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A Evelyn é um anjo que tropeçou na minha vida como um fio de electricidade. Veio a voar cheia de pressa e ninguém a viu, só eu. Eu fiquei a ver da minha janela e a pensar que ela devia precisar de ajuda, mas não, quem precisa de ajuda sou eu.

A festa desenrola-se pelos longos minutos da madrugada, todos festejamos o enlance do meu amigo Liam e da Liz. A Evy continua a provocar o ser promiscuo que existe em mim, com as suas danças provocantes e quentes.

"Pareces uma lua vaidosa, deixas-me com muita tesão" digo no seu ouvido, ela responde com um sorriso.

" A lua é amiga dos bons corações"

"Mas o meu coração não é bom. Já pregou muitos sustos....Não existe um remédio para ele"

"O único coração que não tem remédio é o que não ama. O teu coração é um bom coração, porque tem espaço para muitas coisas lá dentro." Ela diz nitidamente alterada, depois de beber não sei quantos daikiris de morango.

"Lá isso tem. Será que é por isso que ele é diferente? Porque tem demasiadas coisas lá dentro?" pergunto.

"Um coração nunca pode ter demasiadas coisas lá dentro. O coração é do tamanho do amor e quanto maior é o amor mais ele cresce. O teu coração bate mais devagar que os outros, porque não tem pressa. É um coração que não é escravo do tempo. És livre Zayn"

"Não sou, tu tens-me acorrentado. A mexer-te assim tão perto de mim, deixas-me ainda mais preso a ti"

"Talvez seja essa a minha intenção..." ela agarra-me e beija-me, deixando-me surpreso pelo ato repentino que tomou, o meu coração esvaia-se de felicidade.

Os seus lábios enchem os meus do batom brilhante que ela usa, ela morde o meu lábio inferior antes de separar-se de mim. Olho-a intensamente como se fosse a última vez que fixo esta beleza estonteante.

"Eles existem" digo, abraçando-a.

"O quê?"

"Os anjos. Porque tu és o meu"

"Pensava que era a tua droga" ela diz sem vergonha, totalmente despida dela.

"E és, mas tens de saber que ainda amo mais as outras" ela revira os olhos, em tom de reprovação.

"Não serão por muito tempo, no que depender de mim vou ser a única que te vicia, que te deixa assim... cheio de tesão" ela susurra a última palavra como se fosse uma asneira de outro mundo.

"Não me tentes pequena Evelyn. Não deixes sair o fogo se não és capaz de apagá-lo depois"

"Realmente, não conheçes a mulher que eu sou, pois não Malik?" a sua mão aperta o alto proeminente nas minhas calças de veludo, e eu mordo o lábio.

"O que estás a fazer?" pergunto.

"A deixar-te aceso para mim querido"

Ouço alguém a chamar o nome da Evelyn, vendo o barman piscar-lhe o olho, chamando-a para perto do bar.

"Não vais sair daqui!"

"Oh... A minha mãe voltou e eu não sei? Eu vou e volto. Não vou fodê-lo"

"Gosto da tua boca porca"

Ela ri e sai do meu aperto, desfilando pela pista. Ela não tem noção do que está a fazer comigo. Não gosto de a ver assim, pelo simples facto de estar bêbada e sei que amanhã ela não vai ser assim comigo.

Os sofás atrás de mim são convidativos, sento-me colocando a minha bebida em cima da pequena mesa. Ainda não sei muito bem o que sou, em que fase da minha vida me encontro, tenho ainda muitas arestas para limar. Mas o que vou sendo, devo-lhe em enorme medida. Escolhi-a para ser o meu anjo. Embora ambos soubéssemos que eu ia ser um desafio mas ela insiste.

Junkie - The Other Side | | Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora