- O quê? – eu perguntei, assustada.
- Estou falando das noites solitárias no escuro do seu quarto, quando você se toca achando que ninguém sabe disso.
Foi como um soco no estômago.
Ele sabia? Como ele sabia?!
Eu finalmente entendi a tal sensação de querer que o chão se abra e te engula de tanta vergonha que você sente.
Sempre pensei que a expressão fosse meio exagerada. Mas não, não era.
O fato de Froy saber daquilo estava me fazendo querer morrer. Sempre pensei que era discreta o suficiente, silenciosa o suficiente... Mas o que ele dissera não era nenhuma mentira.
Eu realmente... “Me tocava”. E me envergonhava um pouco disso. Mas uma garota tem necessidades, principalmente quando não tem um namorado há mais de um ano e o meio-irmão incrivelmente gostoso dorme há uma porta de distância.
Há algo extremamente erótico em ceder à tentação sabendo que o objeto de suas fantasias está separado de você por apenas uma parede. E que se aquela parede não existisse, estariam no mesmo quarto... Era o tipo de pensamento que fazia meus hormônios enlouquecerem, mesmo agora. Oh, eu estava sim envergonhada, mortificada.
Mas ao mesmo tempo, uma parte de mim estava se excitando com o pensamento. Ele sabia. Sabia o que eu fazia durante as noites enquanto pensava nele. A onda de desejo que eu senti então apenas piorou minha vergonha.
Céus, eu sou depravada.
- Você sabe? – eu perguntei, antes que pudesse me deter, e odiando a mim mesma em seguida. Não, Elle, ele não sabe. O que ele disse não passou de um truque da sua imaginação.
Pelo visto, além de depravada eu sou bem burra também.
- Sei o quê? – ele perguntou, sorrindo sarcástico, visivelmente adorando minha pergunta idiota – Que toda noite você se deita na sua cama, morde o seu travesseiro, levanta sua camisolinha azul e escorrega sua mão para dentro daquela calcinha minúscula?
- Você viu? – eu reformulei minha pergunta, me sentindo ainda mais mortificada. Uma coisa era pensar que ele sabia por ter me escutado. Outra bem diferente era saber que ele havia me visto. Mas como, se eu sempre me certificava de que a porta estava fechada?
- Não me olha assim. – ele respondeu, o sorriso murchando frente ao meu olhar apavorado. Ele desviou os olhos, encarando fixamente o chão, sua postura mudando para a de alguém constrangido.
Quando ele voltou a falar, seu tom dedurava seu nervosismo – Você não pode me culpar, ok? Eu sou homem, porra. Com uma garota gostosa se masturbando no quarto ao lado, o que você queria que eu fizesse? Eu tinha que escutar seus gemidinhos abafados toda noite sem poder fazer nada quanto a isso. E céus, aqueles sons... Você insiste em fazer esses barulhinhos deliciosos e eu tinha que ficar só imaginando. Já não dormia direito há semanas quando finalmente não agüentei mais. Eu precisava... Ver... Eu fui até o seu quarto, abri um pouco a porta, mas você estava entretida demais para reparar. E depois disso eu não consegui mais parar. Não importa o quanto eu tente me controlar, toda noite eu abro uma fresta da sua porta e fico ali, me torturando.