DEPOIS DA MORTE de minha avó, ficamos um bom tempo sem irmos na casa que agora era de meu avô. Depois dos longos dias dolorosos para minha mãe, ela finalmente teve coragem para voltar lá e ajudar a empacotatar a coisas que meu avô não queria mais. As roupas, perfumes, jóias, calçados e objetos pertencentes da minha avó. Disse ele para doar tudo, e que não queria nada ali que o fizesse lembrá-lo. Deixando apenas um quadro com a foto dela pendurado na sua parede.
Minha mãe passou a frequentar mais aquela casa, indo pela parte da noite onde cuidaria de meu avô que ficava na maior parte do tempo sozinho. Se bem que ele mesmo se afastava de perto de todos, e a cada dia que passa ele ficava mais arrogante.
A mãe fazia o jantar para o meu avô todas as noites que ia até a casa para cuidar dele, fazia a sopa que gostava na época de quando a minha avó era viva. Minha mãe fazia de tudo para agradar de todos os aspectos, mas nunca estava satisfeito.
— A minha sopa já está pronta Neide? —disse meu avô em um tom grosso.
— Já está quase pai! — responde a mãe.
— Mas que merda que essa sopa ainda não está pronta! Sua mãe ainda fazia mais rápido. —disse meu avô aumentando a voz para a mãe.
— Calma né pai. Ela só terminava rápido por que já adiantava para quando o senhor pedir, já estivesse pronta. Já estou terminando.
— Vê se faz isso direito, não faz de qualquer maneira não! Você não está fazendo comido para os seus cachorros.
Aquela cena vendo a mãe sendo humilhada pelo meu avô já estava me tirando do sério. Não podia fazer nada, tudo para ele devia está perfeito.
— Aqui, cuidado que está quente. —disse a mãe com todo o cuidado.
— Esfria esse negócio né Neide, não vou comer isso quente não. —disse meu avô ainda furioso.
Minha mãe olhou de relance para mim, e já percebeu que eu não estava com uma cara muito boa vendo ela passar por aquilo de boca fechada.
— Sabe fazer nada direito, já te falei para prestar atenção! —disse meu avô com uma cara emburrada para a mãe.
— Quer que eu ajeite isso para o senhor pai? —perguntou a mãe.
— Não, deixa que eu resolvo. Vá pegar meus óculos. Está na penteadeira.
Minha mãe rapidamente foi no quarto para pegar o óculos de meu avô. Enquanto isso, eu o escutava reclamando e fazendo comentários ridículos e gratuitos.
— Bando de imprestáveis, não sabem fazer nada direito. Nem para temperar essa merda. —disse meu avô reclamando da sopa.
— Aqui seus óculos pai! —disse minha mãe depois de voltar do quarto
— Essa sopa está sem tempero Neide, você não colocou nada aqui não?
— Bom, fiquei em dúvida de como o senhor gosta, mas eu coloquei sim! Só não exagerei. —disse a mãe se explicando para o meu avô.
Eu já estava ficando furioso vendo toda aquela situação que a minha própria mãe estava passando de ante as humilhações do meu avô.
— Que merda, olha isso aqui! Não sinto gosto de nada Neide. Tá vendo isso aqui? —disse meu avô aumentando outra vez o tom de voz com a mãe.
— Okay, eu posso refazer para o senhor. Não tem problema. —disse a mãe.
— Agora deixa né.
— Por que o você não come logo essa merda dessa sopa sem reclamar? —disse eu com toda aquela raiva acumulada naquele momento.
— O que você disse? —retrucou meu avô.
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Vizinhança Azul
RomanceZack, um garoto com problemas emocionais e famíliares vive em bastante conflito dentro e fora de casa por conta de sua sexualidade e por ter poucos amigos, ele se vê obrigado pela sua mãe a fazer Teatro para melhorar sua interação com a sociedade. S...