5 - Uma velha melodia (Parte II)

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Após manobrar o carro para conseguir entrar no estacionamento e encontrar uma vaga, Katerine saltou do veículo, sentindo a pele se arrepiar sobre o ar frio da noite.

Ao passar pela porta do restaurante, Katerine olhou ao redor. Depois da reforma, o local poderia se enquadrar entre um dos melhores estabelecimentos daquele miolo do centro. O hall envidraçado com plantas adornando as janelas se tornara um ótimo cartão de visitas. Com a luz da lua penetrando pelo vidro e o teto de madeira decorado acima de suas cabeças, o lugar se assemelhava a um ambiente ao ar livre.

Ao fundo, uma banda tocava músicas agradáveis.

Katerine procurou William, e o encontrou sentado à mesa, esperando-a. Quando a viu, ele se levantou e a abraçou, beijando o seu rosto.

— Está belíssima! — disse com orgulho.

— Você também não está nada mal. Camiseta nova?

William abriu um sorriso galante, as maçãs salientes do rosto adquirindo um leve tom rubro.

— Quer escolher algo para comer? Estou morrendo de fome. Vou desmaiar daqui a pouco.

Ela riu do exagero dele e apanhou o cardápio, folheando-o. Enquanto corria os olhos pelos pratos, começou a murmurar baixinho a melodia estranha; era tão absurdamente familiar.

William a fitou lentamente; havia uma sombra em seus olhos.

— Por que você está cantando isso?

— Não sai da minha cabeça. Sei que já ouvi essa melodia antes.

— É a música que a nossa mãe sempre cantava antes de...

Mas a voz de William morreu, gelando o interior de Katerine.

Aquela música. Aquela música terrível.

Ecos do passado reverberaram por sua cabeça, como se estivessem ali muito presentes, como sombras que dançavam perniciosas pelo restaurante. Quase podia escutar o riso cruel de sua mãe, entoando as letras que compunham a melodia.

"Fany, Fany... Epifany... Deus te escolheu, é o que o pai dizia...".

Seus lábios se entreabriram; como havia se esquecido? E como alguém poderia saber daquilo? Somente ela, seus irmãos, sua mãe e seus mais obscuros e assustadores pesadelos conheciam aquela velha melodia.

Antes que pudesse falar, Bia, uma das garçonetes do restaurante, aproximou-se para fazer os pedidos. William retribuiu seu sorriso e conversou com a desenvoltura de sempre, e eles pediram filé mignon ao molho de catupiry com duas taças de vinho para acompanhar a refeição.

— Ka, tá tudo bem? — William murmurou quando Bia se afastou.

— Sim, eu só... Não me lembrava. Na verdade, é algo que eu apaguei da minha mente. Algo que não quero pensar. Eu...

Crisântemo Kell (Livro 2 - Saga Ellk) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora