Rainbow || Harry Styles

Capitulo 23

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Tudo ficou em câmera lenta, meu pai me olhou andando em direção à mesa e se sentando com a cabeça abaixada, minha mãe estava chorando ainda na minha frente, mas suas mãos não estavam mais em meu rosto. Ela falava algumas coisas, mas minha cabeça estava longe o suficiente para ouvi-la.

A sala começou a ficar pequena e abafada. Minha mente me levou ao passado, quando eu ainda era pequena. Eu sozinha em meu quarto enquanto meu pai ocupava sua cabeça e, provavelmente, a dor de ser traído por quem ele amava em seu trabalho. Minha mãe estava mais fora de casa do que nas refeições em família, provavelmente com seu amante, que era meu... pai? E Steve, oito anos mais velho que eu, já ia pra festas e se afastava de sua família, provavelmente tentando afastar a dor da rejeição da minha mãe por não conseguir amá-lo.

Todas as respostas e tudo que havia acontecido no passado começaram a fazer sentido. Eu finalmente entendia o afastamento do meu pai por mim e a aproximação dele com Steve. Eu não era a filha legítima, e sim Steve. Contudo, eu entedia a dor e sofrimento dele.

Perder Harry me fez sentir uma dor terrível e acho que foi isso que meu pai sentiu quando percebeu que estava perdendo sua esposa a cada minuto que passava.

Quem era meu pai? E porque meu pai... Morgan, teria perdoado a minha mãe mesmo ela ainda saindo com seu amante... meu pai.

"Íris?" Ela me sacudiu esperando alguma resposta. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e suas bochechas coradas.

"Quem é meu pai?" Falei firme, decidida olhando pro seus olhos azuis.

"Você quer saber?" Ela me olhou com a testa franzida e eu a olhei com indiferença.

"É claro que quero."

"Você o conhece Íris." Meu pai olhou pra mim e meus olhos encontraram os seus, ele estava triste, um olhar distante.

"Pai, você... você está bem?" Fui em direção à ele.

"Sim." Sua resposta curta me feriu. Ele não estava nem um pouco decepcionado por não me ter.

"Olha Íris, agora que você já sabe, preciso que assine alguns papéis para que possamos retirar meu nome de seus documentos." Ele se levantou da cadeira me entregando alguns papéis.

A sala ficou abafada e eu comecei a procurar por mais fôlego. Meu pai não estava preocupado como eu me sentiria depois disso, na verdade ele estava ansioso por me retirar de sua vida. Eu comecei todo seu sofrimento e ele queria acabar com sua dor de uma vez por todas.

"Pai..." Minha súplica saiu em um sussurro enquanto minhas primeiras lágrimas caíam.

"Eu não sou seu pai." Ele olhava no fundo dos meus olhos, frio, sem sentimento. Eu ouvia minha mãe chorar baixinho enquanto tudo ficava mais pesado de aguentar. Olhei pro chão e as lágrimas saíram em desespero.

Olhei pra trás vendo minha mãe sentada na poltrona com as mãos em seu colo, suas lágrimas ainda invadindo seu rosto. Meu olhos voltaram para o homem em minha frente que eu não reconhecia mais.

"Íris? Vamos lá, você precisa assinar isso e acabar logo com todo esse assunto." Olhei mais uma vez pra ele e retornei a olhar os papéis.

Não me sentia mais parte da família. Peguei a caneta preta em sua mesa e assinei onde ele me mostrava, não sei quantos papéis foram, mas sei que em cada folha minha lágrima ficou marcada.

Quando terminei olhei pra minha mãe que estava olhando pra vista pela janela, ainda ouvia seus soluços. Morgan estava organizando os papéis atrás de sua mesa.

Fui em direção do elevador no modo automático. Minhas pernas estavam bambas e meu coração não tinha como estar mais destruído.

Fechei a porta do carro e precisava de algo que me confortasse.

Harry.

Peguei o celular e disquei seu número com as mãos trêmulas. Ele tinha que atender, eu precisava dele mais do que nunca agora.

Foram oito tentativas quando não aguentei mais ouvir sua rejeição indiretamente, eu desisti. Coloquei minhas mãos sobre o volante do carro e apoie minha cabeça no mesmo. As lágrimas rolavam apressadamente. Minha cabeça doía e eu precisava da minha vodka já que não tinha Harry por perto.

Liguei o carro, mas minhas pernas estavam muito trêmulas para dirigir.

Disquei o número de Logan e ele atendeu depois de dois toques. Meus soluços estavam me impossibilitando de dizer alguma coisa e a única coisa que consegui falar foi o endereço do lugar.

Me encostei no banco do carro e fechei os olhos esperando que tudo isso passasse. Tinha que ser um sonho, isso não podia ser real.

"Íris?" Uma voz me chamou e eu abri os olhos vendo Logan parado me olhando pela janela do carro.

"Abre." Ele apontou para porta e eu obedeci.

Quando abri ele me puxou pra sair um pouco do carro. Meu corpo estava metade pra fora e seu corpo estava no meio das minhas pernas. Logan estava me abraçando forte e desesperado, sua cabeça em meu ombro.

"O que aconteceu meu anjo?" Ele tirou sua cabeça do conforto do meu ombro e me olhou nos olhos, sua mão acariciando meu cabelo enquanto a outra enxugava algumas lágrimas.

Nunca tinha visto Logan tão atencioso, talvez seja a vida me mostrando algo. Eu poderia sentir pelo Logan o que sentia por Harry?

Me aproximei e meus lábios encostaram no dele, não teve língua, apenas lábio com lábio, um selinho.

"Íris..." Ele se afastou, mais suas mãos seguravam as minhas.

"Me desculpe eu... eu não sei no que estava pensando." Olhei pra nossas mãos entrelaçadas.

"Não precisa pedir desculpas por isso, só não quero que faça isso por tentar suavizar o que está passando. Me beijar não vai ajudar." Logan se desfez do entrelaço, suas mãos foram colocados no meu rosto, erguendo para ficar cara a cara com ele.

"O que aconteceu?" Ele acariciou minha bochecha com seus dedos.

"Eu... eu não consigo... eu não consigo falar." Engoli seco e senti o nó em minha garganta.

"Tudo bem, calma, respira." Ele respirou fundo pra me mostrar e eu o acompanhei. Respirei fundo por algum tempo enquanto ele ainda acariciava minhas bochechas.

"Mais calma?"

"Sim, obrigada." Lhe dei o único sorriso que eu conseguia e ele beijou minha testa.

"Vai pro outro banco e deixa que eu dirijo." Eu assenti e fui pro outro banco.

"Eu preciso... eu preciso contar algo pra Steve. Você... você pode ficar comigo?" O olhei enxugando algumas lágrimas e ele colocou sua mão na minha a apertando.

"Claro." Ele sorriu, um sorriso solidário e eu encostei minha cabeça no banco.