Depois que se levantou do chão, ele voltou até Sn e finalmente conseguiu a tirar de lá, a pegando no colo e voltou para a aldeia carregando a menina em seus braços. Quando Sn recuperou a consciência, estava dentro de uma carruagem, com Jimin cuidando de seus machucados.

— Para onde estamos indo?— ela sentiu a ardência quando o remédio entrou em contato com o ferimento aberto em seu tórax. 

— Para a capital, aonde ninguém fará isso com você— Jimin continuou a cuidar dos machucados da menina, que vez ou outra reclama de dor. 

— Como sabias que eu estava lá?

— Ouvi meu coração, e ele dizia que você estava em perigo— ele acariciou brevemente a pele macia do ombro descoberto da garota.— Não tive outra escolha se não procurar, e salvar a ti, bela moça— ele sorriu, dando um beijo nas mãos delicadas. 

— Podes parar de me agradar dessa maneira, senhor Jimin, já conseguiu o que queria— ela sorriu olhando para o médico. 

— Consegui?— ele parecia surpreso e confuso. 

— Conseguiu sim— ela segurou no rosto do rapaz.— Meu coração pertence a ti agora— ela beijou os lábios que há muito tempo ansiavam por aquele beijo.

13.04.2018 

Pedido por JuKookie_01

Pedido por JuKookie_01

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