CAPITULO 14

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Mas quando acontece a primeira agressão, abrimos a porta para que aconteça mais uma vez. Não adianta fugir do inferno, se você abre a porta pra ele. Se você mesma se propõe a isso. E foi o que aconteceu comigo. Deixei-me levar pela emoção, pelo comodismo e pelo amor. Deixei-me levar pela esperança de uma vida melhor, dos planos anotados na agenda, das juras de amor ao pé de ouvido e do meu fantástico mundo perfeito, que criei somente na minha mente, na minha cabeça.

As primeiras semanas foram maravilhosas. Estávamos em lua de mel. Mateus sempre carinhoso, sempre querendo fazer as minhas vontades, e eu, sempre tentando fazer as vontades dele.

Mas quando existe o primeiro desrespeito, tanto verbal, quanto corporal, há possibilidade de ter novamente.

Um dia nós estávamos bebendo em um bar próximo de casa com amigos. A saideira nunca saía e nós também. Começamos a beber a noite, e sem perceber, o dia começou a clarear.

Conseguimos fechar o bar e fomos pra casa. Uma amiga que estava conosco também foi. Ficamos conversando até o outro bar abrir, pois queríamos beber mais.

Quando o bar abriu, eu mesma fui comprar a cerveja, coloquei uns óculos escuros e caminhando cruzando a calçada. Fui na rua umas três a quatro vezes, até que Mateus diz do nada.

- Vou trabalhar.

E logo após essa nossa amiga:

- Ai, acho que já está na hora de ir embora, né?

Eu estava bêbada, mas não estava burra. Planejando contra mim na minha própria casa? Bem, como eu expliquei anteriormente, não era a minha casa, mas era como fosse.

Sem que a nossa amiga visse, falei com Mateus no canto, que fez questão de gritar gesticulando, que eu estava com ciúmes dela. Não era ciúmes, era apenas o motivo que posso ter cara de otária, mas eu não sou.

Arranhei o rosto dele, foi quando toda a confusão começou. A amiga tentando separar, e eu, não tendo forças para enfrentá-lo, sendo puxada pelos cabelos. E mesmo depois de tudo se acalmar um pouco, eu estava sentada na porta da casa dele, e ele pegava a minha cabeça e batia contra o portal. A força era tanta, que até hoje não sei como não tive um ferimento mais grave, não sei como não sangrou e não precisei levar pontos. Ficou só um galo.

A amiga foi embora, ele não foi trabalhar, porque não havia nenhum trabalho. Provavelmente iriam se encontrar em algum mato da vida, ou na casa dela, ou até mesmo em um motel.

Desta vez eu me calei. Não contei a ninguém o que houve. E quando eu fui dormir, só ouvi um sussurro dele dizendo "não traga mais piranha pra dentro de casa".

Helena - Entre a vida e a morte. Baseado em fatos reais.Onde histórias criam vida. Descubra agora