Ajudando um grande herói

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 Depois do ano novo, que pra mim não teve nada de novo assim, fiquei muito triste com o fora que eu levei do Felipe. Parecia que nada ia dar certo pra mim, então realmente eu estava desistindo do amor. Ah, pra mim já tinha dado, eu queria o Felipe mas ele não me queria e agora eu não queria mais ninguém. O meu plano agora era ajudar o meu pai.

 Naquela mesma  semana, resolvi ligar para o AA (alcoólicos anônimos) da minha cidade e consegui marcar uma visita para o meu pai. Fui com ele, o lugar era maravilhoso e calmo e a menina da recepção super atenciosa. Assim que chegamos, ela nos atendeu prontamente.

 - Bom dia em que posso ajudá-los? - disse Tânia

 A menina da recepção era bonita, tinha os cabelos escuros amarrados num coque e o os olhos dela eram de um verde daqueles que era difícil de achar. Fiquei ali imaginando como era fácil pra ela conseguir um belo namorado.

 - Oi, bom dia eu liguei ontem, meu nome é Valentina e eu trouxe meu pai Jonas, ele quer participar das reuniões.

 - Ah sim, eu lembro da sua ligação, eu até já marquei uma reunião pra hoje seu Jonas, na verdade ela começa daqui a pouco, o senhor quer participar?

 Jonas olhou desconfiado para a filha, que lhe disse.

 - Vai pai, eu fico aqui esperando o senhor. - disse Valentina encorajando o pai.

 - Então moça eu vou participar, porque essa minha menina que me deu coragem e me dá sempre!

 - Ah maravilha senhor Jonas, vou colocar o nome do senhor aqui, olha que beleza é a última vaga desse horário, agora é só aguardar tá, pode ficar a vontade.

 Fiquei ali com o meu pai esperando a reunião começar. Meu pai era muito engraçado e nós falávamos sobre tudo e lembramos de quando ele me levava pra pescar, quando eu era criança. Era mágico, parecia que nada e nem ninguém poderia nos atrapalhar, parecia que nós estávamos em outro mundo, sem preocupações e problemas. 

 Conversando com ele percebi o quanto eu o amava, o quanto ele era importante pra mim e que nesse momento eu ia fazer de tudo pra ajudar meu grande herói.

  Depois de mais ou menos meia hora, as pessoas da reunião que o meu pai iria participar começaram a chegar, tinha homens mais novos do que o meu pai, da idade dele e tinha mulheres também. Incrível como esse vício não escolhia idade, sexo ou classe social. Só o que o álcool sabia fazer era destruir  vidas e famílias e ainda bem que o meu pai tinha percebido isso a tempo.

 Todos tinham começado a entrar na sala e a Tânia, a menina da recepção, tinha vindo gentilmente chamar o meu pai.

 - Pode entrar senhor Jonas, a reunião vai começar agora. 

 Antes de entrar, meu pai me deu um abraço e disse.

 - Hoje Tina é o começo do fim desse meu vício maldito, eu te agradeço imensamente por você estar ao meu lado nesse momento! - disse Jonas com a voz trêmula e quase chorando.

 - Ah pai....

 Foi só o que eu consegui dizer, porque eu estava quase chorando também. E não era um choro de tristeza e sim de alegria, alegria de ver o meu pai começando uma batalha que com certeza ele iria vencer, porque não é isso o que os super heróis fazem, eles entram em grandes batalhas e saem vitoriosos. E o meu grande herói, iria passar por mais essa, fácil fácil. 

  Sentada ali esperando o meu pai, fiquei pensando que a vida não era como a gente queria, mas era como deveria ser. Eu não tive sorte no amor, mas só de ver meu pai tentando uma mudança, me fazia esquecer tudo o que tinha acontecido no fim de ano, o que na verdade não tinha importância nenhuma nesse momento. E eu já tinha decidido, eu iria fazer de tudo para ajudar o meu pai. Namorados e amor para mim era uma história distante.

 Ainda bem que naquele dia eu tinha levado um livro para ler, assim a hora passou que eu nem vi e quando eu menos esperava o meu pai saiu da sala. Feliz, dando risada e se despedindo de todos, pelo visto ele tinha gostado, ainda bem! 

 - Vamos pra casa Tina, a reunião de hoje já acabou!

 Levantei e guardei meu livro, fui ao lado do meu pai fazendo várias perguntas, porque eu tenho que admitir eu era muito curiosa. Ele me contou várias coisas legais e engraçadas da reunião, ele me disse que cada um pode, se quiser, contar a sua história. Meu pai não quis falar da sua história no primeiro dia, eu até entendo, na verdade meu pai foi muito corajoso, porque a grande maioria das pessoas que são alcoólatras, nem admitem que estão doentes pra procurar ajuda, e o meu pai estava fazendo um grande avanço na vida dele. Meu pai ainda me disse que têm pessoas que bebem perfume ou álcool puro no lugar da cachaça, o que pra ser sincera eu nem sabia que tinha gente que fazia isso, eu fiquei um pouco triste de saber disso e mentalmente eu agradeci que o meu pai não tenha chegado nessa situação.

 Fomos caminhando lado a lado até em casa, estava um dia lindo de verão, quando chegamos meu pai foi direto pra cozinha e preparou um almoço delicioso como só ele sabia fazer. Sentada na mesa com ele e os meus irmãos, pude perceber como a minha família era linda e abençoada e que na primeira vez em muito tempo nós estávamos realmente felizes. E que aquele pai bêbado e que me dava medo, tinha dado lugar á um pai bondoso e maravilhoso, que como eu sempre dizia o meu herói, meu pai.

  "Pai é meu lar também, independente de morarmos ou não juntos. É o futebol na rádio aos domingos. É quem quando me viu cair, carregou meu mundo junto ao dele. É quem até hoje enche a boca de orgulho pra falar de mim. É quem vê brilho até no meu dia mais opaco. É quem me viu caber na própria mão, e hoje torce pra que consiga caber no mundo. É quem nasceu de novo vendo a gente crescer."

                                                                                                                                                        ( João Doederlein)

                                                                                                                                                        ( João Doederlein)

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A história de um grande amorOnde histórias criam vida. Descubra agora