CAPÍTULO 15

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Uma bela noite ele resolveu sair pra beber sozinho com amigos, e eu resolvi fazer o mesmo. Geralmente eu não saia pra beber sem ele, vivia como carrapato, sabe? Mas cansei de ficar em casa esperando ele de madrugada aos prantos, e quando ele chegasse, era mais uma briga, ou até mesmo, eu já estava dormindo.

Ambos estávamos em lugares diferentes, mas neste dia, infelizmente, ele chegou primeiro em casa. Já era de manhã, as duas colegas que estavam bebendo comigo me deixaram em casa, e eu entrei tentando não fazer barulho.

Quando o vi deitado, a raiva subiu pelo meu corpo. Eu já estava alcoolizada, e pra ser sincera, nem sei se realmente ele estava dormindo.

Sentei-me no sofá e comecei a falar no celular. Eu não estava falando com ninguém, eu queria era que ele sentisse a mesma dor que eu senti. A dor da traição, da troca, a dor de você se sentir inútil. Foi quando eu conheci um monstro, foi quando percebi, que ele não era o que eu pensava, ou até eu mesma já sabia, mas tentava esconder isso dentro de mim.

Mateus levantou da cama e imediatamente me deu um soco na cara. Eu tentei fugir, mas neste momento, ele me empurrou no sofá e acabei sentando em cima dos meus óculos de grau. Neste momento, ele pegou o celular da minha mão e tacou com força no chão da cozinha. Não satisfeito, tacou novamente no chão, até todas as peças se espalharem e a tela de vidro esfarelar.

Eu gritava por socorro, mas ninguém me ouviu. Levei muitos, inúmeros e vários socos. Tentei fugir, consegui correr e abrir a porta, mas não consegui chegar até o portão. Fui puxada pelo cabelo e arrastada até dentro de casa novamente, e fui entre a televisão, que acabou caindo no chão. E eu acabei caindo na cama batendo com a cabeça bem forte na parede.

Eu gritava muito. Eu pedia socorro. E quanto mais eu gritava, mais ele ficava com ódio. Parecia outra pessoa, parecia estar possuído, aquele olhar não pertencia a ele. Não era o homem por quem eu me apaixonei.

Para que eu me calasse, ele pegou um pedaço de madeira, e ameaçou me bater se eu não calasse a boca. Foi quando me calei.

Minha mãe não estava em casa, mas estava viajando, mas eu sabia que ela poderia chegar, e eu queria deixar tudo organizado, já que a minha tia que estava doente, iria ficar uns dias conosco. Consegui chegar em casa, ligar pra minha mãe inventando uma desculpa qualquer e voltei para a casa de Mateus. Fiquei dois dias lá, não em cárcere privado, porque eu quis mesmo. Queria sumir por uns dias pra ninguém ver as marcas do meu corpo. Mas cada pedaço daquele lugar me lembrava da cena de terror que eu havia passado. O meu medo de morrer gritou mais alto.

Depois de me bater, me abraçou, me ajudou a passar pomada nos machucados. Em toda a parte roxa do meu corpo. Ainda pegou água para eu tomar o meu remédio e eu consegui dormir. Era a noite. Acordei pelo meio da madrugada, mas ele não estava. Não apareceu até a noite do dia seguinte, foi quando eu decidi que era a hora de partir. Qualquer dia eu acabaria morta, e ele, preso.

Com o sumiço dele, consegui pegar as minhas coisas, vender o fogão novo que havia ganhado da minha mãe e pegar a geladeira nova, que eu havia acabado de comprar.

Vendi tudo a preço de banana. Mas viveria longe dele.



Helena - Entre a vida e a morte. Baseado em fatos reais.Onde histórias criam vida. Descubra agora