Capítulo 16

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"America"

Sábado.
Simplesmente o melhor dia da semana, estava ansiosa pra iniciar logo o dia, então quando deu sete horas da manhã eu decidi que era hora de levantar da cama, Carter ainda estava jogado em meio as almofadas do sofá e ri de como ele parecia uma criança dormindo daquele jeito. Tomei um banho demorado antes de acorda-lo, e somente depois que eu já havia vestido uma roupa de malhar, calçado meus tênis e amarrado meu cabelo em um rabo de cavalo alto foi que decidi acorda-lo.

— Anjinho... tá na hora de acordar! - chamei de forma suave e ele não mexeu um músculo sequer do corpo.

— Carter! – chamei novamente, dessa vez elevando meu tom de voz e ainda assim ele continuava imóvel, dei alguns empurrões nele e era como se ele estivesse entrado em coma.

— CARTER! – gritei, e foi tiro e queda porque no exato instante ele deu um pulo no sofá, ficando a centímetros de cair do mesmo, no início ele parecia confuso sobre onde estar, e só quando olhou pra mim, parada de pé ao seu lado foi que sua expressão se suavizou e ele se jogou de costas no sofá novamente.

— Caramba Mare, que horas são? – perguntou com a voz rouca, enquanto esfregava os olhos, como se aquilo de alguma forma fosse ajudar.

— Exatamente 07h15.

— E porque você me acordou às sete da manhã em pleno um sábado? Meu Deus, hoje é dia de dormir até tarde. – ele bufou já se virando pra voltar a dormir e eu comecei a rir.

— Nada disso, vou correr e você vai comigo, anda, levanta.

— Haha, já não basta você me acordar a essa hora da madrugada e ainda quer que eu vá fazer exercícios? Quem é você? A Srta. Saudável?

— Vai Carter, levanta logo, ainda temos que passar na sua casa pra você trocar de roupa e eu não quero deixar pra correr tarde – eu pedi e estava quase desistindo, quando ele se virou novamente e me encarou com o olhar mais raivoso que conseguia, antes de levantar e se encaminhar pro banheiro.

Apenas ri e mandei um beijo no ar, com o único intuito de provocá-lo, e logo estávamos indo em direção a garagem, Carter por sorte não morava muito longe da minha casa, então passamos primeiro em uma Starbucks pra comprar nosso café da manhã e logo em seguida fomos pra sua casa, para que ele pudesse trocar de roupa e finalmente iniciarmos nossa corrida. Carter era o tipo de cara que passava a quilômetros de distância de uma academia ou qualquer outro tipo de exercício físico, e ainda assim conseguia manter um corpo adequado, o que era invejável, admito, então não foi surpresa quando ele apareceu vestindo uma roupa de malhar e com a cara totalmente amarrada.

— Deixa de ser um bebê chorão, você não vai morrer se correr por alguns minutinhos com sua nova amiga! – exclamei e ele bufou.

— Cara, é sábado! E são sete da manhã! – ele respondeu como se aquilo fosse totalmente absurdo.

— Aprenda comigo a ter bons hábitos então – dei alguns tapinhas em suas costas e ele não conseguiu manter a fachada irritada, abrindo um breve sorriso enquanto caminhávamos em direção ao parque.

"Thomas"

A música ecoava dos alto falantes do carro enquanto meus pensamentos estavam a mil, nos últimos dias andei tão tenso que precisava de uma forma de aliviar toda essa tensão, então decidi ir pra academia logo cedo, liberar um pouco de energia. Tamborilei os dedos sobre o volante de acordo com o ritmo da música enquanto seguia o fluxo de carros de forma despreocupada, o trânsito estava lento pela quantidade absurda de carros nas ruas, e eu apenas me permiti curtir uma das raras manhãs disponíveis que eu tinha.
Aumentei um pouco a velocidade quando o trânsito finalmente começou a se dispersar, porém, minutos depois tive que reduzir até parar por conta do sinal vermelho, ajeitei meus óculos no rosto e bocejei, e então quando virei para o lado eu a vi, era como se eu tivesse a incrível habilidade de encontrar com ela por todos os cantos dessa cidade enorme.
America estava parada em frente a um quiosque, sentada em uma das mesinhas, usava uma calça legging azul escura e uma blusa simples, seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo alto e ela ria de alguma coisa, e me perguntei como ela conseguia ficar bonita até com roupas de malhar, estava feliz em poder simplesmente admira-la, e foi aí que um homem apareceu segurando dois copos diante dela, ele também estava usando roupas de malhar e os dois pareciam ser bem íntimos, pelo modo como conversavam, riam e se inclinavam um na direção do outro, forcei o olhar pra ver se eu o conhecia, porém seu rosto era completamente estranho pra mim, e confesso que fiquei com um pouco de ciúme quando ela riu, fez uma careta e ergueu a mão pra limpar algo no rosto dele, no canto da boca, mais precisamente.
Minha vontade era descer ali e me sentar ao seu lado, pra que ele tivesse plena consciência de que ela não estava disponível, e estava realmente considerando a ideia, até que um barulho de buzina invadiu meus ouvidos, e só então notei que o sinal já estava aberto e a fila de carros permanecia atrás de mim, então contra a minha vontade, acelerei o carro e segui em direção a academia, pra aliviar agora não só a tensão, mas também a raiva de me sentir tão inútil.

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