Perna Curta

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  Agora realmente me dou conta do que a Lua queria dizer. Em todo este tempo, passei por muito que não tinha nem noção de como era. Neste momento, apenas anseio por alguma ajuda, não tenho a quem recorrer neste ambiente abarrotado de estranhos. Por que fui abandonar meu lar?

  Ultimamente tenho refletido nas palavras de minha amiga, por um ano. Tenho defeitos, sim, mas tenho qualidades, este sou eu e agora gosto disso. Foi nessa época que estava navegando por Indico, um mar sereno, de águas brilhantes. Dessa vez eu nem sei como aconteceu. Não sei. Quando vimos, lá estávamos nós, em frente a todos, prometendo diversas coisas que não pude compreender, mas eram promessas. Se tem algo que aprendi, era que promessas não podiam ser quebradas, e esta se tratava de confiança, amor mútuo e auto sacrifício. E assim, o Vento nos abençoou junto com o Sol e a Lua, que estranhamente podiam ser vistos simultaneamente na manhã que se formava.

  Nós nos aproveitamos ao máximo, nada nunca era monótono e creio que este foi meu erro crucial, me deixar levar novamente pela correnteza. Por que eu nunca aprendo a me controlar? Essa mente, essa visão e este barco nem mesmo parecem ser meus.

  Depois de muito tempo, parecia que tudo perdia a cor, o dia, a noite, o horizonte parecia pequeno. Nos usamos tanto que ficamos desgastados, não havia novidade. Eu já havia descoberto tudo, afinal, a mentira tem perna curta. Havia me preparado para este momento, dizia para mim mesmo que ia suportar. Mas quando presenciei esse Leviatã, desabei. Eu entendia seus motivos, mas não queria entender.

  O Leviatã destruiu meu barco, afundo. Eu achei que sabia como era estar afogado, mas como o mar gosta de me contrariar. Agora vejo que não era pra ser, pois aquelas promessas foram feitas ao Vento. Como poderei prosseguir?  

Os Sete AmaresOnde histórias criam vida. Descubra agora