Em vão

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  Tenho visto o Sol esses dias. Contei a ele sobre o que houve desde que parti, e macabramente sério me disse para desistir. Disse que o mar não vale a pena, que ele mesmo se arrepende de tê-lo almejado um dia. Como pode um Sol ser tão frio?

  Estou desesperado, desesperado no Atlântico Sul. Ó, mar de águas formosas, quando lhe vi pela primeira vez, fiquei louco, fiquei idiota, fiquei corajoso. Eu tentava me destacar nas multidões de navegantes que tu tinhas, mas tudo que eu fazia parecia ser em vão.

  Acho que por estar complexado, te coloquei em um pedestal que eu não podia alcançar, era alto, mas tão alto. Ridículo. Sou mesmo eu no comando agora? Quando ela tinha tempo para mim, era pouco, mas era o suficiente. No que estou me tornando? Já fui escravizado por alguém, porém agora, sou escravo de mim mesmo em meu próprio barco. Queria que minha amiga estivesse aqui, ela ia saber o que dizer, ou talvez apenas repetisse "Ame-se primeiro'', bem, não importa. Eu só quero ouvir algo.

  Estou obcecado, obcecado por Atlântico Sul. De onde veio isso? Deve ter vindo de um complexo mais profundo que o próprio mar. Estou ficando louco. Louco! Em um breve momento ao seu lado, disparei um gatilho. Esta ficou impactada, mas depois, não compreendi sua feição. Ela me disse "Não posso trair", e logo compreendi. O que deu em mim, como não havia pensado que, um mar tão belo e com uma tonalidade tão única já não tivesse um rei?

  Mas não foi o suficiente, continuo fixado aqui. Talvez eu deva me obrigar a ir, acho que é o melhor para todos. Então você acha que mereço ser amado tanto por mim quanto por outro alguém?

  Vou embora daqui. Com meu barco de papel, que é tão frágil, tão fraco, tão influenciável, tão pequeno, porém, tão pesado.

Os Sete AmaresOnde histórias criam vida. Descubra agora