Capitulo 15 - Seguir?

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''Thomas''

— Porra cara, e a sua despedida de solteiros?! – Ben gritou bem na minha cara, me fazendo piscar algumas vezes e voltar à atenção pra ele, a festa de noivado que antes estava um ambiente extremamente familiar agora se tornara uma verdadeira boate.
Os mais velhos haviam ido embora assim que o relógio marcou dez horas da noite, e ficaram apenas os mais novos, a música berrava dos alto-falantes e os garçons estavam loucos preparando bebidas uma atrás da outra para aquele bando de bêbados.
Ergui o olhar para a rodinha de mulheres presentes no centro da sala, e Dakota dançava ao meio, enquanto elas se embriagavam cada vez mais com pequenas doses de tequila, eu ainda estava pensativo a respeito do que havia acontecido durante a dança, mas isso estava um pouco insignificante agora que 80% do meu corpo estavam repletos de álcool.

— THOMAS! – Ben gritou de novo – to falando com você porra.

— Fala cara.

— E a sua despedida de solteiros? Ouvi as meninas comentarem que vão fazer uma pra Dakota, você também tem que ter.

— Que importância isso tem? Ver algumas mulheres gostosas tirarem a roupa pra mim, sabendo que nunca mais vou poder tocar em uma que não seja Dakota? – comentei tentando fazer com que minha voz soasse séria, mas Ben explodiu em gargalhadas e me deu um leve empurrão enquanto cutucava Adam.

— Você ouviu isso Adam? – Ele tentava dizer em meio à risada – parece que nosso amigo está em dúvidas se quer mesmo se casar.

Adam abriu a boca em uma expressão chocada antes de começar a rir e fazer piadinhas do tipo ''eu sabia, a solteirice é a melhor coisa. '', e logo estavam todos os caras comentando sobre como se casar era uma furada.

— Que porra de amigos é vocês afinal? Deveriam estar do meu lado! – falei e eles se voltaram pra mim com uma série de piadas e xingamentos.

— Mas e a despedida de solteiros? – Ben tornou a perguntar e os caras logo se reuniram pra comentar em quais prostitutas poderiam chamar, e eu simplesmente me levantei e caminhei até minha noiva, que ainda se exibia na pista de dança improvisada.

— Oi meu amor! – ela gritou assim que me viu, jogando os braços ao meu redor. Pude notar que ela também estava bêbada, seus cabelos estavam bagunçados e alguns fios grudavam ao suor que escorria por sua testa.

— Eu já vou pra cama, você vem? – perguntei e antes que ela pudesse responder, Ashley se jogou entre nós me afastando dela e quase fazendo com que Dakota caísse de bunda no chão.

— Você não vai roubar ela da gente ainda! – Ashley exclamou divertida enquanto seus peitos balançavam diante de mim, quase pulando pra fora do vestido justo.

Ashley e eu havíamos tido um caso no início do meu namoro com Dakota, mas ninguém sabia disso e ela me fez prometer que jamais deixaria alguém saber. Era uma bela mulher, no fim das contas.

— Tudo bem então! – ergui as mãos em sinal de rendição e comecei a rir – vou estar lá em cima amor.

Então me virei e caminhei em direção as escadas, eu não estava totalmente bêbado, só queria um momento de silêncio, já que eu havia passado o dia inteiro ouvindo o pessoal falar e falar na minha cabeça. Assim que cheguei ao quarto, fechei a porta atrás de mim e me joguei na enorme cama, uma sensação maravilhosa se espalhou pelo meu corpo no mesmo instante, acho que eu precisava mesmo de um descanso, o dia havia sido corrido.

''America''

— Eu não acredito nisso Carter! – gritei em meio às gargalhadas, enquanto ele apenas assentia com a cabeça sem conseguir parar de rir do outro lado, éramos sem dúvidas, o casal de amigos mais idiotas da face da terra. Ele ergueu o lanche e deu uma enorme mordida, mastigando com a boca aberta só pra provocar e fiz cara de nojo ao ver a comida sendo
amassada entre seus dentes. – Como você é porco! – gritei, arremessando uma almofada em sua direção, e ele apenas riu enquanto desviava da mesma.

Assim que saímos do noivado, decidimos que era melhor apenas ir pra casa e pedir um lanche, com muita batata frita e o maior copo de milk-shake que eles tinham lá (exigências de Carter), e então ficamos desde aquela hora rindo, conversando e comendo. Levei o canudo do copo de Coca-Cola a boca e tomei um grande gole enquanto via Carter misturar lanche com milk-shake de morango e tentava não dizer o quanto aquilo era estranho.

— E então? Vai me dizer como foi lá ou vai continuar me enrolando? – ele perguntou de repente, fazendo sumir as risadas no mesmo instante.

— Temos mesmo que falar disso? Eu estava me divertindo tanto vendo você fazer essa nojeira com o milk-shake – respondi fazendo beicinho e ele revirou os olhos.

- Temos mesmo que falar disso, ande, desembucha.

— Acho que eu estava me iludindo ainda sabe? Depois do nosso primeiro beijo, lá na loja de noivas, eu pensei que ainda existisse algum espaço pra mim na vida dele, que em algum momento ele ia acordar e ver que poxa, eu sou a mulher da vida dele e ainda estou aqui, esperando ele voltar pra mim mesmo que tenha sido eu a ir embora – comentei, enquanto dava uma longa pausa pra morder mais um pedaço do lanche entre minhas mãos.

— Mas não tem Carter, hoje, eu vi o modo como ele olha pra ela, como ele a adora, como ele a ama, e eu decidi que tá na hora de seguir sabe? To ansiosa pra essa merda de casamento acontecer logo, pra eu voltar pra minha empresa e eles se mudarem daqui, voltar pra Seattle, ou seja, lá pra onde eles queiram ir.

Ele ergueu a mão e segurou a minha por alguns instantes enquanto abria um leve sorriso, como que pra me confortar.

— Isso vai passar viu? Eu te asseguro.

— Obrigada meu anjo, mas e a Sara? Megan? – perguntei curiosa e ele bufou.

— Ah, tá na mesma sabe? Acho que ela não quer acreditar que o pai seja realmente esse monstro, e eu to cansado America, cansado de correr atrás dela, expor todos os meus sentimentos, e ela simplesmente apontar o dedo na minha cara no final como se o errado fosse eu.

— Então vai mesmo se casar com Megan?

— Talvez não seja uma ideia tão ruim... Nós vamos ter um filho né? E na Índia, eles acreditam que o amor vem com o tempo, quem sabe não dê certo.

O observei por alguns instantes, mas assim que ele ergueu os olhos pra mim eu coloquei o lanche de lado e me aproximei dele pra dar um abraço, seus olhos estavam cheios d'água e eu sabia o quanto sua situação era complicada.

— Sabe de uma coisa Carter? Se essa Sara consegue ser burra o suficiente pra não ver o cara incrível que ela tá perdendo, ela não merece você. E como você me disse, isso vai passar, eu te asseguro.

Ele deu uma pequena risadinha assim que citei suas palavras e ergueu o olhar pra mim, limpei algumas das lágrimas que desciam por suas bochechas e abri um largo sorriso.

— Mas hoje não é dia de chorar ou se lamentar por esses filhos da puta, vamos comer nosso lanche até passarmos mal, rirmos a noite inteira e se isso não adiantar, ainda tenho um pote de sorvete fechado no meu congelador. – exclamei animada e ele riu enquanto terminava de comer e agora partia pro milk-shake.

E no fim, eu nem me sentia tão ruim como pensei que me sentiria, Carter era uma companhia incrível e em meio a nossa vida amorosa horrível, conseguíamos nos entender. E foi assim que passamos o resto da nossa noite, conversando, rindo e não deixando que os nossos problemas nos atrapalhassem, pelo menos por um dia.

Antes que acabe Onde histórias criam vida. Descubra agora