A Testemunha

Início de uma investigação

Passou-se uma semana depois do ocorrido.O bairro não era mais o mesmo, estava conturbado, as pessoas só falavam na morte de Harbart.Fifi nem saia mais de casa, o que era extremamente estranho.Tentei ir à casa dela algumas vezes, mas os empregados sempre me falavam que ela estava indisposta.O pior é que eu tinha certeza de que ela sabia de algo importante, eu só não tinha ideia do que poderia ser.

Uma coisa eu já sabia.Clarice Gullar não era a única acordada durante aquela madrugada.Filomena também observava a mansão.Mas, uma coisa posso garantir.As luzes da casa dela estavam mesmo apagadas.Claro!Que tolice a minha.Ela já era experiente no quesito "vigiar a vida dos outros" e certamente conseguia fazer isso com as luzes apagadas.Bom,pensando bem a única coisa que estava acesa em meu quarto era o abajur, que, em minha opinião, não era tão iluminado assim.Mas,de qualquer forma,Fifi havia visto a luz do bendito abajur e agora sabia que eu estava tão acordada quanto ela.

Já eram seis e meia da manhã e eu estava em frente ao espelho me arrumando para ir ao colégio.Soltei meu cabelo ondulado,longo e castanho claro.Me aproximei do espelho analisando minha pele morena,tentando encontrar uma espinha ou mancha.Felizmente não encontrei nada e ri de mim mesma.

Márcia me chamou e desci sem demora.

Papai estava sentado à mesa, me aguardando.Desde que Harbart faleceu,a empresa ficou sob a direção do filho mais velho,Richard Harbart.Era um homem de aproximadamente trinta e cinco anos,loiro,alto e com olhos verdes claro.Ele e meu pai se aproximaram bastante ao longo da semana, o que de certa forma foi bom já que papai acabava sabendo das novidades e me passava as informações casualmente.

-O resultado da autópsia saiu! - comentou papai

-E então? - Perguntei curiosa

-Parece que encontraram uma substância no corpo de Marco Harbart e no copo em que ele bebeu suco - Falou papai como se estivesse escolhendo as palavras - Cianureto!

-Veneno? - falei completamente surpresa

-Sim - disse meu pai - Harbart foi assassinado!

...

Minha manhã já havia começado tensa.Havia descoberto que minhas suspeitas tinham mesmo fundamento.A madrugada foi,como disse Fifi,mais misteriosa do que eu podia imaginar.Algo  muito sério aconteceu,meu vizinho foi morto de uma forma tão cruel.Enquanto pensava só conseguia lembrar de Harbart se debatendo naquela poltrona.Foi,sem dúvidas, uma das cenas mais assustadoras que já vi em toda a minha vida.Claro, são apenas dezesseis anos de existência, mas com toda a certeza aquela será uma das lembranças que me marcará para sempre. José me levou até o colégio e fui o caminho inteiro refletindo sobre aquela história louca.

Eu,Alice e Diego éramos da mesma sala, porém,durante a aula não conseguimos nos falar, de modo que aguardei ansiosamente até a hora do intervalo.

Assim que sinal soou puxei meus melhores amigos para um canto reservado, impedindo-os de lanchar ou de fazer qualquer outra coisa.

-O que houve?Quem morreu agora? - Perguntou Diego aborrecido.

-Quero falar sobre a morte de Harbart! - Respondi eufórica

-Claro,nós só temos falado disso desde que ele morreu! - Retrucou Alice

-O resultado da autópsia revelou que Marco Harbart foi envenenado com cianureto.Ele foi assassinado!

Meus amigos me olharam abismados.

-Assassinado?Quem faria isso? - Assustou-se Alice

-Só pode ter sido alguém da própria mansão! - Falei - Não havia sinal de arrombamento, roubo ou qualquer coisa que levasse a pensar que foi um estranho.Sendo assim, só pode ter sido alguém da família ou um dos empregados!