Me before Harry

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- Então... - Harry começou olhando para mim com curiosidade. - Como conseguiste entrar? 

Quase como um circuito, essa questão era sempre inevitável, todos faziam essa mesma pergunta. Parei de ver os CDS que ele colocara na prateleira,  Blink 182 estava entre eles e eu não podia deixar de estar impressionada. - Pela porta - respondi olhando para ele, houve um ligeiro arquear de sobrancelha, e depois ele riu de novo. - És sempre assim bem disposto?

- Era - Respondeu deixando desvanecer o sorriso - e tu? Tu vives aqui?

Que pergunta tão irónica. - É mais ou menos. - Toquei gentilmente na colecção de bonecos de hóquei, daqueles cabeçudos que balançam a cabeça constantemente. - Digamos que vivo na casa ao lado, eu não sabia que estavam aqui, se não, nem tinha entrado.

- Estou feliz por teres vindo - falou honestamente. - Pelo menos conheço alguém neste inferno.

Inferno- que palavra tão adequada. Não pude deixar de rir perante aquele comentário. - Que palavra tão intensa Harry - Ele riu e levantou-se, agarrou num dos CDS e colocou no sistema de áudio.  Uma melodia suave ecoou, e então, ele voltou para a cama.

Repeti o seu gesto e sentei-me na berma do colchão, um edredom verde tropa com um padrão  militar substituía o meu de cor violeta, mas vê-lo ali, recostado era confortável até. Como se um simples laivo de vida trouxesse um pouco de luz para a minha monotonia. E agora, eu não sabia ao certo se o queira expulsar dali.

- Estudas no liceu? - Perguntou novamente. Neguei com a cabeça.

- Eu meio que estudo em casa - respondi - o meu pai é psicólogo, e dava aulas na universidade antes de virmos para cá, então meio que agora é meu professor. Digamos que a minha experiência no liceu não foi a melhor.

- Harry? - Alguém chamou, os seus olhos intensos estavam em mim e não se moveram nem por um segundo. Era como se ele me quisesse estudar, ou até quisesse que o momento fosse eterno. - Harry? - Chamaram mais perto, ouvi o sons pesados de passos na escada. - Porcaria da música - a porta abriu e revelou o Sr.Styles. Ele estava obviamente zangado, e o clima no quarto tornou-se a pouco e pouco mais gelado. - Estas surdo?

Os seus olhos deixaram os meus, para olhar para o pai. - Não, estou completamente de boa saúde - Harry era arrogante, frio e desinteressado. Voltou a olhar para mim, eu estava intrigada, porque na verdade, o Sr.styles não fez qualquer indicação de perceber a minha presença, então...

- Ouve bem rapaz! Porque só o vou dizer uma vez! É bom que me respeites, se te chamo, respondes na hora, se peço que venhas, vens na hora, eu mando aqui. Entendes bem? E tu, enquanto viveres comigo, fazes o que eu mando! - A sua voz rouca e exigente era muito similar à de Harry, na verdade, o Sr.Styles era exactamente como Harry, mas mais velho. Já Harry, tinha o dom de o irritar, assim,  ao ver a cena pela primeira vez. Ele sabia qual o nervo a pressionar com o pai. Senti, que ele era mais parecido comigo, mas um pouco mais, frio. - Muito bem!  Considera isto um aviso, mais que uma punição. Mas, não sais deste quarto enquanto tu, não te comportares como um homem! Já tens 20 anos pelo amor de deus! Com essa idade eu já trabalhava, já estava casado e já era pai! A minha paciência está cada vez mais escass...

- E já eras um bêbado, e seguramente já traias a minha mãe! -Finalmente Harry falou, o pai, ele ficou parado. Como se digerisse a informação. - Sim, eu sei. E estou cansado de fingir que tudo está bem. Por isso, só te irei respeitar quando deixares de ser a mesma merda que és!  Sai daqui! - Gritou a última parte. O Sr.Styles parecia paralisado, mas ao fim de uns segundos ele bateu a porta com força e saiu. O ambiente estava tenso o suficiente para que eu mesma quisesse falar, juro que senti o meu coração bater quando os seus olhos alcançaram os meus novamente. Mesmo o meu coração morto sentia a dor que ele me transmitia. E eu, eu mais que ninguém sabia exactamente o que ele sentia. 

Ele não disse nada, então eu também não disse. O olhar de Harry parecia tão perdido mas ao mesmo tempo tão desesperado. Como se pedisse ajuda. Como se precisasse que eu dissesse algo. - Desculpa - Murmurou quando me aproximei e o puxei para um abraço apertado. 

- Eu sei o que estás a sentir - Falei abafado contra o seu cabelo. Era sincero o que lhe estava a dizer, e sabia perfeitamente os efeitos daquele tipo de dor. Os danos que poderia ocasionar eram demasiado desastrosos, os efeitos emocionais são mais marcantes que os fisicos, eu não poderia imaginar "o menino que sempre sorri" fazer o que eu fazia. Então, eu tive realmente que o avisar, mais que assustar eu preciso de o avisar. - Harry... - Estava tão abstraída, que ainda não tinha percebido que ele agora estava a chorar. Levei o meu indicador ao seu queixo e puxei o rosto para cima, afaguei as suas lágrimas antes de falar, e Oh, como ele estava lindo. - Ouve com atenção, tens de sair desta casa. Não podes ficar aqui, não me perguntes porquê mas este não é um lugar para ti.

Os seus olhos verdes marejados de lágrimas, ficaram maiores sem entender o que lhe estava a dizer, o que eu estava a tentar fazer. Se ele ficasse por cá, eu sabia muito bem o que lhe poderia acontecer e uma alma como a de Harry não merecia o que esta casa trazia. Tormento e dor eram os alicerces, e pessoas como ele não conseguem superar tamanha escuridão. - Vai embora Harry, avisa a tua irmã e os teus pais. Sai daqui antes que seja... 

O som sinistro ecoou, e o estalar seco de palmas pode ser ouvido antes de Tate se materializar na nossa frente. - Nem esperaste pelo anoitecer Violet, que vergonha, nem doze horas tem ele aqui e já estas na sua cama?

- Quem és tu? - Harry limpou as lágrimas de imediato e colocou-se de pé. Tate olhou para ele com firmeza exibindo um sorriso quase demoníaco.

 O homem por que me apaixonei estava assustador e ali eu soube que ele era uma alma negra. Quase como um laivo de dor a sua voz tremeu pelas paredes, estalando como um chiado agoniante, ali eu pude ver o poder de Tate Langdon. - Eu? - Ele riu de forma sinistra - EU? EU SOU O TEU PIOR PESADELO! - Gritou. Gritou alto e a bom som, as portas batiam sem cessar e eu senti-me ser arrastada mesmo antes de consegui fazer algo.

  

Me after himOnde histórias criam vida. Descubra agora