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Como os dois tínhamos o mesmo destino e por coincidência ele se sentou mesmo ao meu lado, decidimos então caminhar juntos até a mansão Kim.

SeokJin era um cara interessante. De certo, aquela família deve ter a beleza penetrada nos genes, visto que NamJoon e Taehyung também são pedaços de um mau caminho.

Apesar de eu considerar a voz de Jin mais doce que os dois últimos, não posso deixar de admirar seus ombros largos e os traços faciais tão bem desenhados que relembravam um jovem príncipe da Disney.

— Você sabe quais são as minhas melhores sobremesas? - Neguei com a cabeça em relação à sua pergunta. - Pujin e Jinlatina.

Ri com o seu senso de humor, enquanto o garoto apoiou a sua mão na boca rindo também de sua piada.

— Porque os elefantes não pegam fogo? - Indaguei deixando o garoto curioso. — Porque já são cinza.

Antes dele entender, gargalhei alto e o mesmo me acompanhou segundos depois.

— O que são duas cenouras a discutir? - Arqueei a sobrancelha e dei os ombros. — Poluição Cenora.

— Qual o animal mais... - Antes de eu acabar, Jin já tinha caído na gargalhada, enquanto os olhares das pessoas ao nosso redor tinham caído sobre nós. — Me deixe terminar. - Dei uma tapa leve em seu braço e o mesmo fez biquinho segurando o riso. — Qual o animal mais feliz?

— Não sei. Me diga você.

— O porco porque mesmo depois de morto, está de bacon a vida. - O jovem se ajoelhou no chão colocando a mão no estômago de tanto rir e acompanhei o seu ato.

— Imagino que essa foi meu primo Taehyung que contou a você. - Ele sugeriu voltando a cair em um ataque de riso.

— Algumas. - Me deparo com a casa dos Kim e engulo em seco me preparando para mais um dia.

SeokJin tocou à campainha e eu respirei fundo um pouco nervosa. A senhora Kim abriu e sorriu assim que me viu juntamente com seu sobrinho.

— Olá linda. - Ela piscou o olho para mim e acariciou minha nuca. — SeokJin! Você está cada dia mais bonito.

Ele coçou a nuca envergonhado. — Obrigado tia.

— Vocês os dois se conhecem?

Eu e o garoto nos entre olhamos e sorrimos.

— Somos amigos, agora. - Ele comentou.

  — As minhas duas crianças... - Ela pulou alegre e nós dois adentramos no espaço acolhedor.

  — Tinha saudades. - Jin confessou baixinho observando cada detalhe da residência Kim.

O meu coração palpitava de um jeito lesto, os meus lábios eram vítimas do desassossego que administrava o meu corpo buliçoso. NamJoon eclodiu em meus pensamentos me martirizando com as suas palavras do dia anterior.

Segui o jovem príncipe até a cozinha, ele falava abertamente sobre as suas aventuras em Veneza e se gabava, de uma forma alegre, o quanto era caprichado pelas italianas.

Pela primeira vez entrei na cozinha. O espaço era iluminado por várias luzes espalhadas no teto, os armários de design moderno eram pretos articulando com as paredes cinzentas claras e uma janela separando duas abas com vista para a zona da piscina. Um balcão pequeno no meio continha uma tampa de mármore branco com uma cadeira de vidro encaixada para iniciar uma pequena refeição.

— Sabe... - Jin abriu o armário enquanto pensava no que diria. — Apesar das italianas serem bonitas, eu prefiro as coreanas.

— Porquê? - Não escondi a minha curiosidade, sentei-me na única cadeira da cozinha e apoiei meus cotovelos na banca admirando a beleza inigualável do garoto.

— Eu sou péssimo falando italiano. - Ele riu abanando a cabeça. — Eu me sentia nervoso perto delas.

— Mas você é um Deus grego... - Ele gargalhou com o meu elogio. — Você falava só um "a" e elas caíam logo a seus pés.

— Por isso mesmo. - Ele retirou um pote de biscoitos do armário e estendeu em minha direção, porém recusei. — Que Deus grego acha que encaixa melhor em mim?

— Eu não sei. - Dei ombros. — Talvez Apolo.

— Porquê?

— Ele era considerado um Deus bonito, jovem e brilhante. Também remete a ideia que ele estava associado ao sol. - Contei resumidamente e ele sorriu com a minha resposta. — Isso são adjetivos que eu usaria, certamente, para elogiar você.

— A representação mais comum de Apolo é de ele pelado. - O jovem me informou e eu sorri em sua direção.

— Talvez eu deva ver você pelado para confirmar se tenho razão. - Meu comentário fez Jin gargalhar e ouvi um espirro atrás de mim.

— Desculpem interromper o vosso diálogo sobre mitologia grega. - Joon entrou na cozinha atarantado se dirigindo ao mesmo armário que Jin abrira à minutos atrás.

  Considerei com espanto os seus cabelos molhados que caíam sobre sua testa, a sua voz aparentava mais rouca que o costume e seus lábios entreabertos acirravam um pouco este anseio que se preponderava de mim.

  Ele se mostrava exasperado com algo que para mim era desconhecido, suas orbes negras pareciam cintilantes e seu semblante anunciava seu estado de apoquentação.

  — Você está bem? - Retruquei e o garoto confirmou não muito indubitável.

  — Não minta. - SeokJin confrontou o mais novo que revirou os olhos derrotado.

  — O meu pai... - Ele deu um gole na garrafa de água. — Ele está doente.

  A expressão melancólica surgiu no rosto do cozinheiro que engoliu em seco tentando digerir a notícia ruim, caminhei até NamJoon com receio e coloquei minha mão sobre seu ombro consolando-o.

  — Eu estou aqui, caso precise. - Seus olhos cravaram-se lentamente nos meus e pela primeira vez, pude desfrutar de um contato visual acentuado com o garoto de cabelo tingido.

  — Eu sei. - Ele respondeu baixo. Sua voz enrouquecida causou uma descarga elétrica em meu corpo e senti meus pêlos se eriçarem com a reação contestável e estimulante que o mesmo causava em mim.

(***)

  Estava na hora de voltar para casa. NamHyun esteve calmo hoje devido à notícia que recebera, apenas tentei animar o garotinho com as minhas tentativas frustadas.

  Antes de ir, sentia que tinha de ver como NamJoon se encontrava perante esta situação difícil de lidar. Não sabia o que seu pai tinha, porém eu achava que era melhor não questionar para não ferir ainda mais a alma dos garotos.

  Adentrei no quarto do protagonista dos meus sonhos, as costas longas do jovem estavam voltadas para mim por isso não conseguia decifrar sua expressão neste momento.

  Caminhei lentamente até seu corpo, seu semblante permanecia sereno enquanto seus olhos estavam fechados anunciando que o mesmo adormecera.

  Puxei a cadeira ao seu lado e analisei a fisionomia de Joon que dormia calmamente. Com cuidado, afastei seus cabelos de seu rosto deixando sua testa mais exposta e depositei um selar demorado na mesma.

Afastei-me de sua face e sorri pressupondo o quanto eu ficava uma tola apaixonada quando se tratava de NamJoon e o quanto ver seu rosto acalmava meu coração.

  — Eu quero cuidar de você. - Sussurrei em seu ouvido mesmo sabendo que ele não conseguia escutar.
 

 

Wrong ಌ Kim NamJoonOnde histórias criam vida. Descubra agora