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— Não vai falar nada? — NamJoon perguntou, inquieto. Meus olhos percorreram o escuro procurando por respostas exatas.

— Aquele quadro não é bonitinho? — Disfarcei e mordi o lábio inferior pela minha falta de jeito.

Eu fui feita para ser sincera, sincera demais quero eu dizer.

Bonitinho?

— Não tanto como você. — Tapei a boca de imediato e ouvi a risada gostosa do coreano como resposta.

— Como você consegue ver tão bem neste escuro?

— Eu sou uma gata. Tenho visão noturna, fofinho. — Virei-me em sua direção e apertei seu nariz.

— Seu método não está resultando. — Fiz uma careta com a sua revelação. — Afinal porque escreveu aquilo?

— Porque eu quis, não acha? — A luz invadiu o quarto, fechei os olhos pela intensidade e voltei a abri-los lentamente dando cara com Namjoon possuído por um semblante curioso.

— Você está fugindo, gatinha. — Ele sorriu, ladino.

— E você é muito chato, se não fosse tão... — Conti as palavras e ele continuou com o seu sorriso provocante. — Tudo bem. — Empurrei seu corpo e o vulto masculino caiu no colchão. — Você quer brincar? — Descontrolada, me dirigi até NamJoon e me sentei em cima de sua barriga prendendo seus pulsos. — Você é um gostoso da porra! Ya! Porque você tem de ser tão perfeito? — Fechei os olhos e adotei uma expressão de sofrimento. — Olha só esses lábios... — Toquei levemente em sua boca com a ponta dos dedos. — Que vontade enorme de beijar eles e... — Soltei um dos seus pulsos e bati com a mão em minha boca, redimindo-me mentalmente pela frase suja que viria. — Você é um desenho tão perfeito de Deus que eu creio que ele estará com ciúmes na situação íntima que nos encontramos agora.

A risada gostosa de Namjoon preencheu o quarto, minhas bochechas possuíram um tom rosado e meu coração batia de um jeito descontrolado. Larguei-o, vagarosamente, e deitei-me na cama sentindo o nervosismo domar meu corpo.

— Ainda não... — Calei-o assim que lhe encarei com raiva, suas mãos rodearam minha cintura fina e empurraram-me contra o seu corpo. — Você não manda eu calar.

— E você... — O rosto do garoto se encontrava tão próximo que engoli em seco. — Namjoon, o que você quer de mim?

— Admite que sem mim, você não consegue viver. — Crispei os olhos com a sua leve ameaça.

— Kim Namjoon! — Fingi indignação. — Estaria mentindo. — Ele arqueou a sobrancelha esperando que eu me justificasse. — Admitiria tal coisa se seu nome fosse oxigênio. — Estalei a língua, vitoriosa. — O que não é o caso.

— Teimosa.

— Chato. — O rapaz encostou nossos narizes roçando de leve.

— Você gosta. — Ele sorriu fechado enquanto a intensidade do seu olhar matava a minha sanidade aos poucos.

— Não. — Respondi, de imediato. — Isso não é verdade.

— Não?

— Eu gosto do Taehyung. — Que porra eu acabei de dizer? — Quer dizer, ...

— Taehyung? — O mesmo quebrou o contato e deitou-se na cama com uma expressão relaxada. — Vocês até que formam um casal compatível.

— Como assim? — Interroguei, desiludida.

— Vocês têm personalidades semelhantes. — Ele riu fraco e apagou a luz deixando a dúvida no ar.

(***)

As gotas da chuva batiam impacientemente na janela, apesar do clima frio, sentia-me confortada pelo calor que a pequena casa proporcionava. Abri os olhos reparando no teto branco, minha mão formigava, vítima do meu corpo que adormecera em cima dessa, os braços masculinos rodeavam meu corpo com cautela enquanto o respirar do rapaz deliciava meu rosto sedento, desde sempre, por um beijo seu. Encarei-o, sua expressão transmitia serenidade e adocei meu olhar com os seus traços tão bem projetados que eu mesma duvidava sua existência.

— Eu estava mentindo. — Confessei baixinho à figura desacordada de Namjoon. — Eu não estou apaixonada pelo Taehyung. — Acariciei as bochechas macias do garoto. — Sou e sempre serei de você. — Distribui um selar rápido ao mesmo. — Eu te amo, Kim Namjoon!

Kim SeokJin

Aventurava-me, mais uma vez, em uma quantidade de aromas e diferentes experiências, descasquei as batatas com carinho e senti o vapor quente invadir a cozinha. Cantarolava algo aleatório, ao mesmo tempo imaginava o quanto minha tia e meu primo ficariam alegres provando minha comida e os elogios em que eu seria alvo oriundos da mulher que sempre fora atenciosa com os seus.

— Sempre por aqui. — A voz feminina ecoou chamando a minha atenção.

Olhei-a de soslaio, a garota estava com os braços cruzados e um sorriso esbelto em seu rosto não admirável apenas pela sua beleza mas como também pela confiança que tentava transmitir.

— É o lugar na qual eu mais me identifico. — Justifiquei gesticulando timidamente. A moça riu e sentou-se descaradamente na cadeira me admirando.

— E então bonitão... — Ela olhou em redor. — Como você está?

— Um saco. — Puxei a cadeira e me sentei à sua frente. — Meu pai está pedindo para eu desistir da cozinha.

— E você?

— Eu? — Apontei para mim mesmo e dei ombros. — Nunca!

— Admiro sua coragem. — Ela suspirou pesadamente. — As pessoas ao meu redor são tão corajosas.

— Você também, Min Yura. — Seus olhos brilhantes me cativavam.

— Eu? — Ela riu fraco. — Eu sou ruim.

— Não. — Toquei em sua mão involuntariamente sentindo minhas bochechas esquentarem. — Você... — Tentei controlar minha timidez após sua presença. — Você não é.

— Obrigada.

— Quer café? — Ela assentiu afirmativamente e rapidamente preparei uma cafeteira de café para a mesma com carinho.

— Você é tão atencioso. — Senti meu corpo balançar bobo pelo seu elogio.

— Ora essa! — Direcionei-me até a mesma e cocei a nuca sem jeito. — Está esquentando... — Apontei para a cafeteira no forno e ela concordou apenas.

— Hum... — Ela parecia apreensiva. — É verdade que Naomi e Namjoon estão acampando?

— Sim. — Tossi incomodado com o assunto. — E sozinhos. — Reforcei deixando ela incomodada.

— Pois. — Yura permaneceu pensativa.

Dirigi-me até ao forno e retirei a cafeteira. Despejei o café na xícara e levei até à garota que sorriu assim que sentiu o cheiro pairar no ar. Com as mãos trêmulas, pousei a xícara na mesa quase derrubando de seguida, a não ser pelas mãos delicadas de Yura que tocaram nas minhas impedindo que tal desgraça acontecesse. Meus olhos captaram os dela que denunciavam sua falta de jeito com a intensidade da minha expressão.

— Me desculpe. — Ela gesticulou algo anunciando que não havia problema. — E acerca de Naomi e NamJoon.

— Não se preocupe! Esse problema será resolvido em breve. — Yura revelou levando a xícara à boca.

Wrong ಌ Kim NamJoonOnde histórias criam vida. Descubra agora