Criando laços.

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Gente, é o seguinte: eu ia postar cap ontem de noite. Mas quando estava terminando de escrever, quando já tinha 768 palavras, o wattpad travou e apagou tudo. Ia ser o melhor capítulo da fanfic, e eu nem gostei desse. Fiquei com uma raiva ENORME! Mas enfim, ta aí. E outra, já tem outro cap pronto, vocês querem que eu poste hoje de tarde?

Todo amô pra cês💙

***

*POV Carol*

Assim que ela entrou, me entregou um pacote enorme. Nem precisei abrir para saber o que era: um ukelele. A mulher devia estar louca para me dar algo tão caro. Mas eu não iria recusar, não é mesmo? Tudo que ela merecia agora era ao menos um abraço, então sem nem pedir permisão, a puxei para mim. O que era aquilo? Era encaixe. Seu corpo parecia ter sido feito para o meu. Arrepiava. Não entendi o porquê. Mal a conhecia, nunca havia lhe abraçado e meu ser reagia como se nos conhecêssemos há anos. Poderia parecer uma louca, mas não iria a soltar. A forma como nos enroscamos nos braços uma da outra, o aperto, a proximidade, tudo era tão lindo. Infelizmente, aos poucos fomos nos desgrudando e o cheiro dela foi ficando distante. O seu olhar era profundo, parecia olhar para minha alma. Resolvi quebrar o silêncio:

-- Quer uma bebida?

-- Não, não. Vou esperar os outros.

Ok. Se ela não queria, tudo bem. Mas e agora? O que eu iria fazer? Ficamos nos encarando por intermináveis minutos. Pedi licença para ir ao banheiro, quando na verdade, só queria tomar um ar. Aquela sala de apartamento se tornou pequena para nós duas. Aqueles olhos pareciam cristais de tanto que brilhavam. Qual seria o mistério dela? Ao voltar, todos já estavam acomodados no sofá. Me abraçaram, e me entregaram os presentes. Depois os guiei até o muro, onde tinha feito a decoração.

Me surpreendi quando percebi que realmente estávamos nos divertindo. Bebemos, cantamos e conversamos. Uma das professoras, a Tori - a chamava assim porque ela insistiu muito - propôs:

-- Hey, Biazin! Por que você não abre os presentes?

-- Boa ideia! Vou buscar.

Peguei todos os pacotes, e os coloquei sobre a mesa que estava vaga. Abri o primeiro, uma blusa. O segundo foi uma palheta e um conjuto das melhores cordas de violão. Pelo sorriso da Tori percebi que era dela. Sério, ou ela tinha algum problema ou estava flertando comigo. Eu era hétero, será que não parecia nem um pouco? Fui abrindo e abrindo, até que cheguei no ukelele. Eu e a professora Lima nos olhamos e sorrimos. Poderia sorrir a noite toda só para ver o sorriso dela. Me veio uma coisa na cabeça, e por todos nós já estarmos bêbados, principalmente eu, falei sem vergonha alguma:

-- Dayane, sua voz é linda, cantando deve ser melhor ainda. Você topa cantar e tocar comigo? Tu e eu. Eu e tu. Ali no cantinho sendo artistas.

-- Nã...

Nem deixei ela terminar de falar e a puxei pelo braço até onde estavam os microfones e o violão. Não me importa se aquilo tudo estava estranho, eu realmente achava a voz da Day linda. Sim, a chamo pelo apelido porque nos tornamos bem próximas, já éramos como amigas de longa data. Agora só me faltava entender aqueles seus olhos cheios de dor e amor. Ela não falou nada, então resolvi começar a dedilhar a música e sussurrei:

-- Ei, vou começar a cantar e você me acompanha. Não precisa ter vergonha, cante no seu ritmo e quando sentir que é a hora. A gente se encaixa, ok? - Ela apenas assentiu com a cabeça. Comecei a cantar:

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola sozinha
Cansada com minhas meias três quartos
Rezando baixo pelos cantos...

Dayane me olhava de uma forma diferente. Não conseguia decifrar o que queria dizer. Talvez fosse um olhar de supresa e admiração. Mas por que surpresa? Fui tirada dos meus pensamentos quando ela cantou:

Por ser uma menina má
Quem sabe o principe virou um chato
Que vive dando no meu saco
Quem sabe a vida é não sonhar...

A voz dela era perfeita. Precisava unir nossas vozes, precisava unir o meigo com o rouco. Então no refrão, quando nos olhamos, cantamos juntas:

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança e não a conheço a verdade
Eu sou poeta e não aprendi a amar
Eu sou poeta e não aprendi a amar

Me faltou o ar. Nossas vozes se complementavam, eram encaixe. Nossos timbres se tornaram apenas um. Uma onda de choque percorreu meu corpo, quase parei de tocar quando percebi que a Day sentia o mesmo. Ouvi a voz dela parar e com um gesto rápido, me fez continuar. Cantei sozinha:

Bobeira é não viver a realidade
E eu ainda tenho uma tarde inteira
E eu ando nas ruas
Eu troco cheque
Mudo uma planta de lugar

Agora era a vez dela:

Dirijo meu carro
Tomo meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar
Pra cantar

Nossas vozes se uniram novamente, dessa vez com mais força, mais atitude:

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança e não conheço a verdade
Eu sou poeta e não aprendi a amar
Eu sou poeta e não aprendi a amar

Meu Deus, aquilo era incrivel!

Eu ando nas ruas
Eu troco o cheque
Mudo uma planta de lugar

Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar
Pra cantar

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta e não aprendi a amar
Eu sou poeta e não aprendi a amar

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...

Uou! O que foi isso? Ela me olhou com um sorriso de um lado a outro da boca. Fomos voltando a realidade com as palmas e os gritinhos dos nossos colegas. Cantar malandragem nunca tinha sido tão bom! Ela ainda parecia surpresa com algo, e eu continuava curiosa para saber o que era. A ficha ainda não havia caído, como podia isso?! Pensava que apenas o seu abraço me deixaria com as pernas bambas, mas a voz, o perfume, o olhar, o sorriso, tudo me deixava boba. Quando menos esperava, ela foi chegando mais perto de mim e ainda com a respiração pesada, falou:

-- Carol?

"O encontro do mar com o sol. O beijo de destinos. O entrelaçar de dedos. O abraço casa. Às vezes nosso lar está em quem menos esperamos. O amor, a conexão, o encaixe. Viramos um nós com alguém"

(A)MAROnde histórias criam vida. Descubra agora