4 | Flerte |

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BEATRICE

Depois da ligação de Tiago, não consegui mais me concentrar no treino, eu só queria sair dali e ir para casa me enfiar debaixo das minhas cobertas.

— Bia? — A voz e o toque de Rodrigo me faz voltar à realidade. — Você está bem?

— Estou... estou bem. — Minto.

— Tem certeza? Quer que eu leve você em casa?

— Não precisa — tento sorrir. — Vou andando, deixei meu carro em casa para dar uma caminhada.

— Eu faço questão de levar você, Beatrice... você não está bem — me fuzila com seu olhar sério. — Vamos.

Não resisto, me sinto estranha depois de receber a ligação de Tiago. Apesar de tudo, ele ainda é o meu primeiro amor, eu dei tudo de mim e o amei sem qualquer barreiras ao ponto de aceitar os absurdos a que ele me submetia.

Sigo com Rodrigo para o carro dele e o homem abre a porta para que eu entre no lado do carona. Apenas agradeço e entro.

— Me perdoe a intromissão — quebra o silêncio quando entra no carro. — Mas você não deve ficar assim por causa de um homem que não valorizou você quando a tinha somente para ele, Beatrice... você é uma mulher boa, boa até demais, ele não a merece.

— Nós não escolhemos quem amamos, Rodrigo — puxo o cinto e o encaixo o engate rígido. — Mas eu não pretendo voltar para Tiago, mesmo que isso me doa. Posso não ser a mulher mais experiente com os homens, mas não sou idiota, não vou me rebaixar à ele outra vez.

Meu personal trainer sorri e parece mais aliviado por ter ouvido minhas palavras. Eu o admiro por ser um cavalheiro e sempre preocupado, Angelina estará em boas mãos se realmente estiver disposta a conquistar esse homem.

— Isso é bom — liga o carro. — Muito bom. O mundo precisa de mais mulheres como você.

        — Bobas apaixonadas? — Pergunto, amargurada.

        — Fortes e decididas — ele sorri para mim e volta a atenção para o trânsito. — Não se torture porque ama... eu já amei e fui capaz de abrir mão, como você fez. Não foi nada fácil, mas eu deixei ir.

        — Por que você abriu mão?

        — Ela queria me dominar, entende? Me tratava como um gigolô e eu não sou assim... mas suportava porque amava a desgraçada.

        — Então é por isso que não quer se comprometer com ninguém? Por que ainda a ama?

Rodrigo sorri outra vez e nega com a cabeça.

        — Não quero me comprometer para não sofrer do mesmo mal, Beatrice — troca a marcha. — O amor.

Saber da perspectiva dele das coisas me faz entender um pouco o seu lado. Somos parecidos, afinal.

        — Sei que você e Angelina são amigas, mas vou pedir que não conte nada disso para ela, sim? — Hesita. — Só contei a você porque me identifiquei com sua situação.

        — Como quiser.

Por alguns instantes, ele fica quieto, mas logo sorri e puxa um outro assunto enquanto eu o guio até meu apartamento. Rodrigo é extremamente calmo, mas tem uma coisa nele que não diz isso. Sua expressão séria é coisa de homem bravo, eu só não sei onde.

Então, eu penso que ele pode ser bravo na cama. Imediatamente me repreendo e trato de esquecer essa bobagem que pensei.

        — Ouviu o que eu disse?

[AMOSTRA] Rodrigo: Spin-off de TKOOnde histórias criam vida. Descubra agora