Interrogações

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Devo confessar que tive vontade de sair correndo e desistir dessa loucura de investigação. Mas, ao mesmo tempo em que a morte me assombrava, sentia que estava cada vez mais perto da verdade.

Depois de minha conversa com Silvério, sai para procurar Beth e Anthony. Diego me acompanhou ainda mais assustado. Antes de procurar meus alvos, escrevi em minha caderneta tudo que havia apurado até aquele momento. Em seguida, guardei-a em meu bolso e segui até a casa dos fundos. Diego resolveu me seguir, estava mais atordoado que o normal.

Avistei Anthony de longe. Estava pintando um banquinho em frente à sua casa.

-Olha! - Sorri admirando-o, era um rapaz bonito.

Ele olhou para nós e sorriu gentilmente. Senti uma pena em imaginar que um rapaz tão simpático pudesse ser o assassino.

-Estão se divertindo? - Perguntou ele.

-Não tanto quanto você! - Sorri.

-Bom, eu gosto de me ocupar um pouco.Me acalma, sabe.É como se fosse uma terapia.Realmente me divirto pintando este banquinho!

-Garanto que não como o pessoal que está na piscina! - Gargalhou Diego.

subitamente, Anthony mudou de expressão.Aquele jovem simpático transformou-se em um sujeito com os olhos irados e o semblante completamente irritado.

-Tem razão! - Disse ele disfarçando a raiva com um sorriso.

-Bom, eu posso ajuda-lo? - Perguntei. - Nós também adoramos pintar!

-Fale por você, Clarice! - Interveio Diego - A piscina sempre me pareceu mais prazerosa!

Tive vontade de dar um tapa na cabeça de Diego. Acho que ele percebeu e acabou concertando o próprio erro.

-Nossa! Hoje eu acordei com uma vontade enorme de pintar! - Exclamou Diego.

-Bom, tem mais aquele banco ali - Disse ele apontando para o outro banquinho - Fiquem à vontade.

-Acho muito irado quando falam, "Comam à vontade", "Divirtam-se à vontade", mas "pintem à vontade" não me parece nenhum pouco animador! - Resmungou Diego pegando um pincel do chão.

-Você conhece a família Harbart à muito tempo não é mesmo? - Perguntei enquanto pintava.

-Desde que nasci! - Sorriu ele - Cresci pertubando esse povo!

Eu sorri.Perturbar, eis aí uma palavra que eu conheço muito bem.

-São gente boa! - Falei com um leve sorriso.

-Não costumo generalizar.Existem os bons e os ruins! - Sorriu ele

-Por exemplo? - Perguntei.

-Ruim só pode ser a loirinha azeda! - Respondeu Diego.

-Pior que não. Bons, posso dizer que seriam Elisa, Richard, Vitória. Ruins, acho que seriam o próprio Harbart e Eric! - Respondeu ele.

-Harbart? - Perguntei surpresa.

Foi uma surpresa ouvir isso. De Eric eu até podia esperar, afinal, ele não é lá muito agradável mesmo. Mas Harbart ? Até então só me falaram o quanto Marco Harbart era admirável. Anthony, porém, trouxe uma nova visão sobre a mesma pessoa que antes era digna só de elogios.

-Sim. Ele mesmo! - Respondeu ele secamente - Harbart foi uma das piores pessoas que já encontrei nesta terra.Devo confessar que desejei profundamente, que ele morresse! Agora, porém, devo dizer que lamento sua morte.Não gostaria que as coisas terminassem assim...

A TestemunhaOnde histórias criam vida. Descubra agora