Prólogo

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   Katherina Smirnov

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Katherina Smirnov

Parada no meio daquele caos que habiatava no terreno onde a casa da minha família estava localizada, meus olhos não conseguiam acreditar no que eu estava vendo ali, um verdadeiro banho de sangue.

O desespero tomou meu corpo, maldita hora que eu resolvi sair de casa, maldita hora que resolvi ir treinar, meus pais precisaram de mim, e eu não estava ali. O único reflexo que eu tive quando encontrei o portão de ferro escancarado, foi largar a moto no chão e correr pra dentro do terreno, logo após engatilhar minha arma, e nada, nada no mundo me deixaria preparada para ver aquela cena, um banho de sangue no quintal, soldados caídos por toda parte, corpos por toda parte.

Com a arma em punho eu adentrei a casa, com cuidado e com o coração nas mãos, meu peito gritava pelos meus pais, um fio de esperança corria por mim, mas uma enchorrada de certezas também. Assim como no quintal, os seguranças que cuidavam da casa estavam pelo chão, todos mortos.

Com essa realidade me atingindo eu ignorei completamente a possibilidade de ainda ter alguém na casa e só corri pro andar de cima.

-Papochka! Mama! Otvet'te mne! Pozhaluysta...

O russo na minha língua ardia com a possibilidade estampada na minha cara, ninguém me respondeu, continuou o silêncio agonizante, mas um som, um único som me guiou, uma tosse baixa e dolorida vinda do escritório, de onde meu pai não saia quase nunca. Não pensei em nada, só corri pro lugar.

-Papochka!

A tosse veio seguida de um breve suspiro, o escritório estava revirado, copos quebrados, papéis espalhados, e exatos três soldados caidos a porta, homens que com certeza morreram pelo meu pai.

-Katherina, mi-nha...

O choque, a ira, o choro, tudo veio de uma vez, Oleg Smirnov, chefe da Bratva, a porra da orgnização russa, a maior e mais poderosa da porra da Europa estava caído no chão, ferido e a beira da morte.

-Papochka! Por favor, não, não, não...

Me jogeuei ao seu lado no chão, meu pai, meu chefe, meu melhor amigo, meu salvador desde o primeiro dia da minha vida insignificante. As lágrimas insistiam em correr feito uma torneira dos meus olhos.

-Minha filha...

-Papochka...o que aconteceu? Quem fez isso...

-Eles chegaram de repente, e atacaram, sua mãe, ela-ela tentou me defender Kat, ela morreu na minha frente...

Minha mãe...as lágrimas dobraram de volume, minha mãe não.

-Mama, não, mama não... eu não posso perder vocês, não posso!

A agonia transparecia na minha voz, eu só tinha 21 anos, não podia perder meus pais daquela forma, não estava pronta pras responsabilidades que aquilo traria para mim. Senti sua mão apertar a minha, me fazendo olhar em seus olhos castanhos como os meus, em seu rosto havia traços de luta, o supercilho cortado, assim como o lábio e as mãos machucadas, na barba rala havia sangue, seu sangue, assim como a camise branca estava ensopada. Me posicionei atrás dele e o abracei, trazendo seu corpo para minhas pernas, me agarrei ao seu corpo como se fosse meu ar.

-Eu te treinei para isso querida, você vai se sair bem, seja a chefe que todos temem, seja a minha Katherina, e nos vingue, acabe com todos eles.

-Nem que seja a última coisa que eu faça em minha vida papochka, eu te prometo, eu vou vingar cada corpo que está dentro dessa propriedade, em seu nome.

-Você nasceu para comandar, minha filha, sentar na minha cadeira e comandar tudo, você vai ser grande, muito grande.

As lágrimas só aumentavam ao perceber sua voz se arrastando e ficando mais lenta, cada vez mais baixa.

-Filha, eu amo você, nunca se esqueça disso, e nunca se esqueça de quem é, não importa o que aconteça, você é o coração de tudo isso.

-Eu também te amo papochka, amo com cada pedaço do meu coração, me perdoe por não estar aqui, por favor, eu devia ter te protegido, devia...

Eu devia estar ali pra eles, e não ter saído antes do sol raiar para treinar tiro, devia estar ali por eles, pelo meu sangue.

-Não filha, não devia, sem você, tudo ficaria nas mãos de Ivan, e eu jamais ficaria em paz sabendo disso, você é jovem e muito melhor do que ele.

Um arrepio me atingiu na espinha só de ouvir o nome do irmão mais novo do meu pai, Ian Belikov, ele se recusava a usar o sobrenome da família, e usava o nome de solteira da minha avó, que Deus a tenha. Eu nunca deixaria nada que meu pai construiu com tanto esforço nas mãos daquele gryaznaya svin'ya, queimaria o mundo antes de deixar isso aconetecer.

Assenti sobre as falas do meu pai, e então de repente sua respiração se descompassou, e eu senti sua mão afrouxando o aperto na minha, arregalei os olhos, e minha mão foi direto para sua jugular, não havia nada ali, sem pulso, soltei um grito de angústia, o grito saiu do fundo da minha gargante, trazendo toda minha dor para fora, trazendo a dor da filha que perdeu o pai, do soldado que perdeu o chefe, de quem perdeu o melhor amigo.

-Net! Papa, ty ne mozhesh' ostavit' menya! Net net net!

Gritos altos saiam da minha garganta, uma dor alucinante me cortava de dentro pra fora, meu pai, meu melhor amigo havia sido arrancado de mim da pior forma possível, e então me dei conta de que eu era a Boss, pela primeira vez a chefe da Bratva era uma mulher.

Me agarrei ao corpo ainda quente mas sem vida do meu pai, o abraçando com toda força do meu corpo, soltando lágrimas ininterruptas, e jurando pra ele e pra mim mesma em voz alta.

-Eu vou nos vingar papa, te juro, nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida desprezivel, vou mandar cada um dos responsáveis por isso pro inferno, vai se orgulhar de mim.

Após algum tempo daquele jeito, me dei conta do que agora me assolava, eu era a responsavél por tudo, minha dor tinha que esperar, eu não era mais uma filha sem pai, eu era responsavél por muito, com apenas de 18 anos já carregava o mundo nas costas.

Me afastei devagar do corpo do meu pai e me levantei, analisando mais uma vez aquele caos que estava instalado ali, andei até o amplo espelho que havia próximo a mesa do escritório e me observei, jurando que seria a última vez que me veria daquela forma. Meu longo cabelo escuro nunca teve tanto friz quanto naquele momento, meus olhos vermelhos pelas lágrimas, assim como o restante do rosto e colo devida a cor clara da minha pele, o jeans claro estava completamente manchado de sangue, do sangue do meu pai, o moletom cinza que eu usava também estava manchado, aquela seria a última vez que eu me via daquela forma, como a jovem bonita e fodida da cebeça Kat, nunca mais eu seria aquela garota de novo, nunca mais eu choraria daquela forma,e naquela sala, perante aquele espelho nasceu Katherina Smirnov, a chefe da Bratva, a mulher que colocaria fogo em cada um dos malditos que tiraram tudo dela.

Minha primeira atitude sendo aquela Katherina foi puxar o meu celular e discar o número de alguém que com toda certeza entraria nessa briga comigo.

-Alô, Lucifer? É a Katherina, preciso da sua ajuda.

A Orquidêa Negra - Série Flores Da Máfia 1 (Reescrevendo) Onde histórias criam vida. Descubra agora