Capítulo 10

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    ■Maya■

     11 de agosto de 2016, o dia está ensolarado, coloquei minha saia florida e rodada, minha camisa branca com diversos corações e meu tênis preto. Costumo ir pra escola á pé, é um bom momento pra agradecer por mais um dia e desejar que ele seja ótimo.
       Cheguei e vi Luke encostado no corrimão da escada, com sua jaqueta de sempre, a blusa azul marinho que dei de Natal pra ele, uma calça jeans desgastada e o tênis cintilante de tão branco.
      - Bom dia Solzinho. - sorri e beija minha testa.
     - Bom dia. - digo e sorrio.
   
      Luke tinha me dado o apelido de Solzinho por causa do meu cabelo loiro e no diminutivo por conta de ele ter 1.80 e eu 1.60. Eu sempre gostei, sempre achei fofo.
      As aulas passavam rápido, não via a hora de me formar e ir para a faculdade, meu sonho é cursar biologia.
      - Ei amor, pega a fita 15. - aponta para o porta luvas do carro.
      - Toma. - entrego e ele coloca no toca fitas. Sim ele tem um toca fitas, ele gosta de coisas antigas, assim como eu, ele enumerou as fitas porque eu não sabia o nome de cada uma.
       Estavamos indo para o observatório, costumávamos ficar lá até durante o dia, era um lugar legal, era o nosso lugar. Foi lá que ele me levou no nosso primeiro encontro, no oitavo ano, nesse dia beijei pela primeira vez na vida, e foi bom até, estava escurecendo, uma verdadeira cena de filme.
      - Você precisa de calças novas! - falo fechando a porta do carro.
      - Eu gosto dessa. - explica.
      - Eu sei, mas logo logo ela rasga bem no meio da sua bunda e você vai andar de cueca. - abraço sua cintura e ele ri.
      - Tomara que isso aconteça. - bato na barriga dele e ele geme de dor.
      Fico perto do banheiro esperando ele, quando seu telefone toca na mochila. Pego só pra ver se é a mãe ou alguém que pode ter uma emergência, fico confusa quando vejo o nome de Eliza na tela, porque ela ligaria pra ele? Resolvo atender.
     - Alô? Amor? - ela disse rápido.
     - Eliza? Acho que você ligou pra pessoa errada.
     - Ai nossa! Desculpa foi mal, posso ter discado errado. - diz nervosa.
     - Não, tudo bem. - digo e desligo.
     Ok, enganos acontecem certo? Luke  volta e aproveitamos a noite até chegar a hora de ir embora.
     Quando chegamos na porta da minha casa, ele desliga o carro e vem em minha direção, mas eu recuo.
      - O que foi? Você tá toda estranha. - volta para o lugar.
      - A Eliza. - digo simplesmente.
      - O que tem ela? - pergunta nervoso.
      - Ela te ligou, atendeu dizendo amor. Pode ter sido engano certo? - pergunto e olho para ele.
      - Claro, por que ela me chamaria de amor?
       - Pois é. Acho melhor eu ir. - abro a porta e tento sair, mas ele fecha a mesma.
      - Não vai ficar chateada né? Foi um engano. - coloca a mão na minha coxa.
       - Não vou. - dou um selinho e saio do carro.

      Não consegui dormir, isso com certeza me deixou desconfiada, eu confio nele e sei que ele me ama. Isso não foi nada, somos imbatíveis, como ele mesmo diz.
        
     Hoje é domingo, resolvi ir ver Luke.  Seus pais foram para um cruzeiro e ele está sozinho, então vou levar um bolo e passar a tarde lá, tentei ligar para ele, mas ele não atende, único jeito é ir até lá, tomara que ele esteja.
     
      Bati na porta, mas não tive resposta. Em casa ele está, o carro está aqui, a TV parece estar ligada. Bato novamente e nada, decido ir embora. E foi ai que a porta abre, e lá estava. Eliza com a blusa azul marinho que dei pra ele, vermelha como um tomate e com o cabelo preto todo bagunçado.

  Burra, burra, burra.

    Consiguia ouvir meu subconsciente falando e quando me dei conta estava chorando.
     - Merda, Maya olha eu.. - ela tenta criar algum tipo de explicação, mas eu a interrompo.
     - Não precisa. Sério eu.. Toma. - vou em direção dela e entrego o bolo. - Vocês devem estar com fome. - digo sarcástica e Luke aparece.
     - Maya, volta aqui, ei eu posso explicar tudo. - segura meu braço.
     - Explicar o que? O que é fazer sexo? Vai se fuder Luke. - é, acabei de falar palavrão, o que raramente acontece. 
      - Desculpa, eu só, não sei... desculpa mesmo. - me solta e coça a cabeça.
      - Desde quando? - pergunto e aponto pra Eliza, que coninua estática na porta.
      - Janeiro. - diz simplesmente.
      - Ata. - abaixo a cabeça e tento me recompor. - Tanto faz, isso acabou de qualquer forma mesmo e aliás,  deveria ter dado a camisa pra você Eliza. Ela fica melhor em você. - olho pra ela e saio andando.
    
     Isso mesmo, acabei de descobrir que fui traída, nem eu acredito no quão fui ingênua de acreditar que ele esperaria eu ficar pronta para transar de novo, obviamente ele não iria esperar, mas a sonhadora Maya imaginava que ele seria seu príncipe, o homem que Deus lhe deu, o futuro pai dos teus filhos, acreditar que existe alguém feito pra você é pura mentira, toda essa ilusão de amor perfeito mesmo com as imperfeições, tudo tudo tudo mentira.

    Fui á pé mesmo, até o observatório, onde tudo isso começou. Meu primeiro beijo, com meu primeiro amor. Que droga, só tenho 16 anos e já passei pelo pesadelo de amar, não esperava ter um coração quebrado tão cedo, acreditei em cada palavra que ouvi sobre amar. Olha eu agora, sozinha numa noite estrelada, acompanhada do único e verdadeiro amor, o amor próprio.

10,000 Hours Loving You || Zion Kuwonu•Onde histórias criam vida. Descubra agora