O início

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  Oi meu nome é Valentina, mas podem me chamar de Tina, como toda menina sempre fui meiga, delicada e carinhosa. Meu pai bebia muito, nunca me bateu, mas só de estar perto dele quando ele tinha bebido me dava calafrios...Minha mãe sempre trabalhou, aliás trabalhava muito, ás vezes nos finais de semanas e feriados. E pensando melhor, talvez ela trabalhasse tanto porque em casa ela não tinha paz, pelo fato da bebida estar sempre presente.

 Mas deixa eu apresentar direito a minha família: meu pai Jonas, minha mãe Marina, meu irmão mais velho Denis, meu irmão do meio Ricardo e é lógico eu, a caçula. Eu sempre amei todos da minha família, cada um tinha a sua particularidade. Mas eu tinha uma afeição toda especial pelo meu pai. Não me intendam mal, eu disse que ele bebia e me dava calafrios, mas quando ele estava sem beber ele era o meu super herói.

-Acorda Valentina, vamos tomar café! - disse Jonas

 Naquela manhã de domingo, eu tinha escutado o que o meu pai fazia de melhor, assobiar uma música caipira enquanto preparava um delicioso café. Tentei fingir que estava dormindo, mas ele como sempre sabia desse meu truque, começou a imitar o que estava passando no Globo Rural:

 - Eh boi!  Eh boi! Eh boi! E dizendo isso meu pai caiu na risada.

- Ah pai isso é golpe baixo, o senhor disse que eu podia dormir até tarde! E dizendo isso me levantei porque o sono que é bom já tinha ido embora mesmo.

 Eu dormia numa cama de abrir e fechar na sala mesmo. Em nossa casa só tinha dois quartos, e na verdade eu preferia dormir na sala mesmo, porque só assim eu tinha a tv só pra mim.

 Quando eu voltei do banheiro meu café favorito já estava na mesa: pão amassado com leite e açúcar e um café novinho me esperando! Sentando-me a mesa perguntei para o meu pai:

 - E a mãe, foi trabalhar hoje?

 - Foi, ela vai esse mês inteiro para acabar a obra da nossa casa. -disse Jonas 

 Pensando nisso, eu já sabia, nós estávamos no mês de dezembro e quando chegasse o natal e o ano novo eu não ia ter minha mãe em casa. Na verdade, nós nunca tivemos aquele hábito de comemorar as festas de fim de ano. Porque minha mãe trabalhava, meu pai bebia e os meus irmãos saiam e ficavam na rua com os amigos. Lembrando desses fatos que sempre ocorriam no fim do ano, eu me entristeci sabendo que ia ser mais um ano sem ninguém e mesmo sendo nova várias perguntas me vieram á mente. Mas tinha uma que mais me deixava triste.

- Será que eu serei aquelas pessoas que morrem sozinhas, sem nunca terem vivido uma grande história de amor?

 Nós vivíamos numa época bem diferente de agora, não tínhamos nem internet e muito menos qualquer rede social. Tudo o que havia para diversão e se distrair era a televisão ou as brincadeiras na rua.  Eu particularmente não gostava de rua, e na minha casa eu encontrava tudo o que eu queria: a tv, um bom livro, o meu rádio (sim, rádio já que youtube era impensável), e os meus esmaltes.

 Eu adorava fazer as unhas, ter sempre cores e jeitos de unhas diferentes me fascinava!

 E naquela tarde de domingo lá estava eu, pintando as unhas de azul escuro, cor essa que a minha mãe mesmo tinha comprado e dito que ia ficar linda nas minhas unhas. O rádio estava tocando o meu estilo de música: rock! Meu irmão Ricardo entrou e falou:

- Nossa azul, muito forte pra você, você é muito nova. E dizendo isso bebeu um copo de água e saiu novamente antes que eu pudesse responder. Naquela hora eu pensei, como são os irmãos, sempre com ciúmes das irmãs. Eu já estava com 16 anos e na verdade, as meninas da minha idade ficavam com um e outro. Eu não, sempre fui tímida e nunca tinha ficado com ninguém. 

 Como eu disse eu estava sempre com um livro nas mãos ou pintando as unhas e timidez era o meu forte. E novamente pensando no futuro, percebi que estava ficando para 'titia'. Mas retornado para o presente, percebi que eu tinha uma preocupação maior naquele instante, o dia de aula de amanhã.

 No rádio estava tocando Patience do Guns, nada mais sugestivo para aquele meu momento reflexivo. E perdida em meus pensamentos, na voz do cantor, e no final de tarde de primavera eu adormeci mergulhada em sonhos de príncipes que chegariam na torre do meu castelo para me salvar de dragões e me transformar na sua princesa e eu teria enfim um final feliz.

 E perdida em meus pensamentos, na voz do cantor, e no final de tarde de primavera eu adormeci mergulhada em sonhos de príncipes que chegariam na torre do meu castelo para me salvar de dragões e me transformar na sua princesa e eu teria enfim um f...

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A história de um grande amorOnde histórias criam vida. Descubra agora