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As palavras que eu encontrava não conseguiam especificar a confusão que predominava o ambiente pesado consistente no velho sótão. As nossas respirações permaneciam aceleradas e a troca de olhares anunciava algo - a culpa iminente. NamJoon mordeu seus lábios carnudos indeciso e eu elogiava silenciosamente por o mesmo não criar qualquer tipo de escândalo específico ao fato da minha falta de sanidade e abusar de sua boa vontade.

— E agora? - Quebrei o silêncio com um sussurro ouvindo o suspirar oneroso do garoto.

— Eu não...sei. - Passou seus dedos entre os fios de cabelos desalinhado-os de um jeito inocente, porém provocador para a minha consciência.

— Você tem de saber.

O alçapão rangeu vagarosamente causando espanto de nós dois, o rapaz de cabelos platinados agarrou meu pulso e me empurrou violentamente até ao armário velho. Seu corpo caiu sobre mim e senti o seu respirar bater contra a minha nuca.

— Fique quieta. - Ele advertiu quase inaudível enquanto sentia o calor do seu corpo contra o meu.

Olhei ligeiramente para cima, suas orbes negras brilhavam de uma forma admirável enquanto seus lábios entreabertos fascinavam a Naomi curiosa que habitava dentro de mim.

Certamente posso afirmar que Kim NamJoon tem um encantamento sublime.

— Se ela... - O semblante do garoto anunciava o desejo mortífero pelo meu silêncio.

— Joonie? - A voz fina de Yura ecoou pelo espaço abandonado e senti que tanto o meu coração como o de NamJoon palpitavam em um ritmo semelhante. — Nem pense que vou entrar neste sótão velho!

A frase dita pela garota de cabelos negros fez o rapaz sorrir. Escutei o suspiro longo da jovem e, silenciosamente, desejava que algum bicho asqueroso surgisse e afastasse Yura do local.

— Afinal ele não está cá. - Pronunciou com um tom de desilusão e respirei de alívio assim que o som irritante do alçapão, se fechando, ecoou pela cave repleta de teias de aranha.

O peso do corpo masculino aliviou o meu. O garoto esfregou suas pernas tentando limpar os vestígios do pó presente em suas calças, limitei-me a levantar e realizei o mesmo processo.

— Foi por pouco... - Comentei rindo baixinho mas NamJoon me presenteou com uma expressão séria.

— Você deixou a situação ir longe demais. - Condenou. — Porque não me travou?

— Quando você está gostando de um filme, você para ele a meio? - Ele arqueou a sobrancelha com a minha pergunta retórica.

— Você estava gostando?

Assenti e o mesmo negou com a cabeça reprovando a minha resposta.

— Você é avantajado. - Sorri maliciosa com meu pensamento alto e o garoto adotou um forte rubor em suas bochechas. — Desculpe! Por vezes, eu penso alto demais.

(***)

Jeon JungKook batucava ansiosamente seus dedos na mesa de madeira enquanto eu permanecia concentrada na obra romântica de William Shakespeare.

As palavras viravam uma perfeita melodia na minha alma apaixonada, essa era consumida pelo amor unilateral que eu ansiava resposta à anos. Os meus sonhos representavam as obras mais românticas e eu era a protagonista que chorava desconsolada pelo seu amor, no final de tudo NamJoon partia com um sorriso tão nobre que perfurava sua face e meus joelhos nús atingiam o chão gélido chorando desolada pela infelicidade de desempenhar um papel, cujo era vítima de um amor cruel e bárbaro.

  Todo romance, na literatura clássica, termina em uma tragédia. Mas a vida é um completo infortúnio. Já sabemos o que o futuro nos reserva, a morte atravessará algum dia a nossa estrada.

Uma estrada. Essa que construiremos baseado nas decisões que tomamos e nos percalços que o destino nos encaminha.

Fechei o livro recebendo uma expressão sugestiva do meu irmão. Ele semicerrou os olhos e inclinou seu corpo ligeiramente para a frente com intuito de me escutar.

— Eu fiz merda. - Ele concordou. — Não devia ter correspondido, pois não?

— Você é um Jeon. - Ele foi claro na explicação. — Um Jeon age mais do que pensa.

Aceitei sua opinião, era sincera e verdadeira. Bati com as costas na parede e fechei os olhos procurando pela imagem dele.

O seu toque ainda continuava presente em meu corpo. A textura de seus lábios permaneciam aprisionadas à pele fina do meu pescoço. Sua voz rouca entoava dolorosamente na minha mente me suscitando pensamentos que me entregavam ao pecado.

Meu irmão sorria ladino. Seus olhos demonstravam que o garoto reconhecia os meus erros e essencialmente, confirmava o quanto minha expressão permitia visionar meus desejos mais ocultos.

— Ya! - Bati com a minha mão na testa. — Eu sou uma pessoa ruim.

— Quer ouvir um segredo? - Acenei afirmamente e ele riu com a minha curiosidade. — A Yura não gosta do NamJoon.

(***)

A professora adentrou apressada na sala de aula, realizou uma pequena reverência e logo investiu na sua aula chata sobre Técnicas de Narrativa.

NamJoon continuava atento, como sempre. Soltei um suspiro apaixonado, apoiei minha mão no queixo e observei-o sem vergonha.

Ele era a minha disciplina favorita!

Seu semblante aplicado criava uma sensação de formigueiro em minha barriga, meu coração batia descompassado quando ele realizava algum gesto simples mas ao mesmo tão complexo para a minha alma repleta de sentimentos desconhecidos.

— Você não estuda? - Ele indagou sem me prestar atenção.

— Estudo sim. - Respondi divertida. — Estou estudando você.

Seu riso saiu abafado e o garoto abanou a cabeça negando minha audácia.

— Novamente pensando alto?

— Se eu pensasse alto agora, você se assustaria. - Ele me encarou escondendo o seu sorriso.

— Você não tem emenda.

— E você não deixa de ser assim tão... - Gesticulei tentado achar a palavra correta. — ...perfeito!

  Sorriu fechado e pensativo

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Sorriu fechado e pensativo. Fiquei aliviada pelo mesmo não quebrar contato comigo, afinal ontem tivemos um envolvimento carnal bastante significativo, pelo menos para mim.

— Apenas vamos esquecer o que aconteceu ontem. - Ele me encarou de novo. — Vamos continuar sendo amigos, tudo bem?

Wrong ಌ Kim NamJoonOnde histórias criam vida. Descubra agora