Capítulo 3

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1º Natal depois do primeiro encontro

Eduardo

Três meses se passaram desde o nascimento de Rafael, e Carla continua na mesma, está fazendo tratamento psiquiátrico e psicológico, e essa semana tivemos um grande ganho, conseguimos deixar o Rafael no quarto com ela e durante alguns minutos ela com a ajuda da psicóloga se permitiu a olhá-lo de perto. Sinto que aos poucos ela está melhorando, e isso me enche de esperanças.

Meu pai enviou um advogado para me ajudar, ele deve estar chegando entre hoje e amanhã e algo me diz que sua vinda será de grande ajuda em vários sentidos.

Rafael, cresce de uma maneira maravilhosa, sei que quando a ficha de Carla cair ela poderá se arrepender, por ter perdido essa parte do desenvolvimento do nosso filho.

Estou no aeroporto, esperando o tal advogado que meu pai mandou, não o conheço, mas segundo a mensagem que ele me enviou antes de levantar voo, diz saber como me encontrar.

Alguns minutos se passam e nada... vejo algumas pessoas vindo em minha direção, mas ao chegarem mais perto, simplesmente passam por mim. Quando menos espero, alguém toca meu ombro.

— Boa tarde, Eduardo! Acho que está à minha espera, Ari Patrick, seu pai me enviou para te ajudar, — diz fazendo uma careta — por favor, pode me chamar de somente de Patrick.

— Tudo bem Patrick. Vamos? — a primeira impressão que tive dele foi muito boa, tenho certeza que vamos nos dar muito bem.

Durante todo o trajeto até ao apartamento onde ele ficará, conversamos sobre os mais variados assuntos, parecia que nos conhecíamos a vida toda, tamanho foi a empatia entre nós.

Dois dias depois, estávamos na empresa, além de advogado Patrick também era formado em administração e comércio exterior, e não foi muito complicado para ele se adaptar a nossa rotina.

— Vou fazer um pequeno jantar para comemorarmos o Natal, meus pais estão vindo conhecer o neto, você será muito bem vindo em nossa casa.

— Muito obrigada pelo convite, e com certeza irei participar, já estava pensando o que iria fazer sozinho na noite de Natal.

— Não vai estar sozinho, pode aparecer sempre que quiser.

— Não quero atrapalhar você e sua esposa, estão com uma criança pequena...

— Eu não sou casado! Sou apenas pai. Carla veio morar comigo no final da gravidez e logo depois do parto, começou a ter sintomas de depressão pós parto, estamos debaixo do mesmo teto somente por causa de Rafael. — assim que termino de falar, sinto que Patrick ficou estranho — Aconteceu alguma coisa? — pergunto curioso.

— Não, apenas pensando em algo que aconteceu algum tempo atrás... Se é assim então, pode contar comigo. — diz tentando disfarçar.

— Bem, preciso dar uma saída. Tenho que saber se uma mercadoria que mandei para o Brasil, já foi entregue. Não volto mais hoje, estarei no celular se precisar de algo.

Saí da empresa apressado, havia mandado o presente de Violeta por uma empresa particular de transportes que também prestava serviço para a Bem Estar, há vinte dias e eles me garantiram a entrega no mesmo dia em que nos conhecemos.

Chegando na empresa, descobri que o mesmo já havia sido entregue e pelo comprovante de entrega, a própria Violeta que recebeu. Saí de lá radiante, uma vontade imensa de pegar o celular e ouvir a voz dela toma conta de mim, mas isso não é certo. Prometi voltar para ela depois de tivesse consertado tudo o que precisava e ainda não consegui resolver tudo, a depressão pós-parto de Carla não estava nos planos, e simplesmente não posso abandoná-la nesse momento.

Durante vários momentos me senti tentado a ligar, mas quando via que não teria uma data certa para nos ver novamente, acabava por desistir dessa ideia. É mais fácil ela não saber se voltarei do que ter uma data e acontecer algo que me impeça de voltar e apenas com isso em mente, volto para casa.

***

Dias passaram e a noite de Natal chegou.

Meus pais chegaram ontem e até agora não desgrudaram um minuto do Rafael, a chegada deles fez bem até mesmo a Carla que concordou em finalmente sair do quarto, temos três enfermeiras trabalhando e morando conosco, duas que se revezam para cuidar de Rafael e uma para Carla, são considerados praticamente da família, não sei o que faria sem a ajuda delas.

Nossa ceia ficou por conta de mamãe, que fez questão de preparar algo suculento e ao mesmo tempo simples. Lembro-me que durante toda a minha infância, em alguns feriados ela sempre fez questão de preparar toda a comida, já que alguns desses feriados sempre comemoramos somente em família, ela não abria mão disso e hoje não foi diferente.

Avisei que Patrick viria comemorar conosco e ela gostou muito da ideia, principalmente por ele estar sozinho em um país estranho, e Natal não era para se passar sozinho.

Enquanto minha mãe finalizava os últimos itens, fiquei com meu pai na sala, conversando sobre o quanto a empresa cresceu durante o ano, porém estando longe de estar realmente boa, e que estou muito otimista com a ajuda de Patrick, que descobri que havia feito seleção para trainee há algum tempo, e não foi efetivado, por que sua mãe ficou doente e ele abriu mão da sua colocação para poder cuidar dela, já que ele não tem pai e sua mãe depende totalmente dele.

Descobri ainda que hoje, ela se encontra internada em uma clínica de recuperação, e foi somente por esse motivo que ele aceitou viajar, porém com a promessa de trazê-la para perto em breve.

Como havia prometido mais cedo, Carla desce para nos fazer companhia, apesar de estar mais quieta que o normal, está bonita e bem arrumada como sempre e pela primeira vez, pelo menos na frente de outras pessoas, ela segura a mão de Rafael e abre um pequeno sorriso quando ele ameaça levar sua mão a boca.

Isso com certeza é um grande avanço!

A campainha nos tira de nossa bolha e ela nos olha um pouco envergonhada, se senta do lado oposto de onde estamos, enquanto vou abrir a porta.

Patrick entra meio tímido, está com três pacotes de presente nas mãos. Meu pai assim que o vê, levanta e também vem recebe-lo animado, enquanto Carla continua no mesmo lugar, parecendo estar em um mundo paralelo.

Durante a semana, contei toda a minha história para Patrick, até mesmo sobre Carla e Violeta, ele me contou sobre uma mulher que abalou suas estruturas e simplesmente desapareceu.

— Entre, quero te apresentar meu filho e a mãe dele. — vou na frente e pego Rafael que estava em seu carrinho. — Esse meninão aqui é o Rafael, fala oi para o amigo do papai, filhão!

— Ele é lindo, agora dá pra ver o por que não vê a hora de ir embora, com um garotão lindo assim, com certeza viria pra casa correndo também.

— E essa aqui é a Carla — falo levando-o para perto de onde ela está sentada. — Carla, esse é o advogado que está me ajudando na empresa, Patrick.

Vejo que os olhos de Carla se enchem de lágrima, enquanto Patrick está paralisado. Na hora me lembro da conversa que tive com Carla e depois com Patrick e ligo os pontos.

Como não percebi a semelhança das histórias!

****

Olá minhas lindezas!

Não fiquem bravas com o Edu!!! Coitadinho dele, já vai sofrer tanto mais pra frente... ops... spoiler de leve rsrs

Para quem está com saudades da galerinha do Asilo São Benedito, no próximo capítulo veremos o que anda acontecendo por lá.

Que tenham uma semana abençoada!

Beijos da Veveta!

Toda vida com você - Livro 1  Série Reencontros AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora