5 - Uma velha melodia (Parte I)

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O relógio marcava 07h15min da noite.

Ao sair do trabalho às pressas, Katerine passou em sua casa para trocar de roupa. Assim como ela, William não gostava de atrasos. Deixou o carro estacionado do lado de fora, para poupar tempo. Os filhos adolescentes do vizinho estavam sentados na calçada com um grupo de amigos em uma roda; uma menina ruiva e tatuada tocava violão enquanto os demais cantavam Raul Seixas. Aquele pedaço da Paulista em que morava era muito tranquilo, diferente de outros bairros de Piracicaba.

Entrou em casa enquanto deixava para trás a canção "o empregado não saiu pro seu trabalho, pois sabia que o patrão também não tava lá", largou a bolsa no sofá, tomou um banho rápido e secou o cabelo, deixando-o solto. Enquanto escolhia a roupa, ligou o notebook para enviar um relatório esquecido para Lídia, secretária de Robson. Após experimentar algumas peças, optou por um vestido azul frente única, curto e básico. A noite estava fria, mas o restaurante era fechado.

Ao calçar as sandálias de salto, Katerine se sentou em frente ao computador, e foi então que viu uma caixa de mensagem aberta em sua área de trabalho. Letras brancas piscavam sobre um fundo preto.


"Nas lacunas do invisível, geme a verdade escondida, a verdade que se deita sonolenta e se apaga na mentira que respiramos desde o dia do nosso nascimento.

Vamos lá, investigadora. Isto é um convite para um mergulho sombrio."

xXx_Limbo


Um arquejo subiu pela garganta de Katerine. O que era aquilo? Junto da mensagem, havia um arquivo de áudio anexado. Afastando o receio, apertou o play.

Uma melodia arrepiante e nebulosa começou a tocar; um som de piano que arranhava sua mente, provocando uma sensação de estranhamento e reconhecimento. Ela já havia escutado aquela melodia antes.

Quase saltou da cadeira quando ouviu a campainha tocar.

Com os pensamentos a mil por hora, Katerine pausou a música e foi até o portão de entrada, o salto alto clicando no piso do chão. Quando ela o abriu, viu que era Daniel, de costas para o portão, observando os meninos tocarem e cantarem.

— Daniel? — ela falou, anunciando sua presença.

— Boa noite, Katerine. — O luar derramava-se sobre a calçada, se espreitando pelas grades do portão. Ele a observou, notando algo estranho em sua expressão. — Vim em uma hora ruim? Você vai sair?

— Vou, com o William.

— Está tudo bem? Você parece preocupada.

Ela hesitou por um momento, entrelaçando os dedos.

Crisântemo Kell (Livro 2 - Saga Ellk) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora